domingo, novembro 28, 2004

Alvos a Abater

Nesta semana tive a infeliz ocasião de fazer inimigos no manicómio.
Tudo decorreu enquanto a Manuela e o Anselmo jogavam Poker na tarde de sábado. Enquanto todos assistíamos, dois indivíduos de cabelo loiro e com ar de quem quer gozar com outras pessoas aproximaram-se. Após muitas risadas, tocaram-me no braço e, depois de me virar, fingiram que não foram eles. Encolhi os ombros e voltei-me. Pude reparar que se riam às gargalhadas por aquilo. Não percebendo muito bem o sentido de humor deles, virei-me para eles e perguntei-lhes:
- Esclareçam-me, onde é que está a pia… Hey! Vocês estão a ter Matemática e Física na minha turma, não é?
- Olha, ‘tás a ver como és esperto!
- Então, o que fazem aqui? Não me digam que me seguiram até ao manicómio só para me tocarem no braço e fingirem que não foram vocês?
- Nah! Nós temos mais que fazer. Só ‘tamos aqui porque fomos internados ainda hoje.
- Também enlouqueceram?
- Yá. Eu tenho problemas psicológicos por não ter graça alguma, apesar de tentar. - admitiu o de cabelos curtos.
- Então e tu?
O outro, de cabelos um pouco maiores, ficou um bocado envergonhado mas, após uns segundos, disse:
- Estou traumatizado porque o Fábio recusou manter um relacionamento comigo. Disse que a do Tó Zé era maior…
- Uh?! És gay?! - disse eu repugnado, começando a fugir deles.
- Ahah! ‘Tás a fugir, seu cobardolas!
Do outro lado da sala, atrás de um monitor, pude assistir à conversa deles sem ser notado.
- Onde é que ele se terá metido?
- Ah, deixa lá, Tiago Perito. Quando o virmos tu espanca-lo.
- Ok, João. ‘Bora… Eu espanco-o? Não me vais ajudar a dar tareia nele?
- Eu…? Sim, vou. Quer dizer, vou se não tiver algo mais importante para fazer no momento… como por exemplo… mudar de meias.
- Hmm, ok. Ainda bem que posso contar contigo, amigo. - disse o Perito, pondo o braço à volta do pescoço do João.
- Ok, ‘tá bem… - respondeu ele, tentando se afastar do seu colega, devido ao seu súbito estranho comportamento.
- Volta aqui, amigão! Nunca te disseram que tinhas umas sobrancelhas muito sexys?
E lá desapareceram eles da sala, indo o Tiago Perito a correr atrás do João que fugia desesperadamente. Saí de trás do monitor ao ver que eles deviam estar longe.
- Livra! Que alhada onde me fui meter! - suspirei, encaminhando-me para a mesa onde Anselmo e Manuela ainda jogavam. Felizmente, cheguei mesmo antes de acabarem a partida. Depois de uma jogada incrível, Anselmo ganha os últimos pistachos à sua adversária, pondo-a furiosa:
- Tu é que devias ter ficado na penúria… - dizia ela, com as duas mãos na testa, em atitude de desespero.
- Como será o sabor da casca de pistacho - questionou-se Anselmo, ignorando a amiga e aplicando uma forte trincadela numa casca, arrependendo-se logo de seguida.
- Se eu deixei todo o país na miséria, não és tu que te safarás! - afirmou convictamente Manuela, roubando todos os pistachos dele e pondo-se a fugir.
- Hey! Enfermeiros! Parem-na! Ela roubou-me!!
- Ela roubou Portugal inteiro, meu amigo. No entanto não lhe podemos fazer nada. - disse um dos enfermeiros.

Já no domingo o dia foi diferente. Durante a manhã os enfermeiros levaram nos ao Intermarché. Enquanto todos tomavam o pequeno-almoço no bar, o Pinas (empregado do Inter) impede-me de sentar ao pé do pessoal do meu grupo.
- Não pode haver ajuntamentos!
- Ajuntamentos?
- Sim! Não se podem sentar mais de quatro pessoas por mesa.
- Mas aqui estão três…
- Não, não estão! Estão quatro cadeiras ocupadas!
- Mas isso é porque o Emplastro tem os pés em cima de outra…
- ‘Tás a insinuar que eu não sei contar?
- Eu não.
- Tu ‘tás a insinuar que eu não sei contar só por ser preto?!
- Hey! Eu não disse nada disso!
- Seu racista de merda! - exclamou Pinas, enquanto que tirava uma caçadeira do avental. Mas, como não tinha avental, limitou-se a expulsar-me berrando que nem um urso.
A tarde foi mais calma. Na realidade foi tão calma que os únicos acontecimentos dignos de registo foram a tentativa do Anselmo comer o sinal do Emplastro, de modo a ver se sabia ou não a chocolate. Claro está que o emplastro fugiu a sete pés ao ver o seu amigo com garfo, faca e um guardanapo preso nos colarinhos da camisola olhando estranhamente para ele. A Manuela, mais uma vez, mostrou que ainda tem o vício de roubar tudo o que vê para nos deixar na miséria. Desta vez tentou furtar a garrafa de água do Carlos Vitória, mas inutilmente, pois ele aplicou-lhe vários socos no estômago, pondo-a K.O.
Por volta das 21:00 fui chamado pelo Dr. Clemêncio. Depois de me sentar, ele perguntou-me calmamente:
- Então, Soares, sente-se melhor?
- Ah… Não.
- Hmm. Soube que saiu com a dita cuja na sexta.
- Sim, é verdade.
- E então? Diga-me o que sentiu.
- Senti… Senti que apesar de ela ser mesmo uma pita vestida de preto, tal como disse o Neoclipse uma vez, penso que gosto cada vez mais dessa pita… Isto não é normal!
- Calma. Diga-me uma coisa, você já sonhou alguma vez com ela?
- Não… Ok, na realidade já sonhei com ela algumas vezes.
- Qual foi a última vez?
- Hmmm… De sexta para sábado. Não me lembro ao certo dos sonhos, mas sei dizer que me senti muito bem neles. - admiti eu, deixando descair a cabeça para a frente. - Eu não me estou a sentir bem…
- Jovem. Eu continuo sem perceber qual é o problema. Porque não admite logo que está apaixonado pela moça?
- Porque não estou.
- Está sim! Você não quer é acreditar que está, por pensar que não tem hipóteses com ela.
Ao ouvir esta frase olhei directamente para o médico. Aquela frase, apesar de tudo, fazia todo o sentido.
- Qual é o problema mesmo? Auto-estima? A rapariga está comprometida?
- Auto-estima e ela gosta de um tal de Louis.
- Sente inveja dele?
- Não! Bem… por falar nisso, tenho de ir ali fazer uma coisa. – disse eu tirando uma Sniper Rifle (desta vez real, comprei-a nos Chineses) de dentro do casaco e saindo do gabinete do Dr. Clemêncio. Mas não obtive sucesso, pois apareceu uma horda de enfermeiros que me desarmaram e me arrastaram para o meu quarto.
Lá ocorreu-me a ideia de fazer uma lista negra. Nela estão presentes até então quatro indivíduos:
1- João Com a Mania Que Tem Piada;
2- Tiago Perito;
3- Pinas;
4- Louis.
Estes são os meus alvos a abater. Quando recuperar a minha Sniper Rifle garanto que nenhum dos quatro se safará. Palavra de Anti-escuteiros!

Ass.: Lunático

quarta-feira, novembro 24, 2004

O cão que queria ser gato(Interrompido)

Era uma noite em que caía chuva, uma chuva que não tocava no chão pois ela tinha medo desse mesmo e evaporava-se antes de tocar no chão, o vento assobiava como um pássaro a miar enquanto era esganado por um cão enraivecido pelo gozo que uma avestruz tinha feito para com ele, o cão claro que zangado vagueou pela rua negra que sem luz o encadeava, por causa dos pirilampos assassinos que se banqueteavam na carne do gato que assobiava como um pássaro mas não neste momento porque ele jazia morto com as orbitas a rebolarem pela estrada, que agora um pouco clara pois os pirilampos emitiam luz por estarem satisfeitos com o seu festim, o cão que sentiu uma súbita comichão na cabeça, não se coçou e continuou a andar pela rua, que eu já não tenho a certeza se está escura pois eu não sei a intensidade dos pirilampos, ele continuou a andar pela rua até que um carro em alta velocidade atropela-o e para logo de seguida, nesse momento aparece uma mulher a dizer

Mulher: é isto que querem que aconteça aos seus animais? no tempo de ferias centenas de cães e gatos são abandonados...

