quinta-feira, novembro 12, 2009

L2 - As Tortas Caoticas

O post que se segue gostaria de deixar isto bem claro: Link


O seu post começará dentro de momentos…

...
...
...
...


Um urso tentou arrastar o seu corpo desfeito para longe da sua agressora e do monte de corpos dos seus irmãos, mas a sua tentativa foi parada quando um salto alto embateu no seu crânio com tanta violência que rachou o osso e alojou-se na massa cinzenta do urso.

Todos: Ewwwww

A dona desse salto alto era uma mulher bastante diferente de L, tinha uma pose altiva, um estranho vestido justo e revelador, longos cabelos negros, lisos e um olhar de alguém que se achava importante. Depois de retirar o seu salto da cabeça do urso dirigiu-se aos três valorosos B.A.U.

Mulher: É um prazer estar na vossa presença, grandes Imperialistas. Eu sou a L.
L: Não, desculpa mas desta vez quem é a L sou eu.
Mulher: O quê?! Era suposto ser eu a L!
L: O que posso dizer? Primeira que chega é a primeira que se serve.
Mulher: Maldita sejas sua vil e néscia...
Neo: Não podes ficar a L2?

As mulheres entre-olharam-se por um pouco e concordaram. E assim foi o nascimento da L2.

Fim.

Cenas do próximo episódio:

Varg: Mas o que é que vocês estão aqui a fazer?
Lunatico: Sim!
Neo: E como é que vocês têm tantos conhecimentos de nós?
Lunático: Ahm... Sim!
L: nós chegamos de um sítio distante, onde as façanhas dos B.A.U. são-nos contadas desde muito novos.
Lunático: Si…….m?
L2: E trazemos notícias graves! A nossa vidente, a Madame Raivasa, avisou-nos de um grande cataclismo nestas terras e o culpado será...

Antes que a senhora pudesse acabar a sua história, um riso obsceno surgiu da escuridão e um braço envolveu a cintura da L2. Depois, a figura que agarrava nela, avançou para perto da L e usou o seu outro braço para também envolver a sua cintura, quando viu que ninguém reagia devido ao choque da situação decidiu falar para acalmar a situação.

Rumba: Para que são essas caras? Vocês é que fugiram e deixaram-me ali sozinho sem a presença destas belas senhoras.
Lunático: Ele está a faze-lo outra vez! Levem-no para a caixa das tormentas!
Neo: Com gosto!

Rápida e violentamente, Neo e Varg aplicaram uma placagem em Rumba e depois começaram a arrasta-lo para a caixa das tormentas, mas L interrompeu com um tom assustado.

L: o Lunático! Ele acabou de desaparecer.
Varg: como é que isso é possível?
Neo: mas desapareceu num pilar de fumo?
L: Não. Desapareceu simplesmente.
Neo: Que tal num flash brilhante!
L: Não! Já disse que desapareceu!
Varg: e se fosse um flash, nós tínhamos visto.
Neo: Pois é.
Varg: que tal se ele teleportou-se?
L: Ele não fez nada disso! Simplesmente sumiu em pleno ar!
Abutre: A trama adensa-se.

Todos saltaram em surpresa com a chegada do novo indivíduo que com uma pose altiva e um sorriso de orelha observava os aventureiros.

Abutre: nem todos os comandos estão sintonizados na mesma frequência, mas quando é para uma galinha, ai meus amigos quando é para uma galinha.
L2: quem é ele?
L: pergunta mais importante: ele costuma falar assim?
Varg: tem dias que sim, tem dias que não.

O Abutre aproximou-se do resto do grupo e ficou e todos se entreolharam por um bom bocado.

Abutre: então amigos, não nos vamos lançar em outra fervorosa demanda?
Neo: nem vais perguntar o que estão a fazer estas duas raparigas aqui?
Rumba: ou porque eu ainda estou no chão?
Abutre: eu cheguei à conclusão que é melhor não saber.

As Ls afastaram-se um pouco dos BAU e conversaram em privado durante uns breves instantes. Depois voltaram, a L apanhou o seu machado e colocou-o no ombro e a L2 dirigiu a palavra aos caçadores.

