quinta-feira, janeiro 31, 2008

Ah e tal está névueíru.

Isto foi o que disse conforme aquele vulto se ergueu do nevoeiro. Era grande, tão grande e majestoso como 368 lápis de cera e igualmente colorido. Arrastava uma enorme saca de batatas que mastigava e depois cuspia como se fossem balas de canhão. Estava desfigurado, a sua cara tinha chupa-chupas em vez de cabelos, alhos franceses em vez de dentes e a sua cara feita que nem uma shimpa-o-mix com as pepitas de chocolate como borbulhas. A aterradora imagem avançou sobre mim com um rugido monstruoso e um bafo aquelas salsichas que servem no Campo Pequeno e disse.

- Vou-me roçar em ti que nem o mostrengo se roçou nas velas das naus!

O bafo atordoo-me, de facto, sabia que não podia enfrentar aquela monstruosidade em campo aberto e directamente. A sua cara repugnava-me e o seu hálito quase me fazia perder os sentidos. Desviei-me de duas batatas e do seu punho, de seguida saltando por uma janela, mesmo como num filme de acção.

- Sua meretriz de meia-leca! – Rugiu a besta. - Vou-te mandar com umas batatas nesse focinho e mastigar-te os ossos! E guardar a cabeça para te continuar a cuspir coisas.
- Vais ter de me apanhar primeiro, esfolar-me e deitar-me leite em cima antes que isso aconteça.

Comecei a fugir pela rua fora enquanto a besta urrou furiosamente. Só olhei para trás quando ouvi um grande estrondo, a enorme criatura tentava passar pela mesma janela que eu me tinha lançado, mas claramente era demasiado pequena para ela. Agradeci aos Deuses e aos Diabos por esse sopro de sorte e enfiei-me no beco mais estreito e escuro que encontrei.
Era noite cerrada, nem a lua e as estrelas iluminavam a cidade e as sombras estranhas misturadas com o ruído da besta tornavam a ténue luz da rua assustadora, pareciam pequenos gnomos com ancinhos que perseguiam-me incessantemente gritando “quero os meus nabos de volta!”, não devia ter roubado os nabos para aquela sopa mas por acaso a sopa estava bem boa.
Vi o enorme vulto da besta a passar em minha frente. Aqui nas sombras, parecia não ter reparado em mim, mas não podia abusar da sorte mais tarde ou mais cedo ele iria sentir o meu cheiro, tinha de o disfarçar com algo. Em frente onde me tinha sentado estava uma porta, com uma luz ténue que penetrava vagamente pela escuridão e alguém á frente. Aproximei-me e dirigi-lhe a palavra.

- Boas noites.
- Boas noites aqui? Não, aqui não há disso, apenas o podre cheiro do chocolate. – Disse a mulher que se encontrava á porta com uma voz debilitada.
- Chocolate, mas chocolate não tem cheiro podre?
- Não te enganes criatura! Eu sei bem do que falo, o nojo e a tristeza deste mundo são criados pelo chocolate. – A mulher falava com uma voz arranhada, como se possessa por fúria. Eu já me fartava desta lengalenga portanto entrei pela porta.

O som de metal entrou pelos meus ouvidos que nem pénis a entrar por uma rapariga sedenta de sexo, sim, gemi de prazer. Não entrava neste bar á um bom tempo, não mostrava a minha presença física a ninguém á um bom tempo e não podia deixar de admitir que esta reconexão com a sociedade. Sentei-me no meu local habitual e senti-me em casa, o cheiro a velas queimadas e cerveja inundou-me as narinas, se isto fosse carnal eu gritava e gemia como se maquinas me dilacerassem…
Mas não podia perder-me em pensamentos completamente fúteis, a minha vida estava em risco e eu aqui a aproveitar de sensações físicas, ás vezes o ridículo ficava-me bem. Tinha intenção de comprar uma cerveja quando de repente um indivíduo alto de longos cabelos encaracolados e óculos de sol aborda-me.