Antes que ela pudesse acabar a frase, a porta do carro abre-se e uma figura toda coberta de preto sai do carro, toca no ombro da mulher e ao fazer isso a mulher caí no chão sem vida, de seguida a figura enigmática pega num pulverizador de veneno para insectos e borrifa os pirilampos, até estes morrem, depois disso mete-se no carro, conduz até o sitio onde estava a avestruz que tinha gozado com o cão e com uma pressão de ar dá-lhe sete tiros e um oitavo só para confirmar se estava mesmo morta, sem hesitação e chocado com a cena eu digo:

Midd: Morte, o que raio é que estás a fazer eu tou a tentar escrever um post?
Morte: o que eu estou a fazer? Estou a salvar-te o post isso é o que te estou a fazer!
Midd: a salvar-me o... que raio é que estás a dizer?
Morte: Não tinha piada, estavas a fazer uma mistura esquisita entre descrição e estupidez, mais valia dizeres “Olha” por nenhuma razão que tinhas mais piada do que continuares a escrever aquilo!
Midd: o que raio é que estás a falar? Aquilo estava a sair muito bem!
Morte: yah claro, uma avestruz que gozou com um cão por ele ser cão? Isso é muito giro claro, é quase tão giro quanto os “malucos do ciso”.
Midd: Tu viestes mesmo para me chatear não foi?
Morte: eu chatear-te? Epah nós só não queremos é que tu faças uma má qualidade de post caraças! Será que não compreendes isso?
Midd: nós quem? Quem é que está mais metido nisto?
Morte: ora bem, a maçã, a gorrinho vermelho, o CC, o silva...
Midd(interrompendo-o): o silva?!?! Quando é que vocês falaram disto?
Morte: mesmo agora ele mandou-me encostar e disse para eu esperar que ele ia espancar o próximo condutor que ele manda-se parar até a mim.
Midd: e vocês estiveram a falar disso? Não vejo razão nenhuma, este post até ia ter a sua piada.
Morte: já discuti-mos isso, a Anti-Crista já falou demasiado mal do gato e do cão, agora tu queres ainda falar mais? Deves estar a tomar drogas.
Midd: estas a acusar-me de que?? Hmm?? Não tens razão para pensar que eu ando metido nas drogas!!
Morte: não é isso o que eu quero dizer! Só estou a dizer, que isto era um post que não ia ter piada nenhuma pah.
Midd: e matas-me as personagens todas por causa disso?! Mas o que é que tu tens na cabeça?
Morte: algo morto! Pensei que já sabias isso, porra tu andas a ficar cada vez mais apanhado da mioleira, já pareces parvo
Midd: Não, parvo é o SSS
Morte: Não, ele agora é Lunático, já não é parvo.
Midd: quem disse??
Morte: ele
Midd: ai disse? Acho que não me recordo.
Morte: vai ver o ultimo post dele que está lá tudo.
Midd: pronto, ainda bem que esclarece-mos isso, eu não quero ter ele depois a chatear-me por causa disto.
Morte: não tentes fugir ao assunto, o facto é que os teus post’s estão a descer de qualidade muito rapidamente e nós recusamo-nos a participar em obras de tão má qualidade.
Midd: mas má qualidade como? Tu nem sabias o que eu ia escrever!
Morte: não sabia o que? Pensas que eu não sei o que vai por essa cabeça?
Midd: não sabes, não!
Morte: olha que sei!
Midd: não sabes, não!
Morte: olha que sei!
Midd: Mas sabes o que? Queres levar isto lá para fora?
Morte: Vês o que eu te digo! Nós já estamos cá fora! A tua cabeça está a ficar pior.
Midd: quem o diz é quem o é!
Morte: não sejas criança
Midd: quem o diz é quem o é!
Morte: eu sou um espelho, tudo o que tu dizes reflecte-se para ti!
Midd: AH agora tu é que estas a ser criança!
Morte: Tinhas de me lixar!
Midd: estas a ver! Tu não consegues ter razão!
Morte: epah, eu não queria chegar a este extremo, mas acho que vai ser preciso.
Midd: que extremo? O que vais fazer?
Morte(pegando numa placa): vou fazer greve!
Midd: porquê?
Morte: porque estamos com qualidade de post’s muito baixa!
Midd: tu estás a gozar comigo.
Morte: Greve abaixo, a repressão! A má qualidade de post’s! E os sumos de soja que não sabem a soja!
Midd: Bah, eu consigo passar bem sozinho!!

Pois consigo, duvidam que não, eu não sou como aquela gaja que tem de andar rodeada de sete anões, porra e depois dizem que não é um filme pornográfico, sete anões e uma gaja, o que querem mais??? E ninguém me convence que o príncipe não a violou, porra ela a dormir completamente indefesa e o gajo só vai-lhe dar um beijo, ainda por cima, como é que ele pode ter pensado como dizem na historia que ela estava morta?? Ele deve ter pensado, “ora ela está morta, mas tá tão bonita acho que lhe vou dar um beijo”, para alem de ter sido contra a vontade dela(Violação), ele profanou um suposto cadáver(Necrofilia), como é que não apareceu ali um PJ e meteu-o de cana? Mas se ele soubesse que ela estava a dormir, eu acho que só um beijo não a ia acordar, era preciso algo mais violento algo como...

Morte: JÁ ESTAS A PERDER A PIADA OUTRA VEZ CRL!!!
Midd: o que???
Morte: essa coisa a gozar com a branca de neves e os sete anões! Isso já foi usado de mais.
Midd: como é que??
Morte: Eu sou a morte, eu faço coisas maravilhosas.
Midd: ler-me a mente? Maravilhoso?
Morte: Não... já estas a desviar-te do assunto!
Midd: porra lá estás tu a chatear com desviar do assunto e perder piada.
Abutre: Tu sabes que ele tem razão.
Midd: Tu tambem aqui?!?! – Exclamo eu em choque.
Abutre: Yah, eu tu vistes o ultimo post em que eu entrei? Não teve piada nenhuma.
Morte: yah, esse foi mesmo seco, porra mais seco que “O meu XiXi” ou que “O intervalo”.
Abutre: pois é rapaz, tu estas a perder o jeito.
Midd: epah, para tua informação ha ali um posto da PJ e ha montes de gajas de farda.
Abutre(com um ar rebarbado): Ai há, pera que eu vou já ver. – Ele para a meio caminho e virando-se para trás diz – Já me ias enganando outra vez, Como é que tu te atreves a usar um golpe tão baixo. – Enquanto isto a morte agarrava-se a barriga a rir.
Midd: golpe baixo nada, vocês é que não me param de chatear com eu estar a perder a piada.
Abutre(Enquanto a morte encontrava-se no chão a rir-se): e estão, pergunta a qualquer um dos imperialistas.
Morte(Por entre risos e ainda a rebolar no chão): é verdade... pergunta.... excepto ao NZL que esse.... pronto....
Midd: yah vou perguntar!

Converça com o Ex-SSS o Lunático
Midd:
os meus post's tão a perder piada?
Midd:
responde sinceramente que a morte está a perguntar
Lunático:
eu não acho
Lunático:
pelo contrário

Conversa com o NZL´

Midd:
responde-me sinceramente, os meus post's estão a perder a piada?
...
...
...
...
...
...