L2: como íamos a dizer o culpado da grande catástrofe vai ser…
Varg: deixem-se de culpados e não culpados, vamos lá evitar isto e recuperar-me uma Cassandra.
L2: ok… então vamos.

Os heróis seguiram as duas raparigas durante varias luas, durante a sua caminhada fizeram aliados assim como inimigos. Ajudaram uma aldeia de pinguins contra a ameaça crescente de esquilos vermelhos, comeram compota de avelã com groselha e entraram num circo como acrobatas com o objectivo de roubar a langerie da domadora de leões para ser usada num encantamento contra as forças malignas que lhes toldavam o rumo, ou para satisfazer o libido de um mago idoso.
Finalmente do topo de uma colina vislumbraram a uma grande clareira. Lá estava uma pequena aldeia que parecia ser habitada apenas por camponeses e no extremo norte, uma estrutura feita em pedra parecia começara a ser erguida.

Rumba: eu quero deixar bem claro, que eu tenho direitos de primeira escolha nas jovens e belas camponesas que encontrarmos nesta aldeia.
Abutre: Raios! Foste mais rápido, mas não percas pela demora.

Enquanto esses dois discutiam Neo tentava observar o que se passava na construção de pedra com os seus binóculos imaginários.

Varg: então o que consegues ver?
Neo: um exército de alces está a construir o que me parece ser um poço de lama.
L2: Alces? A vidente não disse nada de alces pois não?
L: Claro que não, para isso eu tinha vindo armada com o meu Alce-Slayer.
Neo: então não sei o que é aquela mancha acastanhada.
Varg: deixa cá ver isso.

Neo entregou os binóculos ao Varg e este relatou o que via.

Varg: Portanto há dois homens na construção. Um está a supervisionar, que parece ser um sozia do Flahur e outro está a carregar blocos de pedras, que parece ser um sósia do Stuart.
Neo: E os alces?
Varg: Os alces fugiram, suponho e devem ter escondido a mancha castanha metendo a aldeia por cima.
L2: alguma coisa interessante na aldeia?
Varg: ……… Não mas se calhar é melhor eu ir ver mais de perto.
L: eu vou contigo, podes precisar de ajuda.
Varg: Não! … ahm, quer dizer, não deve ser nada, eu fico bem sozinho, vocês vão ao castelo, porque podem ser os gémeos malignos dos nossos camaradas e isso é bem mais perigoso.
Neo: se tu o dizes, no entanto vamos ter de separar aqueles dois.

Rumba e o Abutre já estavam a tentar esmurrar-se, rebolando de um lado para o outro no meio do chão. Felizmente o rápido pensamento, assim como a avançada técnica de negociação de L2, fez com que ela conseguisse dar a volta à situação rapidamente. Ela pôs-se de trás dos dois BAU que se agrediam e com um posicionamento preciso do seu pé fê-los rebolar monte abaixo.

L2: Vamos? Eles já estão com vantagem.
Varg: tu usas os pés para muita coisa, não usas?
L: é a especialidade dela.

segunda-feira, novembro 09, 2009

A trilogia das aventuras dos Todomés (Parte II)


Varg e Flahur temeram o pior quando entraram naquele covil bolorento, obscuro e malcheiroso mais conhecido por Bunker do neo. No ar pairava um cheiro nauseabundo a iogurte estragado, peúgas por lavar e posts inacabados.

- Ew, acho que pisei qualquer coisa nojenta! – queixou-se Flahur enquanto andava às cegas.
- Abre os olhos! Não sabemos se não há coisas tóxicas espalhadas aqui... Não queres ficar sem uma perna, pois não?
- Ajudava mais se eu conseguisse ver alguma coisa! Bem, mas não é grave. O que quer que fosse que eu pisei, já fugiu.
- Ok, acho que encontrei o interruptor! – exclamou Varg.

Varg rodou o interruptor várias vezes, mas não obteve sucesso. Os olhos de ambos começaram eventualmente a habituar-se à escuridão e Flahur conseguiu com dificuldade enxergar um puxador junto a si. Usando a camisola como luva, colocou a mão sobre ele. Uma porta começou a deslocar-se lentamente com um gemer e, passado uns segundos, a luz do frigorífico de neo colidiu com as paredes sujas do bunker, transformando as caras de pavor de Flahur e Varg em puro horror.