- Ora bem! A tua falta por estas paragens foi sentida! – Disse o homem com um largo sorriso.
- Não sei se foi sentida ou não, mas o que é que isso importa a si? – Questionei com alguma dúvida em relação aquela personagem.
- Muito, de facto, é que sabe, eu…
- Espera lá, não és o Lunático?
- Não! Não!! Que ideia é essa… ahah!... Ah… eu sou... Quer dizer, o meu nome é… ahmm… Amílcar, ahmmm Amílcar Dionísio – Disse o suposto Dionísio, tentando esconder-se por detrás dos óculos. - E tenho uma graaaaave e aterrorizadora mensagem para si!!! Buuuh!! Terror!
- E qual é? – Interroguei
- Sopa de alho francês é boa como entrada para um bacalhau á lagareiro. – Anunciou de seguida quedando-se em silencio.
- Só isso? – Sinceramente esperava por algo mais não só um palpite culinário.
- Sim só isso. – Por mais um momento Amílcar continuou em silencio com o seu olhar satisfeito por detrás daqueles óculos escuros até que como se atacado por um taser deu um enorme pulo e gritou apontado para a direita. – Tenho de ir ali.

Livre deste falso Messias levantei-me rapidamente e pedi uma caneca de meio litro de cerveja, bebi um terço e despejei o resto em cima de mim. Comigo e com a roupa a pingar aquela doce bebida douirada voltei para a rua, as conversas que tinha tido agora, que apesar de não terem sentido nenhum, inspiraram-me para voltar á caçada.
Respirei o a gélido da noite, senti o nevoeiro a entrar-me pelas vias respiratórios. Tossi e depois tirei um pouco de saliva que tinha caído para a roupa. Mas de repente sem aviso, o rugido ensurdecedor, o bafo a salsichas e uma mão enorme com uma luva feita de serapilheira bateu-me nas costas e lançou-me contra a parede. Levantei-me com custo conforme tijolos caiam em cima de mim.

- Vou-te meter uma batata pela boca a dentro e fazer de ti puré de batata! – Gritou e em seguida rugiu, fazendo-me sentir pedaços da sua saliva a tocarem-me no rosto.

Peguei num dos tijolos que tinham caído em cima de mim e meti toda a minha fúria nele. Arremessei-o contra a besta, que nem teve tempo para reagir. O tijolo raspou-lhe na cara arrancando-lhe um bom pedaço de bolacha e algumas pepitas de chocolate. Ele agarrou-se á sua frita e guinchou de agonia, algo que me fez instintivamente gritar-lhe uma frase para parecer bádearse.

- Mete leite nisso! – Após ter gritado, a frase pareceu-me estupidamente ridícula.

A criatura nem teve tempo de se sentir magoada com a brincadeira pós meteu logo outra batata na boca cuspindo-a. Desviei-me á distância de uma unha rebolando pelo chão, mas antes de eu voltar a ganhar balanço, o enorme colosso lançou-se sobre mim de ombro. Embateu em mim e a única coisa que senti foi a parede atrás de mim á quebrar conforme entravamos dentro do edifício. Já sem força, a criatura encostou-me contra a parede oposta de onde tínhamos entrado. Ficamos olhos nos olhos, ambos respirando ofegantemente, cada um contemplado o seu adversário durante breves segundos. Eu sabia que tinha de agir e então sem pensar no que faria, peguei num alho francês que servia de dentição ao monstro e quebrei-o. Ele afastou-se logo e lançou um sôfrego ganido. Rapidamente corri pelos seus braços, grossos como troncos de árvores e saltei para cima da cabeça onde arranquei um punhado de chupa-chupas. Dando um mortal para trás, lancei-os contra as costas do meu inimigo que lhe ficaram cravados lá. A monstruosidade soltou outro rugido sentido a dor aguda de chupa-chupas a cravarem-se nas suas costas.

- Vamos acabar com isto. Não és adversário á minha altura! – Berrei com todo o ar dos meus pulmões.
- Achas mesmo? – Bramiu a criatura enquanto se ria – Tu ainda não me fizeste mais nada do que me arranhar gatinha! Muahahah irei arrancar-te o cérebro e comer-te a pele.
- Diz-me! O que vais fazer mais? – Perguntei enquanto uma pequena chama se formava na minha mão, atirar-me com mais batatas ou caramelos para me colares?