Abutre: AH, o silencio dele diz tudo!!!
Morte: e o Lunático deixou de ser parvo mas ainda o é!
Midd: Epah, vocês estão é com problemas de cabeça
Abutre: o que? ESTAS A CHAMAR-ME O QUE? AHMMM CABEÇUDO??
Morte: não vás, por ai, não comeces com essa merda ou vais-me obrigar a tocar-te
Abutre: O que? estas a gozar comigo?
Morte: Não, eu não sou como o NZL, é que eu sei que ninguém me vai agarrar.
Midd: Abutre, vai mas é para a tropa.
Abutre: ahhh gajas da marinha, ahhh fardas, aaahhhh ohhhhhh.
Morte: metes-me nojo
Midd: vamos fazer assim, deixam-me fazer uns post’s no meu novo blog e eu fasso algo decente com esta conversa
Morte: yah pois, já estas a prometer o da Succubus, muita conversa, muita conversa, MAS EU AINDA NÃO VI SUCCUBUS NENHUMA.
Midd: a vida anda dificil.
Morte: pois, eu ouvi que andas mal, em principio sofres de...
Midd: nem digas, ou eu espeto-te um dedo nas tuas orbitas.
Morte: eu espero que saibas que isso é muito disconfortante. – Nesse momento o Abutre acorda da sua fantasia e começa a por os dedos nas orbitas da caveira da morte.
Abutre: ai é assim tão chato. – Enquanto fazia isso a Morte da lhe com o cabo da foice no meio das pernas e depois com a outra extremidade, bate-lhe na cabeça deixando-o inconsciente no chão.
Morte: pronto este já não chateia mais por agora.
Midd: se for antes do da succubus que eu faça algo decente desta conversa.
Morte: não es capaz, não os tens para isso.
Midd: estas a chamar-me capado é???
Morte: não, estava a dizer que não tens dedos para escrever a historia.
Midd: tenho! tenho!
Morte: mas quando fores escrever vão estar demasiado frios e se tu tentares escrever esta historia até ao fim vais ficar sem eles
Midd: então não a escrevo até ao fim.
Morte: e o que vais fazer? Cortar a historia a metade? Eu já disse tu não vais conse...

Fim

Ass:Midd

domingo, novembro 21, 2004

Internamento no Manicómio

Internamento

Hoje, dia 21 de Novembro, eu (Filipe, SSS) fui internado definitivamente num hospício. Perto das 14:13 chegou uma carrinha branca à minha casa de onde saíram dois homens vestidos também de branco e um marsupial com fato de macaco. Enquanto os dois homens me vestiam uma camisa-de-forças o marsupial dançava e apontava para mim dizendo:
- Bahaha! Vais ser internado! És maluquinho!
Vendo que só podia ser uma alucinação, imaginei que uma mina estivesse por baixo do tapete. Escusado será dizer que ele pisou a mina e foi com os ursos, o que me fez dar uma gargalhada maldosa. Os homens entreolharam-se com cara de assustados vendo me rir daquela maneira sem razão aparente para eles.
Já dentro do hospício, pude averiguar que não era o único jovem com problemas mentais, pois estavam dois adolescentes com os seus 16/ 17 anos a esfaquearem um manual de matemática. Os dois homens que me tinham trazido tiraram-me a camisa-de-forças e pediram-me para esperar ali. Um grupo que estava falando a um canto da sala, ao se aperceber da minha presença, veio ter comigo.
- És novo aqui, não és? – pergunta-me um indivíduo aproximadamente da minha idade com o braço esquerdo ligado.
- Sim, sou.
- Queres pertencer ao nosso grupo de loucos famosos?
- Eu não sou famoso…
- Não? Então tu não és aquele gajo que enlouqueceu por causa da…
- Sou. Como é que sabem?
- Toda a gente sabe! Tu és conhecido por isso! Mas então, queres pertencer ao nosso grupo ou não?
- Ok, pode ser. É melhor arranjar amigos aqui, pois acho que vou por cá ficar durante muito tempo.
- Óptimo! Eu sou o Anselmo Curioso, esta aqui é a Manuela Ferreira Leite e o do sinal na cara é o Guido, mais conhecido por Emplastro.
- Hmm, desculpa lá, mas eu nunca ouvi falar de ti, oh Anselmo.
- Impossível! - interveio a Manuela - A curiosidade sem limites do Anselmo é conhecida em todo o Mundo.
- Curiosidade?
- Sim, ele até queimou a braço só para saber se a gasolina apagava o fogo ou não.
- Eheh! Acontece… Já agora, Filipe, conta lá aqui à gente: ela é alguma coisa de especial? - pergunta Anselmo.
- Ela quem?... Ah, ela… Ahm… Hmm… Eh pá, realmente…
- Ouvi dizer a cara dela é parecida com um traseiro de burro. - admitiu Anselmo, rindo de seguida.
- Olha, nunca te questionaste o que aqueles tipos fariam se lhes tirasses o livro e encostasses ao peito? - disse eu, apontando para os jovens que continuavam a esfaquear os restos do manual de matemática.
Anselmo, movido pela curiosidade que a minha questão lhe causara, fez exactamente o que lhe tinha sugerido. É óbvio que não regressou em bom estado.
Porém, não tive mais hipóteses de dialogar com ele pois uma enfermeira pediu-me para ir com ela ao gabinete do doutor Clemêncio. Ao entrar no seu gabinete, reparei que estava um esquilo gigante a tentar decapitar o doutor pelas costas com um machado. Nesse momento fui obrigado a tirar a minha Kalashnikov imaginária do bolso do meu casaco (é por isso que ando quase sempre de casaco) e alvejei o esquilo até à morte. O doutor Clemêncio franziu o sobrolho ao me ver fazer aquilo e deu uma vista de olhos num dossier, que devia ser um relatório sobre o meu estado psicológico.
- Filipe Soares - disse ele, dando-me um aperto de mão - que ventos o trazem até aqui?
- Como o doutor deve saber, estou enlouquecendo.
- Tem a certeza? A mim simplesmente parece-me um jovem apaixonado…
- Que mata esquilos gigantes com metralhadoras inexistentes?
- Ok, um jovem apaixonado com alguns problemas a nível psicológico.
- Eu não estou apaixonado!
- Não? Não é o que consta aqui…
- Deve estar errado! Eu fui muito claro ao dizer que simplesmente não conseguia parar de pensar nela. Para dizer a verdade, o meu problema é todos os meus pensamentos, mas todos mesmo, irem dar a ela, porque os esquilos e marsupiais imaginários sempre me incomodaram desde pequeno.
- Todos os pensamentos? Se eu lhe disser “pantera negra”, em que você acaba por pensar?
- Pêlo preto, roupa preta, C…
- Ok. - disse ele, rabiscando algo numa folha - E se lhe falar em “Sporting”?
- Rival do Benfica, vermelho, Michelle que por acaso o seu primeiro nome é…
- Hmmm… E “desenhos animados”?
- Anime, desenho que o Midd fez que por acaso até se parece com a…
- E “merda”?
- É a palavra que eu muitas vezes exclamo quando estou deprimido devido a…
- Ok, ok. Penso que já chega. Eu não quero lhe esconder nada, Soares. Você vai ter que ficar aqui durante uns tempos até isso lhe passar.
- Mas vão ser 24 horas por dia?
- Não. Você vai à escola e regressa para aqui depois de acabar. Diga-me uma coisa, como você se sente estando com a dita cuja?
- Pode parecer estranho, mas parece que me sinto “completo”. Os meus “demónios” adormecem durante o tempo que estou com ela e o resto do dia passa-se muito melhor.
- Tem a certeza que não é amor?
- Não pode! Eu mal a conheço, e mesmo que a conhecesse bem, no ano passado, pouco ou nada sabia dela e já sentia algo idêntico. Amor não pode ser!
- Ela demonstrou alguma vez interesse em si?
- Não, pelo contrário. Sinceramente, e um pouco ao contrário do que os meus colegas dizem, penso que o Dead Boi e o “amigo dos pseudo-skaters” têm mais hipóteses de conseguir alguma relação com ela do que eu.
- Hmmm. Vou lhe receitar isto. Tomará dois comprimidos depois das refeições. Terá que passar cá os dias, podendo ir só à escola. Teremos, inclusivamente, uma televisão, um telefone e um PC com ligação à Internet no seu quarto para não perder o contacto com o exterior.

Divulgação

Já no quarto onde irei dormir as próximas noites deste frio Inverno, contactei com o Filémon (chefe do meu gang) e com o presidente da ATFS (Associação de Todos os Filhos de Sam) através do Éme Ésse Éne:

Conversa com o Filémon

Macarroni, Guns and Money:
tu foste internado num manicómio????????????

Lunático:
sim, fui

Macarroni, Guns and Money:
quer dizer… logo agora que um gajo precisava de ti é que te lembras de enlouquecer…

Lunático:
precisava para quê? para conduzir um camião com pacotes de mousse de chocolate, ocultando-me que no seu interior têm diamantes

Macarroni, Guns and Money:
tás a insinuar que vos escondo os negócios?? seu cão traidor!! tás absolutamente despedido!!

Conversa com o presidente da ATFS

I choose the Devil’s path:
ena, que honra!! tens feito um grande trabalho desde que te juntaste a nós, SSS! agora, com o facto de teres enlouquecido só vai aumentar a nossa popularidade!!!!!!!!!

Lunático:
hein?