- Zoh... My... – começou Varg enquanto recuava aterrorizado por conseguir colocar uma imagem nos vários cheiros que sentia há já uns minutos.
- Olha, ele está ali.
- Onde?
- No meio dos cogumelos todos. E do musgo. E daquela coisa com pêlos que não imagino o que seja.
- Ah, são vocês. – disse neo sem olhar para os seus visitantes – Chegaram em boa hora, estou quase a acabar.

Neo fitava um monitor desligado, enquanto se agitava ciclicamente para a frente e para trás na cadeira, batendo ferozmente num inocente teclado.

- A acabar de destruir esse teclado?
- Claro que não. Estou a programar uma máquina de estados capaz de produzir posts, bastando para isso introduzir o grau de nonsenseness desejado, de 1 a 5, e um camarão tigre grelhado. Este programa salvará o Imperialium e completará a profecia que o outro cabeludo nos impôs!
- Há quanto tempo estás a trabalhar nisso?
- Desde o nosso encontro com o Jesus Misto.
- E estás sem electricidade desde quando?
- Não estou sem electricidade. Acho eu. A minha empregada é que trata disso.
- Está doente?
- Não, está aí perdida no meio do cotão. Ela aparece quando for dia de receber.

Flahur e Varg entreolharam-se após examinarem o chão por uns segundos.

- Bem, acabei o programa. Vamos testar. Alguém tem aí um camarão? – perguntou neo.
- Nope. – responderam, apalpando os bolsos das calças.
- Pois, eu no frigorífico também só tenho gafanhotos com chocolate. Bem, ‘bora ao lidl!

A caminho do lidl, Flahur e Varg aproveitaram para repor os níveis de oxigénio dos seus corpos e para raptar neo, cujos olhos estavam cegos por não verem luz há já uns meses. Varg deu-lhe uma paulada na nuca com a cenoura de borracha e Flahur meteu-o num saco. Arrastaram-no cerca de 500 Km até às montanhas no norte, onde os três iriam defrontar o malvado tirano que atormentava aquela terra. King Cohen Trve II.

- Quem é que o proclamou rei, anyway? – perguntou Varg a Flahur pelo caminho.
- Deve ser auto-proclamado. Ele não seria um verdadeiro tirano se tivesse sido eleito.
- Aposto que é um Urso! – disse Varg.
- Por falar em Ursos, olha...

Tão feio e idiota como um Urso, mas não tão castanho, um ogre amarelado, gordo e odioso guardava uma barraca de vigilância que tinha acoplada uma cancela levadiça. À frente da cancela estava um sinal onde se lia “Trve Palaçe: Where close for the olidaisies”. Foi então que eles se aperceberam que estavam em frente a um majestoso palácio, esculpido para se confundir com uma das montanhas que o rodeavam.
-Não admira que a gente nunca tenha visto este palácio aqui! Parece-se tal e qual com uma das montanhas que o rodeia!
- Isso é porque não fizemos aquele post em conjunto a cartografar o mundo Imperialium... – queixou-se neo de dentro do saco.
- Cale-se! – disse Varg dando com a cenoura no saco – que você é o mais preguiçoso de nós todos!
-Como entramos? – perguntou Flahur.
- Deixa-me tratar disto. – respondeu Varg – Esconde-te.

Varg aproximou-se da barraca e apercebeu-se que o ogre feio era afinal uma ogra muito feia. Tinha totós no cabelo em cada lado, óculos de massa e estava a jogar um jogo de anime qualquer com personagens hediondamente fofas, enquanto seguia a resolução num walkthrough. Assim que o viu, baixou a tampa do portátil e ergueu a cabeça da sua mão gorda e feia.