Sem resposta e sem aviso a criatura virou-se e lançou-me o saco de batatas. Muitas atingiram-me deixando más nódoas negras, mas mesmo assim consegui-me esquivar para trás de uma máquina estranha.

- Onde estás, lagarta? Onde estás para eu te arrancar as penas?
Este gajo já não está a fazer sentido, pensei eu tentando superar a dor, recuperar o folgo e fazer o mínimo barulho possível. No entanto as minhas tentativas de me manter em silencio falharam pois duas mãos envolveram a maquina onde eu me escondia e arrancaram-na do chão levantando-a acima da cabeça. Estremeci ao ver aquela força e o sorriso nefasto daquela criatura.

- Vou-te esmagar lagarta! – Disse o monstro com o seu sorriso triunfante.

Se tivesse fechado os olhos neste momento, não teria sentido medo, mas no entanto, o medo deu-me o meu último movimento desesperado. Na máquina a frase “Sopa de Alho Francês” estava por cima de uma enorme torneira. Ganhei força nas pernas e saltei outra vez para cima da cabeça do monstro, arranquei-lhe um chupa e meti-o na boca, peguei na torneira e rodei ao máximo, a sopa começou a escorrer, caindo em cima do monstro e para meu espanto ele gritou em dor, senti as suas forças a mirrarem conforme o seu corpo colossal começava a oscilar com o meu peso e o do contentor. Saltei de cima dele e num ultimo desesperado ataque ele tenta lançar o contentor para cima de mim. Este cai a centímetros de mim. Em pânico sem qualquer força restante, a criatura lançou-se numa correria desesperada e sem sentido, berrando e chorando. Eu limitei-me a recuperar o folgo e voltar para o bar, de volta lá dentro a sensação de bem estar envolveu-me as dores corriam-me o corpo, mas nada importava desde que uma boa bebida estivesse á minha frente. Senti-me, relaxei, isto sim era boa vida, apenas tive mais uma pequena interrupção mas até essa me deu um sorriso na cara.

- Ah! Estás viva, o que andaste a fazer hoje Cassandra? – Perguntou o Varg
- Eh, nada de especial, lutar e ridicularizar lendas Portuguesas encharcar-me em cerveja, foi bem bom.

Entretanto, longe, bem longe, em Alcácer Quibir a besta restabelecia as suas forças com sopa de feijão, cada colher dava-lhe mais força e fúria, em breve, muito em breve, esta luta iria recomeçar.

sábado, janeiro 05, 2008

Fé versus esquizofrenia

Desde pequena sempre ouvi toda a gente dizer que ia cumprir promessas a Fátima e tal (leia-se gastar dinheiro em velas que ao derreterem dão origem a outras e dão dinheiro à igreja,também se faz figuras tristes como andar de joelhos para que alguém querido melhore de uma doença, por exemplo, mas leva-se a vida a tentar "lixar os outros" e já agora também se passa o ano inteiro a fazer "desporto de sofá" e dia 13 de Maio lá decidem caminhar para ver a tal Santa...), tudo isto pela fé!!!


Mas fé em quê?



Bem aquele luxo todo que há nas igrejas que serve certamente para alimentar os "pobrezinhos" veio por milagre, certo?!



E já agora, será que os três pastorinhos viram mesmo Fátima?



Bem, a minha teoria aponta para um diagnóstico de esquizofrenia, pois esta não só se manifesta inicialmente na adolescência como tem como sintomas alucinações visuais e auditivas e numa cultura com base na religião católica tal coisa foi fácilmente aceite. Isto parece-me delirante!!!


Eles eram esquizofrénicos!!!



A outra opção, é que a pastorinha inventou isto tudo para os pais a deixarem ir para freira e esta não ter que casar com o homem mais velho e rico que lhe estava prometido...


Por isso já sabem, se virem
Deus ou algo assim, ou ele existe (cof cof), ou então caso os sintomas persistam por um período de um mês com estes sinais de perturbação durante pelo menos 6 meses comecem a ver/rever "Uma mente brilhante" para saberem o que vos pode vir a ser semelhante!





God bless you!


Anuket*