I choose the Devil’s path:
os melhores assassinos e intermediários do Demo são psicopatas! contigo internado vão todos pensar que somos mesmo a melhor associação de Sons of Sam!

I choose the Devil’s path:
finalmente iremos vencer a ATFSEOA!!!!!!!!!!!!

Lunático:
ATFSEOA?

I choose the Devil’s path:
Associação de Todos os Filhos de Sam Excepto os da Outra Associação

Lunático:
ah, ok! que interessante… bem vou bazar. depois a gente fala melhor

Conversa com o Midd

Mas, mesmo antes de me pôr offline, o fundador deste blog pergunta-me:

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
qual é a razão da loucura?

Lunático:
é... ahm.... a mudança de estação

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
ah pois claro

Lunático:
não foi muito credível esta resposta...

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
mesmo nada

Lunático:
para a próxima avisa que é para eu preparar uma resposta melhor, sff

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
então... qual é a razão?

Lunático:
tens de avisar primeiro

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
mas eu não quero que prepares a resposta... eu quero que digas o que se passa

Lunático:
a minha parvoíce está se a converter em loucura devido à exposição diária aos raios gama que contaminaram a quinta do bico

Lunático:
esta já foi mais convincente?

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
nop

Lunático:
raios! tenho de treinar isto

(…)

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
diz lá a razão?

Lunático:
hein? a razão do quê?

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
da loucura

Lunático:
ah é só para mudar de nick no imperialium...

Lunático:
já tava farto de ser o tri ésse

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
ok

Lunático:
ahah! esta foi convincente!!

I give my life to the withering leaves, to the bleeding moonlight:
yah era o que eu te ia dizer

Lunático:
agora a falar a sério, a razão vai ser postada

Conclusão

Tal como tinha dito ao Midd, aqui está o post que relata tudo sobre o meu internamento e sobre a minha loucura. Espero que o dia em que terei de mudar de nick novamente chegue rápido!
Bem, um bem-haja a todos os jovens loucos e não-loucos que passam pelo Imperialium assiduamente!

Ass.: Lunático

quarta-feira, novembro 17, 2004

EqF 2 – A lingua infernal

Para quem já leu o EqF 1 já sabe o que vem aí, para quem não leu preciso de clarificar umas coisas.
O que é um EqF?
Um EqF é uma criatura que faz exactamente o que o seu nome diz, que é Empata-quase-Fodas.

No EqF 1, foi-me divulgado que esta entidade trabalha para uma criatura de nome e apenas conhecido como Maligno-Mago-Magro-Rosado.

Mas desta vez a criatura era menos simpática e bastante mais diferente, aquela aterradora visão mal pode ser descrita em palavras.

Como qualquer jovem apaixonado, eu estava agarrado a minha namorada na troca de sentimentos e de beijos, os fluidos bocais eram trocados a velocidades estonteantes e claro que numa situação daquelas toda a gente está tudo menos preparada para uma interrupção, naquele bem estar e harmonia nunca ninguém podia notar o ligeiro ranger da porta, o suave abrir e aquele ser viscoso a deslizar pela porta, mas graças a não sei quem, os meus olhos visualizaram a criatura, ela parecia-se com uma lesma, lentamente deslizando pela pequena abertura da porta, vendo aquela cena nojenta grito:

Eu: Oh que caraças, será que não nos deixam em paz??
Criatura(falando com uma voz esquisita): lamento informar mas o mago maligno rosado não pretende desistir de te chatear!
Eu: pois se ele me quer chatear não seria melhor mandar alguém para me dar toques irritantes?
Criatura: nós pensamos nisso mas depois achámos que seria inconveniente estarem numa situação dessas e teres alguém a dar-te toquezinhos irritantes no ombro.
Eu: simpático
Criatura: Não sou nada simpático, por isso é que estou a interromper-vos – Diz a criatura com um certo tom de fúria.
Ela: ah, ele tem razão! Estão a ser bastante simpáticos em só chatearem assim.
Criatura(Enervada): Não estamos nada! XIU! Que ideia é essa de chamarem a um EqF completamente decadente, mau e nojento simpatico?!
Ela: oh cala-te! Antes isso que os toques!
Eu: ou antes isso que um EF
Criatura: Mas o que?! Mas?! Errrr... Parem de me rebaixar! Eu consigo ser tão mau como um EF.
Eu: bah, não te julgues assim tão mal, até que es simpatico.
Ela: yah! Ele tem razão, já chega teres esse problema de fala, não te aches pior do que ti mesmo.
Criatura: qual problema de fala? Eu só estou a falar assim porque tenho a minha lingua desse lado.
Eu: Heim?
Criatura: essa coisa viscosa e MIGHTY diabolica que está desse lado.
Eu: então porque é que não estás completamente deste lado?
Criatura: por razão nenhuma! – exclama atrapalhadamente. – é só para provar que só a minha lingua chega para vos derrotar!
Ela: aqui há gato.
Eu: ANTES GATO QUE URSO!
Criatura: AH, AH! A minha lingua é MIGHTY POWERFUL!
Eu: é? Anda não a vi a fazer nada.
Criatura: CALA-TE! Não tens direito de fazer troça do grande e poderoso EqF, Dandro!
Eu: Ai é Dandro.
Dandro: é Dandro sim! Porque? Tens problema? Olha que eu vou comer a gaja que o Filipe gosta só para te lixar!
Eu(enquanto folheio um livro): Yah tenho problemas! O que vais fazer?! Agora estás aqui, não vai poder comer a Fruta e estares aqui ao mesmo tempo!
Dandro: AH! Isso é que te enganas! Vou telefonar ao meu sósia para a ir comer enquanto eu estou aqui! MUAHAH I AM MIGHTY POWERFUL!

Enquanto a criatura está divertida a fazer o telefonema, eu procuro num livro que me foi entregue pelo meu amigo Morte, em que vinha com a descrição de todos os EqF, ao encontrar o Dandro deparo-me com a situação mais cómica que podia encontrar, uma criatura com muita parecenças com um Teletuby, mas com uma língua de tamanho descomunal, em conhecimento destes dados, decido testar mais a paciência da Criatura.

Dandro: Ah! Ficastes calado, já deves estar a tremer de medo.
Eu: Não estou nada! Estava era a ver uma imagem tua.
Dandro(visivelmente intimidado): e depois? Deves pensar que es muito mau comparado ao poderoso dandro!
Ela: com uma cara destas? Poderoso?
Dandro: Não gozes ou sentirás a minha fúria!
Eu: como? Eu sempre pensei que criaturas com caras destas eram privadas de fúria.
Ela: sem esquecer que a língua é a única coisa que tens de grande!
Por uns minutos o silencio invade aquele quarto, um terrível silencio, estão a ver daqueles que nem apetece mexer só para não o quebrar, ou então mandar qualquer coisa quebrável ao chão para romper aquele ambiente de tenção, exactamente um silencio desses, mas depois de um dois minutos disso, ela continua.

Ela: quer dizer, não tens garras, nem dentes, nem orelhas pontiagudas, daquelas coisas que metem medo.
Eu: Claro, coisas dessas, claro que sim, quer dizer, não, claro que não tens
Dandro: Mas pelo menos tenho uma língua enorme e extremamente POWERFUL!
Eu: ai é? Tanta conversa sobre essa lingua ser poderosa e eu ainda não vi nada!
Dandro: dá-me tempo de chegar ai! Eu já te mostro como é!

Os minutos passam, a lingua mal se mexe e a unica coisa que o EqF fazia era soltar gemidos de esforço enquanto tentava empurrar mais a lingua em nossa direcção, mas passado um bocado a lingua caí no chão e é rapidamente puxada para fora do quarto, a criatura com uma voz menos salivada mas com uma respiração ofegante diz:

Dandro: cansei-me!
Ela: não me digas, até parece que tivestes um encontro de 3º grau com uma Rita
Dandro: Cala-te! Não digas esse nome na minha presença, EU! SOU! O REI!
Eu: isso não é O Rei Leão?
Dandro: ups, pesso desculpa texto errado, ah cá está. – e com um tom satisfeito diz – Cala-te! Estraguei-vos o ambiente não estraguei?
Ela: raios! Ele tem razão
Dandro: agora que estão com o ambiente estragado, não querem vir para a sala ver a bola??
Ela: lá vai ter de ser – Virando-se para mim com um ar de chateada – vens?
Eu: já vou.