-Qué que quer? Tamos fechados, não sabe ler?
-Sim, eu sei, mas pensei que uma donzela tão graciosa e bonita como a senhora me pudesse dizer onde encontrar o King Trve. E inteligente! Já disse que parece extremamente inteligente com esses óculos?
- Ponha-se a andar. Já disse mil vezes ao seu colega que não conheço ninguém aqui na zona que queira vender casa! Mandarem cá outro gajo não vai mudar nada!
- Mas eu...
- Pire-se antes que eu chame a segurança! – gritou a ogre.
- Permita-me que eu esclareça, – disse Flahur, interrompendo – eu e o meu colega somos da TvCabo. Estamos aqui para arranjar a SportTv.
- Ah, já podia ter dito. Sua alteza anda de mau humor por não ter andado a ver as goleadas do benfica. Façam favor. – disse a ogre levantando a cancela - Hey, o que é que levam aí no saco?
-Ahm… Pastilhas elásticas!
-Ah, desde que não seja uma arma mortífera para matar o Rei, tudo bem.
- Não, isso está aqui na minha mão. – disse Varg apontando para a cenoura de borracha.
- Ah, vocês vocês! Vá, pirem-se. - disse a ogre, rindo-se.

Para subirem as escadas da entrada, decidiram abrir o saco e deixar neo sair, até porque já estavam cansados. Quando chegaram ao átrio principal do enorme palácio, começaram a ouvir o barulho de um rugido feroz vindo de um corredor por trás deles. Ao virarem-se, deram de caras com um coentro gigante a conduzir um tractor de brincar. No topo das suas folhas estava uma coroa reluzente.

- Encontramo-nos, finalmente! – disse Cohen Trve desligando o tractor e saindo de lá de cima.
- Então ele é só... um coentro? – perguntou neo.
- Só um coentro? SÓ um coentro? – perguntou Cohen Trve escandalizado – Sabias que a minha espécie é cultivada há mais de 3000 anos? Sabias? Sabias? Sabias que vimos mencionados nos textos sânscritos, em papiros egípcios e até na Bíblia? Algum de vocês vem mencionado na Bíblia? Huh? Huh?
- Bem, eu...
- Não! – berrou numa voz demasiado aguda e nasalada - Já para não falar que os chineses acreditavam que eu proporcionava imortalidade! Ah, e os celtas usavam-me como afrodisíaco! Até os romanos me usavam para temperar a carne! Algum de vocês foi usado para temperar carne pelos romanos? Huh? Huh?
- Este serzinho irritante já me começa a chatear... – murmurou neo.
- Vamos terminar isto? – perguntou Varg enquanto Cohen Trve falava algo sobre os coentros conseguirem curar o reumatismo e a automatonofobia – Quem faz as honras?
- Força! – encorajou Flahur.

Varg ajoelhou-se, elevando a cenoura de borracha com ambas as mãos acima da cabeça. Em seguida, disse algumas palavras praticamente imperceptíveis. Finalmente, arremessou a cenoura de borracha à cabeça de Cohen Trve. A coroa deste saltou da sua cabeça, partindo-se em centenas de pedaços de vidro contra o chão. Cohen Trve caiu também ao chão, começando a arder.
- Coriandum........ Sativum........ solum........ principium........ est. – foram as suas últimas palavras, antes de ficar reduzido a um punhado de cinzas.
- “Coentros é só o princípio”? Isso nem sequer fez sentido... Enfim.

Assim que Cohen desapareceu, emergiu do chão uma arca. Os três heróis abriram-na e de lá de dentro saltaram três bollycaos, cada um deles designado a cada um dos heróis. Neo foi o mais rápido a apanhar e comer o seu.

-A profecia foi completa, - disse uma voz pujante vinda do céu – apesar de não ter sido muito bem da forma que eu profetizara. Mas adiante... Ainda assim, as recompensas são devidas. Como neo fora o primeiro a comer o seu bollycao, a sua pena escreverá a realidade durante dez mil anos, conforme profetizado. Em seguida, a pena de Flahur escreverá a realidade durante dez mil anos, conforme profetizado. Finalmente, a pena de Varg escreverá a realidade durante dez mil anos, conforme profetizado. Depois disso, juntar-nos-emos todos aqui e comeremos fritos. Todavia não vos esqueceis, quando vos fartardes, do erudito vocábulo que apagará toda a realidade que criastes. Esse vocábulo é..... Todomé!


Coiso, peço desculpa por ter perdido a paciência para o post a meio dele, quando já não lhe estava a achar piada. Infelizmente a inspiração já não aparece tantas vezes como antes e é preciso aproveitar para postar tudo o que calha, senão assim é que não há posts para ninguém. Era só isto. Boa noite e até amanhã.

domingo, junho 21, 2009

Pescada Sombria grelhada com nozes

Bem vindos à primeira edição de Cozinhados do Outro mundo. Eu sou a vossa anfitriã e possível futura tirana: Lapsus.

Nesta primeira edição irei ensinar-vos a preparar umas belas e saborosas pescadas sombrias grelhadas com nozes. Que é um belo prato para servir no meio do verão, pois o atributo de sombra das pescadas é refrescante.
A primeira coisa que temos de arranjar é: as pescadas sombrias. Não são difíceis de encontrar e até podemos pedir a um feiticeiro negro para transformar pescadas normais em pescadas sombrias. Eu prefiro pescadas sombrias frescas, apesar de também poder usar postas de pescada sombria, mas não é a mesma coisa.
Portanto vamos trabalhar com pescadas sombrias frescas. O que temos de fazer é cortar a cabeça pois não vamos usar e não é muito bonita. Depois temos de retirar a tripa, há quem não tire a tripa mas eu prefiro pois é muito mais prático para comer. Ora bem para isto podemos usar uma faca de prata que não haverá problema, mas se quiser realmente não ter muito trabalho a cortar deverá arranjar uma faca sagrada que dê dano extra a sombra, assim cortará a pescada como manteiga.
Falando em manteiga, agora pegamos na pescada sombria e barramos com uma camada fina de manteiga. Em seguida iremos cozer umas batatas, depois de estarem cozidas podemos passar à próxima parte.

*Uma cozedura depois.*

Chegou a altura da nozes. As melhores nozes para este prato são nozes da ravina vermelha. Também podemos usar nozes normais, mas estas têm um sabor mais intenso, apesar de serem claramente mais complicada de arranjar pois apenas nascem na ravina vermelha, que é território orc. Pois bem, nem todos nós temos boas relações com as criaturas de verde e o outro único sitio onde se podem arranjar é em Lazindur apesar de ai terem o preço elevado. Ora bem primeiro trituraremos algumas das nozes e vamos encher a barriga das pescadas com elas. Depois, cortamos as batatas ao meio e metemos uma noz inteira no centro, juntamos as duas e temos as nossas batatas prontas. Se tiverem um clérigo especialista em herbalismo à mão sempre podem usa-lo para fundir a batata com a noz lá dentro. Neste caso como não invadi nenhuma cidade recentemente com essa qualidade de clérigos, não vou poder proceder dessa maneira, mas se tiverem um em casa experimentem e verão que o sabor será muito mais natural.

Agora é a altura de grelhar as nossas meninas. Agora que já foram cortadas e recheadas, vamos barrar com uma camada fina de manteiga. Polvilhar com um pouco de sal e estão prontas.
Para grelhar estas senhoras temos duas opções um simples grelhador ou uma grelha no carvão. Eu prefiro carvão, fica com um sabor bem mais interessante e portanto vou meter estas duas pescadas numa grelha em carvão já aquecido. Não se esqueçam de as virar também.