Quando ela sai do quarto eu deito-me e penso, porque é que estes EqF’s não me dão descanço? Porque é preciso omoletes para fazer ovos, porque é que os flamingos são rosa? será que há caça aos flamingos? Porque é que eu não tenho jeito com ganchos? Porque é que são sempre com ganchos? Porque raio é que inventaram uma bebida de soja para não saber a soja? Porque é que nos filmes todos há sempre um lugar escuro onde ninguém pode ir? Porque é que alguém não deu um tiro no macaco? Porque é que eu não sou feio, nem mais que feio, nem tenho a mania mas sou gótico? Porque é que a pita pensou que chamar-me gótico é um insulto? Porque é que eu não tinha uma usi comigo nesse momento? Porque é que eu estou a dizer isto tudo? Porque é que eu apanhei com três pedras na cabeça e não me esqueci das diferenças entre homem e mulher?(“Eu dou-te com o meu clitóris”), porque que eu não postei isto antes? Porque é que eu não me calo? Porque é que vocês ainda estão a ler? Não têm mais nada de jeito para fazer? Porque é que não arranjam um passatempo? Porque é que andam a perder o tempo a ler coisas destas? Porque é que depois de lerem isto tudo não vão comentar? Será que ainda estão a ler? Atrevo-me a pensar que não? Se ainda estiverem a ler porque é que estão a perder tempo com isto? Por que é que eu não me calo já? Eu não sei, mas será que vocês sabem a resposta?

Ass:Midd

Tivemos de sequestrar o Midd porque ele já tinha estado a muito tempo a prometer este post e nunca mais teve o trabalho de postar, para alem do mais quando agora está tudo escrito ele não parava de escrever, nós queria-mos ver o post, por isso tivemos de por um fim a isto, ele não nos pode fazer esperar mais, bem imperialistas, bom resto de dia e que Alá esteja covosco

Ass: Membro da Al-qaeda


domingo, novembro 14, 2004

Poema da Treta


Toda coberta de preto
Com o seu estilo pessoal
Encantou-me no primeiro dia que a vi
E que por acaso não foi no Carnaval

A quadra anterior está idiota
Tal como todo este poema
Portanto o melhor é o ignorarem
Porque isto não vale cheta

A ideia de escrever tal coisa
Ocorreu-me em noite não
Pois, hoje há de tudo
Menos inspiração

Com a “menina de preto”
Pensei que “tudo conseguia”
Num dia apareceu-me uma melhor
E a outra ficou esquecida

O seu nome começava por C
Porém, não era Catarina, nem Carlota
O nome da sua substituta começa por G
Guida não é, e muito menos Golgota

Que ideia e rima tão estúpidas!
Que senso de humor tão limitado!
Não tenho jeito para poemas
Sou um verdadeiro atado!

(atado) a ela me sentia
Mas, naquele dia destruí-a
Num acesso de fúria causado por
Aquela que não interessa ser referida

Como num pesadelo, eu vi as entranhas
Daquela que no meu coração viva fica
“Menina de preto” dos meus olhos
Minha querida calculadora Científica

Não deveria ter atirado a mochila ao chão
Mas não me consegui controlar
Agora ‘tou lixado para o Exame de Física
Quanto ao resto, com a Gráfica me irei desenrascar

Ass.: Stupid Son of Sam

P.S.: Eu sei, eu sei… Não teve piada. Mas não me ocorreu nada melhor e também não queria ficar sem postar por muito mais de uma semana.

domingo, novembro 07, 2004

You’ll see me in your nightmares – Parte 2: O Guião



Cena 1

(A imagem mantém-se escura, ouvindo-se só a voz do narrador.)

2020, um ano de reconstrução a nível global. Depois da Terceira Guerra Mundial (é mostrada uma imagem de uma explosão nuclear) o Mundo perdeu parte das suas obras de arte (é mostrada uma imagem da Catedral de S. Pedro de Roma destruída) e seres inumanos subiram à superfície (aparece uma fotografia da stôra de EOTD) Aaahhh!!! Chiça, que me assustei! Ahm, perdão… Apenas uma cozinheira, que sabia da secreta receita de Bolo de Fanta, sobreviveu no Mundo (é mostrada uma foto da bela cozinheira). Mas, infortunadamente, ela desapareceu. Pensa-se que foi raptada em sua casa, situada na Sobreda. Porém, as certezas são poucas e o futuro do Mundo é incerto devido ao desaparecimento da preciosa receita (é mostrada uma imagem com crianças a morreram à fome em África e depois uma outra com políticos a ficarem maldispostos e a declararem guerra ao país mais próximo por só poderem comer pão-de-ló).
Contudo, uma equipa especializada de mercenários foi contratada para investigar este caso.

Cena 2

(Dentro de um helicóptero três indivíduos falam, preparando-se para saltar).

Indivíduo 1: Porque é que tivemos mesmo de vir de helicóptero?
Indivíduo 2: Porque os táxis ‘tão caros.
Indivíduo 1: Ah, ok… E aquele gajo que ‘tá a afiar uma faca, quem é?
Indivíduo 2: Chama-se Felício. Ele veio connosco para garantir a segurança.
Indivíduo 1: Como assim?
Indivíduo 2: Ele é um caçador de monstros. Na realidade é mais conhecido por Felício, o Empalador. Ele costuma deixar as vítimas empaladas em alfinetes gigantes.
Indivíduo 1: Então mas não me digas que a Sobreda também ‘tá com problemas com monstros?
Felício (aproximando-se): Eu não diria problemas. Ela está completamente infestada. A primeira bomba nuclear libertou os imps infernais que a têm dominado durante estes últimos anos.
Indivíduo 1: Imps? Já nem me lembro o que é isso…
Felício: É um género de mistura de demónio com duende. Por falar nisso, vocês trouxeram o kit anti-monstros que era necessário?
Indivíduo 2: Sim, claro.
Indivíduo 1: Xii! Esqueci-me por completo!
Felício: Esqueceste-te? Hmm, ok. Tenta é não andares muito afastado de um de nós, porque sem kit se um demónio te apanha, já eras.
Indivíduo 2: Bem, pessoal, a conversa ‘tá animada, mas temos de saltar, estamos na altitude ideal.
Indivíduo 1: Ok. Olha, José, aposto contigo como chego lá em baixo primeiro. Eheh!
José (indivíduo 2): Ok, aposta aceite. Tu sabes que nunca me irás ganhar, mas pronto. Até te deixo ir em primeiro. Força, Ivan.
Ivan (indivíduo 1): Yeah! Apostamos o mesmo de sempre, não é?
José: Claro!
Ivan: Err… O que é que a gente costuma apostar sempre mesmo?
José: Uma imperial…
Ivan: Ah, sim! É isso. Bem, lá vou eu… Como é que se salta? Já não me lembro…
Felício: Simplesmente deixa te cair.
Ivan: Certo (atirando-se)! Ahhhhhhhhhh…

(Pequena pausa enquanto Felício e José observam o companheiro a descer através da porta aberta do helicóptero).

Felício: Ele não se esqueceu do pára-quedas?
José: Olha, pois foi! Tss tss… O que este gajo faz para me ganhar uma aposta…

Cena 3

(Depois de Felício e José terem descido com os pára-quedas, encontraram no local indicado um jipe, um rabi e um militar).

Felício (arrumando o toldo do pára quedas na mala): Foram vocês que nos contrataram?
Militar: Nós não. Foi o nosso chefe, o Sargento Banhas de Cobra. Mas venham connosco antes que apareça por aí um chupacabras. Os malditos aliens largam esses animais em todo o lado!!
José: Deves ‘tar a gozar, não? Toda a gente sabe que os chupacabras não são alienígenas, mas sim o resultado experiências secretas em genética do governo americano.
Militar: Cala-te, pah! Então como é que explicas o facto de serem vistos ovnis enquanto existem assassinatos feitos pelos chupacabras?
José: Petas! Os chupacabras são uma mistura entre morcegos e humanos. Mistura essa desenvolvida em laboratórios americanos. Com o começo da terceira grande guerra esses bichos soltaram-se e agora andam por aí ao deus dará.
Militar: Uma ova! Eles nem têm nada a ver com mamíferos. São animais de sangue frio, uma espécie próxima de um réptil. São seres usados pelos et’s para conquistar planetas.
José: Qual et’s, qual carapuça! Só dizes é porcaria!
Militar: Tu é que só dizes porcaria!! Tu e o realizador, que na realidade só escreveu esta história para dizer que ainda gosta da…

(De repente, o jipe começa a trabalhar, arranca e atropela o militar que estava discutindo com José, antes que ele pudesse sequer terminar a frase).