Enquanto as pescadas sombrias estão grelhar vou atender a um pedido pessoal e preparar um jarro fresco de vingança com limão.
Refrigerantes de essências são sempre complicados de arranjar, se tentarmos retirar a essência do sangue, normalmente fica impura pois antes da remoção da essência, medo e desespero tocam ligeiramente na mente da pessoa e contamina a extracção. Claro que também serve, mas não é o mesmo sabor como o de uma essência pura.
Portanto vamos mudar de abordagem. A Lua de Arana é um artefacto que absorve a essência da pessoa que tiver em contacto e de todas as essências que absorveu, a mais intensa e abundante será a que a jóia escolherá para a habitar. Através de uma trágica coincidência do destino consegui adquirir uma perfeita Lua de Arana cheia de vingança. O que precisamos de ter cuidado é a discernir se estamos realmente na presença de uma Lua de Arana cheia de vingança. Normalmente as pessoas não reparam nisto quando fazem estes refrigerantes e confundem um cristal de ódio que é puro vermelho e brilhante com o cristal de vingança que é vermelho sim, mas tem esta bela dança de amarelo dentro de si. Então lembrem-se, se o cristal for vermelho e com vagos traços de amarelo a percorrerem-no horizontalmente, então encontraram o jackpot.
Portanto, isto é simples. Pegamos num jarro e colocamos o cristal no fundo, lembro que para manusear uma Lua de Arana saturada é recomendado o uso de luvas para não contamina-la . Rodeamos-lo com gelo e em seguida enchemos com água. Quando a água absorver a essência da pedra irá assumir a sua cor e será ai que poderemos meter o toque final, que é nada mais, nada menos que, limão. Há quem prefira meter só sumo de limão mas eu não me contento com isso e prefiro colocar umas poucas rodelas, três ou quatro são suficientes. E pronto, vingança com limão servida fria, a melhor maneira de servir vingança.

Assim que as pescadas terminarem de grelhar teremos uma bela refeição de pescadas sombrias.

Esperamos que tenha desfrutado desta sessão de culinária. Depois do intervalo voltaremos para apreciar o prato e para fazer uma entrevista a um convidado especial.
De mim e da equipa o resto de um bom dia e bons cozinhados.

sábado, junho 20, 2009

A trilogia das aventuras dos Todomés



Havia uma vez, num reino chamado Bolachinhas, longínquo em distância e tempo, três heróis que viviam numa estalagem de madeira a cair aos bocados. Para grande infelicidade desses três guerreiros, o chefe dessa estalagem todos os dias servia tomate assado com tomate para o jantar.
- O que temos para o jantar? - perguntou o guerreiro número Um.
- O mesmo que temos todas as noites... - respondeu o guerreiro Alfa.
- Tomate. - sorriu o guerreiro A.
- Raios. - Respondeu Um.

A vida era pacata naquele reino.

- Oh Um! - disse A assim do nada - Já fazias era umas panquecazitas para nós. Estou farto de comer a treta do tomate todos os dias.
- Eu é que me devia queixar! Sabes bem que se tivesses acabado a treta do post a tempo, agora andávamos a comer que nem uns lordes. - respondeu Um.
- Não se peguem. Ninguém tem culpa, - interveio Alfa enquanto A e Um entreolhavam-se grunhindo. Fez um compasso de espera enquanto observava a expressão de cada um deles e depois prosseguiu - excepto o A. O Um tem razão.
- Não te metas, senão faço aparecer aqui um Urso para lhe arrancar a cabeça. - ameaçou A levantando-se da mesa.
- Pessoal, ainda vamos ser expulsos daqui novamente e vocês têm de reescrever isto tudo.
- Está calado Alfa. - disse Um levantando-se também da mesa. - Para escreveres Ursos a fazer-me mal já estás pronto não é? Preguiçoso!
- Queres levar isto lá para fora? Queres?
- Oh não, que mal fiz eu às Cáries? - murmurou Alfa - Bem, se precisarem de mim estou a saquear o castelo, a matar o Rei e a violar a Princesa...... Novamente. Vejam se desta vez me dão tempo para tudo! Aliás, desta vez grito eu Todomé.

Todos concordaram e Alfa saiu da estalagem. Um e A seguiram-no após uns momentos, empurrando-se um ao outro repetidamente até à saída. Vários habitantes de Bolachinhas apinharam-se em redor da estalagem na esperança de ver um bom espectáculo de machado contra mosquete, mas, para sua grande surpresa, quando lá chegaram viram A estender uma folha a Um.

- Toma lá, não gastes isso tudo. - entregou A.
- Hey, eu tenho menos! - queixou-se Um.
- Que lata, sou eu sempre a dar o papel! Além do mais da última vez eu fiquei com uma folha quadriculada!
- Ok, ok vamos lá despachar isto. Vais sofrer seu cretino!............. Tens uma caneta que me emprestes?
- Grr... Outra vez? - disse A estendendo a mão. - Toma.
- Agradecido. Estás pronto?
- Força.


Um e A começaram a escrever maniacamente nos seus pedaços de folha. O céu tornou-se negro e relâmpagos começaram-se a ver ao longe nas montanhas. Perante o assombro dos Bolachinenses espectadores, Um transformou-se numa sardinha e do lado contrário ao da estalagem apareceu um exército de pinguins esfomeados que marchavam na direcção dele.
De entre as nuvens negras apareceram centenas de succubus que, em voo picado, começaram a açoitar os pinguins com chicotes de cabedal, obrigando-os a parar para recuperar. Em seguida, um herói a cavalo com um turbante negro na cabeça dirigia-se de adaga em punho pronto a desferir golpes para eliminar os restantes pinguins, no entanto, assim que chegou perto daquele aparato todo, desceu do cavalo e começou a tirar maçãs de um saco que trazia às costas. Além do mais, o seu punhal era larilas e tinha uma imagem da hello kitty.

- Hey, tinha nada! - protestou Um.
- Hahah, cala-te e escreve mas é.

Enquanto o cavaleiro do turbante usava o punhal para descascar as maçãs, os aldeões do reino de Bolachinhas começaram a tornar-se todos cinzentos e verdes e mal cheirosos e lentamente começaram a dirigir-se para A gemendo «Braaaaaaains.........». A começou a ficar lentamente rodeado e a entrar em pânico, mas vindos do chão e fazendo barulhos como «pop» e «flop» e «plim» começaram a aparecer couves e maçarocas de milho que choviam fogo e manteiga quente para cima dos zombies que se dirigiam para A, que recuperou a calma. O restante dos habitantes de Bolachinhas, que consistia agora em alguns membros podres dilacerados pelo chão, foi devorado por trepadeiras que emergiram do chão de entre as couves e voltavam a mergulhar novamente como golfinhos a um ritmo alucinante. Cada cadáver que cada trepadeira comia dava mais energia a cada um dos lobos, que, a ritmo acelerado, apareceram do meio da floresta e desenhavam no chão um rasto de saliva que apontava para o sítio onde A estava.

- Sempre os malditos lobos... - disse A subconscientemente enquanto escrevia.
- Safa-te lá dessa, quero ver... - respondeu Um.

Uma nave espacial em forma de disco desceu do céu a uma velocidade espantosa e aterrou sobre os lobos deixando-os atordoados. De lá de dentro saiu um extraterrestre vermelho com um DVD na mão e, usando-o como arma, começou a esquartejar as gargantas dos lobos sem dó nem piedade. Os lobos estavam todos a cair por terra quando, de repente, aparece um agente da PJ que intercepta o extraterrestre e lhe pede a licença de porte daquela arma de destruição maciça. O extraterrestre vendo-se encalacrado, tira uma sardinha voadora das suas costas e voa para longe. O agente da PJ em seguida ajusta o seu farto bigode com os seus dedos gordos e dirige-se a A para o algemar.

- Bolas, tu és bom... - disse A.
- Ainda não viste tu nada!
- Imagino que esteja na hora do golpe de despero...
- Sim, já cá faltavam os meteoros - disse Um metendo um balde na cabeça - manda-os vir.

O chão começou a tremer e o céu ficou vermelho da cor do fogo. Milhares de enormes cometas e meteoros irromperam do céu e começaram a correr furiosamente em direcção ao solo. Quando os primeiros encontraram o chão, apareceu por trás de A, sem que este visse, uma imponente figura negra com um capuz que lhe cobria algo que nunca ninguém vira. Um pequeno toque da sua gélida foice foi mais que suficiente para fazer A cair morto no meio do chão, hirto como a pedra da sua lápide que surgiu imediatamente.

- YEAH! - gritou Um feliz - Ganhei de novo! Obrigado por me vires ajudar, Morte.
- Sempre às ordens. Quero dizer, não... Foi a última vez enquanto não me pagares. Ainda estou em greve.
- Ah, sim... Sobre isso....

Um rabiscou qualquer coisa no seu papel, fazendo o Morte desaparecer.

- Chato. - olhou em volta observando a impressionante chuva de fogo e consultou o relógio - Pois é, pois é, cá estamos....... Porra, o Alfa está demorado desta vez... Bem, vou-me divertir enquanto...