Rabi: Oh, que porra! Este jipe ainda anda com as suas manias!
Felício: Isso deve estar assombrado!
Rabi: Nem por isso. É um problema qualquer no motor. Eu já o levei ao mecânico, mas o arranjo era demasiado caro.

Cena 4

(Os três metem-se no jipe, deixando o cadáver no chão, e seguem caminho para a fortaleza onde está o Sargento Banhas esperando. Durante o caminho são perseguidos por um monstro invisível. Esta perseguição é feita através da visão do monstro (efeito de primeira pessoa, muito ao jeito de Evil Dead). Mas depois de escorregar numa casca de banana e cair redondamente no chão, este desiste indo para a sua caverna jogar Dungeon Keeper).

Cena 5

(Os três chegam à fortaleza e lá encontram o Sargento Banhas).

Banhas (fazendo continência): Bem vindos, honrados guerreiros!

(José e o Rabi respondem, mas Felício fica estático a olhar para as paredes da fortaleza).

Felício: Esta fortaleza é toda feita em esferovite?
Banhas: É sim. É a única maneira de não sermos atacados pelos possuídos.
Felício: Possuídos?
Banhas: Exacto! O Diabo anda a possuir um grande número de civis e a obrigá-los a nos atacarem. O esferovite é um dos poucos materiais que os pode deter.

(Uma mulher bate à porta gritando para que a acudam. Depois de a abrirem ela entra e põe nos ao corrente da situação).

Mulher com os cabelos desgrenhados e húmidos dando-lhe um aspecto sensual: Sr. José! Sr. José! Acuda a minha amiga! Ela foi possuída pelo Demónio!
Rabi: Se ela for tão jeitosa como a menina, é para já!!
José: Olhem me só, o “rabetas” também se chama José…
Rabi: Rabetas o tanas, meu amigo! Eu sou rabi! Não me entretenho a brincar com putos como os padres!!

Cena 6

(Dentro de um templo judeu, o Rabi José inicia o processo de exorcismo para libertar a rapariga do suposto demónio. A amiga da possuída, o Sargento Banhas, o José e o Felício também se encontram lá).

Rabi (supostamente lendo um livro de exorcismos judeu): Nosso Senhor te comanda, o Messias, que não deve ter dinheiro para a viagem pois nunca mais cá chega, te comanda! Sai daí demónio! Abandona o corpo, e que corpo!, da moça que possuíste!
Mulher possuída (atada nos braços e nas pernas e esticada sobre uma cama): Arggghhhh!!
Rabi: Sai desse corpo, espírito nefasto, antes que atire com friz… err… com água benta.
Mulher possuída: Ughh!! Arghhh!!
Rabi: Se não saíres dentro de três segundos, ser iníquo, penetrarei a moça várias vezes!

(Os presentes entreolham-se surpreendidos enquanto o sacerdote baixa as calças e põe se em cima da possuída, que estava cada vez mais violenta).

Banhas: Rabi José, acho que está indo longe demais…
Rabi (no bem bom com a possuída): Não me interrompa!! Não vê que eu estou exorcizando-a!! Ah, perdoe-lhes Senhor. Eles não sabem o que dizem.
Felício: Hmm. Agora é que eu entendo. Essa mulher não está possuída, rabi José.
Rabi (ignorando-o): Então, demónio? Sais ou não?
Felício: E nem ninguém está possuído aqui na Sobreda. O facto de estes estranhos seres serem alérgicos ao esferovite prova que só podem ser zombies.
Rabi (parando, assustado): Hein?

(A recentemente considerada zombie parte as amarras, morde o sacerdote e empurra-o, indo ele embater num coqueiro no meio do templo. Do coqueiro caem várias bolas numeradas de 1 a 3. Entretanto a stôra de Matemática aparece dizendo que aquele é um acontecimento impossível e é portanto representado por {0}. Nesse momento de distracção, Felício dispara uma flecha de esferovite, através da sua besta, contra a zombie. Ela cai no chão, estrebuchando).

Felício (aproximando-se do sacerdote, pondo outra flecha na besta): Lamento muito, rabi José. Mas você foi mordido, portanto daqui a uma hora ficará como aquela jovem.
Rabi: N-não! P-por favor! Este sangue não é meu…

(Felício ignora-o e aponta-lhe para a cabeça).

Rabi (começando a chorar): Felício… Chuif! E-este sangue não é meu… Juro!
Felício: Ela mordeu-o, eu vi.
Rabi: Não, não mordeu. Este sangue é do rompimento do hímen da gaja. Ela devia ser virgem…
Felício: Você tem sangue no ombro…
Rabi: Eu não tenho culpa daquilo ter esguichado por todos os lados!

(Pequena pausa dramática).

Felício: Muito bem, eu quero provas concretas. Por acaso tem três buracos na meia para provar o que diz?
Rabi (chorando convulsivamente): …Não…

(Felício, impiedosamente, dispara uma flecha contra a cabeça do rabi. Um trovão irrompe lá fora, a imagem afasta-se acompanhada de música clássica melancólica).

Cena 7

(Dentro de uma sala na fortaleza, José, Sargento Banhas e Felício discutem o caso da cozinheira desaparecida ao mesmo tempo que chovem canivetes suíços lá fora).

Banhas: A cozinheira Cátia foi raptada e temos informações que se encontra no Alentejo. Muitos dizem que foram os possuídos a raptarem-na.
Felício: Não faz sentido. Porque razão os zombies iriam raptar uma cozinheira?
José: Talvez já estejam fartos de comerem cérebros…
Felício: Exactamente!!
Banhas: Ou então os zombies querem destruir a humanidade, pois sem o Bolo de Fanta nós não temos hipóteses de sobreviver.
Felício: Nah! ‘Tá bem que a nossa existência depende desse bolo, mas duvido que os zombies nos quisessem destruir, pois até gostam de nos dar uma trinca de vez em quando. Penso que o José tem razão.
Banhas: Ok, isso agora não interessa. Temos é de entrar em acção o mais rápido possível.
José: Concordo! Vamos mas é agora mesmo!

(José levanta-se e sai daquela sala. Lá fora é perfurado pela precipitação de canivetes e morre. Banhas e Felício esperam que fique de manhã para iniciarem a viagem).

Cena 8

(Durante a manhã Felício e Banhas de Cobra partem num jipe rumo ao Alentejo).

Banhas: Segue aquele caminho ali. É a Mata Inventada À Pressa e liga Setúbal a Évora.
Felício (guiando): Ok.

(Subitamente, à entrada da mata aparece uma quantidade astronómica de zombies que começa a saltar para cima do jipe. Com aquela confusão, eles chocam contra uma árvore, ficando com o motor avariado).

Felício (saindo do jipe, preparando-se para lutar com os zombies): Vá, cambada. Quero vos ver a atacarem-me!

(Surpreendentemente, os mortos-vivos ao verem o sargento sentiram crescer água na boca e levaram-no com eles para o comerem num sítio mais agradável. Felício encolhe os ombros e segue a viagem sozinho e a pé).

Banhas (conseguindo se libertar dos zombies): Afastem-se, malditos!! Olhem que eu estou armado!!
Zombie sem um olho: Cala-te! Não passas de um gordo inofensivo que diz piadas agressivas.
Banhas: Err… Tu falas?
Zombie sem um olho: Yá. Mas não venhas cá com coisas. O facto de eu falar não é tão ridículo como se desatasse aos murros feito um pugilista como no “I’ll see you in my dreams”
Banhas: Sim, por acaso isso é verdade…

(Os mortos-vivos atacam o Sargento Banhas em massa, não lhe dando hipótese sequer de ripostar. A imagem sobe, não mostrando os zombies comerem-no, ouvindo-se só os gritos de desespero deste, e entra uma das músicas sinistras feitas pelo Zé Cabra propositadamente para este filme).

Cena 9

(Enquanto Felício andava pela mata, subitamente ouve uma música do Michael Jackson. Ele olha para cima, de modo a encontrar a orquestra espectral provocadora daquilo, mas um grupo de zombies dançarinos aproxima-se e absorve-lhe toda a atenção).

Zombie líder de dançarinos: You know I’m bad, I’m bad. I’m really, really bad… Who’s bad?
Felício (boquiaberto após assistir àquilo): Eu não queria ser demasiado crítico, mas… Que coreografia horrível!
Zombie líder de dançarinos: A sério? Fogo, pah! Desde o Thriller que o Michael não nos contrata. Diz que perdemos o jeito…
Felício: Hmm. Ele tem razão. Mas vocês podem não ter jeito para dançar pop, mas podem ter jeito para fazer outra coisa. Já experimentaram fazer uma banda género Slipknot?
Zombie líder de dançarinos: Nós somos os Slipknot!! Desde o fracasso com o Michael decidimos ganhar uns trocos doutra maneira qualquer. Na realidade nós nem sabemos tocar guitarra, baixo ou bateria. Nem sei como nunca repararam…
Felício: Ah, então era por causa disso que vocês não tiravam as máscaras… ‘Tá bem. Mas treinem, que isto com treino vai lá tudo.
Zombie líder de dançarinos: Ok. Obrigado pelo conselho (virando se para os outros zombies dançarinos). Vá lá, pessoal! Ouviram o que ele disse? Toca a treinar!

(O nosso herói contorna os mortos dançantes e continua a sua viagem).

Cena 10

(Na noite do dia seguinte, Felício encosta-se a uma árvore. De repente, uma mão vinda do escuro agarra o pescoço do nosso herói. Ele apressa-se a tirar a faca, mas deixa a cair abrindo-se a tampa do cabo e saltando de lá um dos piões que saem no Bolicao que coleccionava).

Zombie da mão (largando o nosso herói): Uh? Eu não tenho aquele pião.

(Felício saca da caçadeira de dentro da sua mochila e estoura os miolos ao monstro).

Felício (em posse matadora): Ninguém me rouba os piões do Bolicao!

(Depois de apanhar o pião, nota que o morto-vivo que tinha assassinado trazia um pedaço de papel na mão).

Felício (lendo o pedaço de papel): “Anti-Brains Snack-bar: restaurante só para mortos em Évora. Servem-se braços estufados, pernas no forno, bolos de abóbora com recheio de sangue… Tudo menos cérebros! Sim, porque nós também temos direito a comer outras coisas! Ass.: Narças Osbourne.” Só pode ser aqui onde está a Cátia! Bem dizia o José!

Cena 11

(De manhã ele acorda e continua o seu caminho).

Felício: Árvores, árvores e mais árvores. Odeio isto! Mas, o que mais odeio são os emplastros.

(De entre as árvores, a uns vinte metros de distância, aparece um emplastro. Felício retira a caçadeira da sua mochila e aponta para ele).

Felício: Tu aí! Diz me onde fica o restaurante “Anti-Brains” ou morres!
Emplastro: É a antiga Capela dos Ossos. Mas, peço-lhe por tudo, não me mate!
Felício: Ok. (dispara subitamente a caçadeira fazendo a cabeça do seu alvo explodir) Ups!

(Depois, à saída da mata, relembra-se da cara do emplastro que tinha assassinado há pouco).

Felício: ‘Peraí… Aquele não era o Diogo Infante?

(Perante o facto de ele não poder lhe voltar a ver a cara para ter a certeza, segue para a Capela dos Ossos).

Cena 12

(O restaurante zombie tinha na porta uma placa a dizer “Fechado”. Porém, Felício não espera para que a abram e arromba-a. Lá dentro estava um morto-vivo matulão arrumando as mesas).

Felício: Você é que é o dono deste restaurante?
Zombie matulão: Sim. Sou o Narças Osbourne.
Felício: Óptimo. Entregue-me a cozinheira ou o matarei.
Narças (zombie matulão): Eu já estou morto.

(Início da luta corpo a corpo. Simultaneamente, é passada uma música frenética do Zé Cabra. Após vários golpes dignos do Matrix, Felício cai por terra devido à força bruta do Narças. Este no chão retira da sua mochila o kit anti-monstros, onde estão uma quantidade enorme de granadas (ver post anterior). Depois de muito ponderar, Felício atira-as todas simultaneamente. Parte da capela explode, mas o Narças continua de pé e vindo em direcção a Felício. O nosso herói, vendo que não tinha outra hipótese retira da mala, a besta e uma flecha de esferovite. Porém, o monstro já estava perto o suficiente e com uma bofetada desarma Felício. E teria lhe esmagado o crânio, não fosse um tractor vindo da rua atropelar o enorme monstro que cai por terra, finalmente. Felício, agilmente, antes que o inimigo pudesse recuperar vai buscar a besta e dispara a flecha acertando em cheio no peito do Narças que se desfaz em pó).

Condutor do tractor: Wow! O jovem ali acabou por matar o urso.
Pendura: Sim senhor!
Felício (limpando o pó da cota de malha): Não era um urso. Era um zombie.
Condutor do tractor: Não era um urso? Raios! De fora parecia um…
Felício: Vocês são os membros da BAU?
Rumba (pendura): Sim, somos.
Felício: Pensei que fossem mais.
Neoclipse (condutor do tractor): Nós somos mais. O Midd está doente e não pôde vir hoje e o SSS ficou a espancar o continuo Beja por lhe ter chamado de “Urso”.
Felício: Ah, ok. Obrigado pela ajuda e boa sorte na caça aos ursos, que eu tenho de ir ali buscar uma cozinheira.

Cena 13

(Num hotel em Copacabana (continuo a não saber onde é que isto fica) Felício e Cátia, que se apaixonaram mal se conheceram, alimentam o sentimento que têm um pelo outro numa bela noite de amor. Durante essa parte é passada uma música do Zé Cabra, mas mais romântica. De manhã, depois de acordar, Felício vê a Cátia de cara lavada).

Felício (agarrando na caçadeira que tinha deixado na mesinha de cabeceira): Arghh! Enganaste-me, seu travesti nojento!

(Felício dispara, matando Cátia. Depois de se aperceber do erro que tinha cometido, pois ela, por menos que parecesse sem maquilhagem, era mulher, leva o cano da caçadeira à cabeça e dispara, suicidando-se. O filme acaba com a mesma música sinistra com que o Sargento Banhas morreu).

Ass.: Stupid Son of Sam

quarta-feira, novembro 03, 2004

You’ll see me in your nightmares – Parte 1: Os Preparativos

Depois de ter visto a curta-metragem portuguesa “I’ll see you in my dreams” fiquei inspirado para fazer um filme de terror. Não que a tal curta-metragem fosse de boa qualidade ou tivesse uma história realmente interessante e inspirativa, mas o facto de um filme tão reles como aquele chegar a ser exibido nas salas de cinema motivou-me e fez me pensar: “Se eles conseguiram com aquela desgraça, porque não hei-de eu conseguir?”
E então veio me o título “You’ll see me in your nightmares” à cabeça e comecei a pensar nos preparativos para o filme.

Slogan

Amor.
(pausa)
Vingança.
(pausa)
Filetes de pescada.
(pausa)
E também bifanas.
(pausa)
Que por acaso até ficam bem com batatas fritas.
(pausa)
Acompanhados com um molho que deriva da mistura de ketchup com maionese.
(pausa)
Servidos em pratos de porcelana pintados em Taiwan e importados para Portugal através da Ideia Casa.
(pausa)
Zombies a dar com um pau.
(pausa)
Mas não com muito força, que pode aleijar.
(pausa longa)
(em letras grandes) You’ll see me in your nightmares (/em letras grandes)
(em letras mais pequenas) O primeiro filme a gozar com o primeiro filme de zombies português! (/em letras mais pequenas)

Actores Importantes

Para que alguém leve este filme a sério terei que convidar actores respeitados pelo menos a nível nacional. O Diogo Infante, tal como em todo o bom filme português que se preze, tem de entrar, nem que seja numa fracção de segundo. O Fernando Mendes também terá a sua presença marcada para servir de alimento para os zombies. Quanto aos mortos-vivos, terão de ser representados por bons actores, portanto, irei pessoalmente a parques de estacionamento buscar arrumadores de carros. Quem melhor que eles para fazer de zombies?

Personagens Indispensáveis

Terá que haver um padre… Hmmm… Padre não, já começa a ser muito utilizado… Um rabi, pronto. Este terá que exorcizar uma zombie pensando que ela está possuída.
Será também necessário um herói. Vou seguir o exemplo do Jackie Chan e do Steven Seagle e vou fazer o papel principal sendo, ao mesmo tempo, o realizador.
Se existe herói haverá, igualmente, uma donzela em perigo. Esta terá de ser raptada para um local distante do herói, para lhe complicar a tarefa. Como, por exemplo, o Alentejo.
Os membros da BAU (menos eu, pois estarei no lugar de protagonista) irão estar presentes neste filme e irão ajudar o herói a conseguir salvar a sua “princesa”.
A Rita será a mulher que, a meio do filme, ajudará o herói a ficar mais leve.
O Zombie Lord será o Carlos Vitória. Não conheço ninguém melhor que ele para fazer papel de vilão num filme de terror.

Cenários

Uma fortaleza de esferovite será onde o filme começará. Porquê de esferovite? Porque os lobisomens têm como ponto fraco a prata, os vampiros as cruzes, os fantasmas os aspiradores, os estudantes de informática a stôra de EOTD e os zombies o esferovite. É claro que isto é uma regra recentemente inventada por mim. Mas não se admirem se daqui a uns anos nos filmes de mortos-vivos começarem a usar esta ideia.
A cena seguinte será filmada num templo judeu, onde acontecerá o pseudo-exorcismo.
Em seguida, o caminho para o Alentejo será feito num percurso recheado de árvores e vegetação, ou seja, uma autêntica floresta gigante. Lá acontecerão muitos ataques de zombies, mas o herói sairá ileso.
Na Capela dos Ossos em Évora suceder-se-á o combate final entre o herói e o Zombie Lord.
O último cenário será um luxuoso hotel em Copacabana (não faço a mínima ideia onde isto fica, mas acho o nome engraçado) onde o protagonista e a sua donzela se “divertirão” e onde acabará o filme.

Arsenal Disponível

O protagonista será brindado com o seguinte arsenal:
Caçadeira de cano serrado, com a potência do disparo acertar à queima-roupa por mais longe que o alvo esteja, género a do “I’ll see you in my dreams”.
Faca do Rambo, onde estarão incluídos no interior do cabo uma colecção de piões que saem no Bolicao, uma agulha para coser meias, uma pistola de alarme, um colete salva-vidas, um macaco e um triângulo no caso de acidente de carro.
Uma cota de malha.
Uma bóia, daquelas com riscas azuis e brancas, que eu não acho lá muita piada às que têm formato de dinossauro.
Granada de fumo.
Granada de vento.
Granada de fogo.
Granada de água.
Granada de potássio.
Granada de potássio misturado com água.
Granada de fogo misturado com água.
Granada de fumo e vento em banho-maria.
Granada molho bechamel.
Granada de banha de porco.
E, por fim, uma besta e flechas de esferovite.

Banda Sonora

Para um filme deste género serão necessárias músicas obscuras com vocalidades violentas. Como os Moonspell já foram contratados para fazer o "soundtrack" do "I’ll see you in my dreams", terei de arranjar alguém, que não eles, mas com características semelhantes. Depois de muito ponderar, apercebi-me que o Zé Cabra era o homem indicado. A sua música é obscura, pois com o êxito que teve só pode ter sido obra do Diabo. As capas dos seus álbuns, ou pelo menos do primeiro, tinha inclusivamente uma cabra, que é o símbolo do Demónio. Quanto às vocalidades, são extremamente agressivas aos tímpanos, pois torna-se quase insuportável ouvi-lo cantar.
Ele é, de facto, a pessoa indicada para compor os efeitos sonoros para o meu filme.

Filmagem e Equipamento

O Faísca, cameraman do CC, será o eleito para a filmagem. Os equipamentos técnicos e essas coisas todas serão furtadas da estação de televisão mais próxima, pois o meu orçamento é curto. Mas se alguém tiver com a ideia de me emprestar uma câmera e se se oferecerem para filmar gratuitamente, agradeço! Irei pôr inclusivamente os vossos nomes nas legendas finais.

Ideias do Leitor

Eu como gosto muito de interagir com os leitores nos meus posts, vou vos dar a hipótese a todos para contribuírem com ideias para a história deste fabuloso filme. Digam o que vos vai na cabeça que eu, dentro de muito em breve, “postarei” no guião.
Mesmo que não dêem ideias, peço vos que arranjem nome para as seguintes personagens/ actores:
Diogo Infante;
Fernando Mendes;
Rabi;
Donzela;
Herói;
Zombie Lord.

Ass.: Stupid Son of Sam

P.S.: O guião será publicado antes da próxima segunda-feira.

segunda-feira, novembro 01, 2004

A melancolia de uma Lágrima

Os primeiros raios de sol eclodiram no horizonte, pintando momentaneamente o céu de tons escarlate e manchando as dispersas, mas extensas nuvens de cor-de-rosa, recriando uma deslumbrante tela fútil e silenciosa, somente comparável à fugacidade da beleza na vida.
Instantes depois, o Sol elevou-se na sua carruagem a partir de um canto do céu, apagando de forma arrogante as demais estrelas de uma só vez, cessando num ápice aquele espectáculo de tons exóticos que minutos antes criara.

Ela acordou num dia igual ao anterior, e igual ao anterior a esse.
Sem se levantar da cama, fitou o índigo céu através da pálida janela do seu quarto e deteve-se por instantes a contemplar o vácuo, comparando o vazio azul do céu à futilidade do mundo que a rodeava e a preenchia contra a sua vontade.
Deixou-se ficar deitada, reflectindo e propondo-se a fazer alterações nesse seu mundo, criando mentalmente um inventário com todas as promessas feitas a si própria, promessas que, de uma forma ou outra, acabariam por permanecer frivolamente congeladas, devido ao seu diletantismo desapaixonado. Dos seus olhos escorriam as lágrimas filhas de um quotidiano insípido. E o céu chorava com ela.
Meditava especialmente sobre a sua vida e sobre o quotidiano que se esforçava para rejeitar. Guardava dentro de si a única cópia da figura perfeita na qual se desejava ter tornado. Havia já algum tempo, essa imagem esbatida adivinhava-se num capricho irreverente do destino, ou talvez a prova de que um forte desejo nesta vida infrutífera se revela invariavelmente numa enorme desilusão.

Os segundos transformavam-se em minutos. Os minutos em horas.
Ao fim de várias horas, um relâmpago dividiu o céu em dois, libertando-a com um abanão do seu transe hipnótico, fazendo-a despertar de um sonho real.
Vagarosamente, secou as lágrimas e decidiu-se a levantar, mas antes de começar a fazê-lo, sentiu um aperto no peito, transformando-se num ardor semelhante ao veneno paralisante da mais mortal serpente, expandindo-se lentamente ao resto do corpo. Enquanto os seus membros se transformavam em pedra, os seus olhos imóveis, porém apavorados, fitavam o céu, local onde os anjos se abrigavam em espessas nuvens taciturnas. Rezou para si uma oração. O granizo agredia ferozmente a janela, como se o negro céu tentasse ingloriamente impedir o que estava a acontecer.
Ali ficou, completamente petrificada, sentindo-se só, fria e infeliz como sempre esteve, durante meses, talvez anos e assim permanecia, qual Bela Adormecida desumanamente consciente, à espera de um longínquo príncipe, provavelmente inexistente. Certo dia, uma voz enigmática começou-lhe a sussurrar aos ouvidos, contando-lhe histórias tão extraordinárias quanto os sonhos de uma criança.
Durante esses transcendentais monólogos, o seu olhar mostrava a mesma insatisfação de sempre, agora acrescida de um cansaço de quem queria terminar com tudo, mas estava cruelmente impossibilitada de o fazer.
Dia após dia, essa estranha voz nos seus ouvidos esclarecia-lhe os mistérios do Universo, demonstrando cuidadosamente teorias fantásticas sobre a vida e a morte, segredos pelos quais a humanidade pode apenas suspirar.
A altura chegou em que ela deixou de entender o que lhe era dito. As palavras, apesar de claramente pronunciadas eram ininteligíveis, comparando-se a estranhos símbolos indistintos, oriundos de uma língua há muito extinta. Toda a sabedoria dimanada de um ser omnisciente estava-se a perder, e a consciência, outrora única bóia que lhe permitia flutuar, estava a desaparecer rapidamente na escuridão do oceano. Ela sabia que o fim estava próximo.

Cinco anos depois daquela nefasta manhã, a mesma voz que lhe sussurrara durante quase todo esse tempo chamava-a de longe para se juntar a ela no abismo, numa oferta condescendente que ela sabia irrecusável. Enquanto um arco-íris aparecia tenuemente no céu, expirou de forma tímida a derradeira exalação de desgosto e a sua última lágrima imergiu juntamente consigo no vazio, onde permaneceu… só, fria e infeliz para toda a eternidade.


Neoclipse