Montando o cavalo de Midsat, que ainda estava a brincar com a sua adaga da hello kitty, Um lançou-se para o meio da floresta em chamas, tentando desviar-se ao máximo das rochas ardentes que caíam dos céus. Eventualmente foi apanhado por uma da qual não se conseguiu desviar e, sem tentar sequer fugir, morreu ali incinerado.



Algumas horas depois, no topo da mais alta torre do castelo, Alfa levantou-se da cama ainda de boxers e olhou os campos e florestas do castelo, negros da cor do carvão. Do céu choviam os últimos rochedos e havia fumo e cinzas por todo o lado. «Que putos estes gajos...» - pensou - «Será que grito?»


- TODOMÉ!!!!!!!! - gritou ele do varandim com toda a força que os seus pulmões lhe permitiram.







- Então, que querem jantar desta vez? - perguntou Um.
- Quem ganhou afinal? - perguntou Alfa.
- Foi ele, para variar. - respondeu Um apontando para A - Que se come?
- Eu voto nas panquecas. - disse A - Comida de vencedores!






Havia uma vez, num reino chamado Bolachinhas, longínquo em distância e tempo, três heróis que viviam numa estalagem de madeira a cair aos bocados. Para grande infelicidade desses três guerreiros, o chefe dessa estalagem todos os dias servia panquecas para o jantar.
- O que temos para o jantar? - perguntou o guerreiro A.
- O mesmo que temos todas as noites... - respondeu o guerreiro Alfa.
- Panquecas... - sorriu o guerreiro Um - com tomate.
- Raios. - respondeu A.

A vida era pacata naquele reino.

quarta-feira, maio 27, 2009

Pandemónio

Os capítulos menos maus desta treta estão aqui e aqui.


Capítulo 5
Uma Supernova Incandescente Renasce


Era Inverno ou Outono. Uma paisagem pintada a preto e branco escondia-se atrás de um sinal a um refrigerante qualquer sem interesse. Eu estava em cima da ponte que o suportava. Não me lembro se olhei para baixo, porque sei que não se encontrava lá nada. Foi de lá que caí e fui sugado pelo túnel para debaixo da ponte.

- Jovem, é a sua vez. – disse-me o homem da bata branca, pedalando.
- O quê? Onde estou?
- Em frente à farmácia. Estão à espera para o atender. – acrescentou antes de desaparecer.

Entrei recordando-me do sítio onde as portas estavam, pois não conseguia ver a entrada. A figura no espelho ainda lá estava, agora uns anos mais velha, desconfiada como sempre.

- Noventa e oito... – chamou o homem do balcão.

Procurando nos meus bolsos, encontrei uma senha precisamente com o número 98.

- Boa noite, – disse eu – não me lembro de ter estado aqui, podia ajudar-me?
- Precisa de algo para a memória, portanto.
- Aparentemente.
- Ok, é tomar isto de 12 em 12 horas e isso dentro de um mês está resolvido. – disse ele, estendendo-me um frasco que fazia um barulho invulgar.
- Está bem. Não, espere, não está bem. Se estou com problemas de memória, como espera que me consiga lembrar de tomar isso?
- Nessa altura eles já estarão a fazer efeito.
- Ah, faz sentido... – disse eu sem achar sentido.
- São 60 escudos. – respondeu ele.
- Escudos? 60? Está bem. Espere, não está bem. Não tenho carteira. O que aconteceu à minha carteira?


Nisto, pelas portas da farmácia entra uma rapariga jovem, pálida como a neve, e senta-se em cima do balcão, entre mim e o homem que me atendia, olhando-nos fixamente. O seu reflexo havia desaparecido do espelho que nos mirava de longe todo este tempo. A sua presença era fantasmagórica e existia algo nela que me perturbava e me fazia ter vontade de matar o homem ao balcão. Pelo espelho podia também ver o vidro da farmácia, que estava atrás de mim. Lá, um animal estranho com corpo humano encontrava-se agarrado, suspenso com a cabeça para baixo. Uma enorme língua saía negra da sua boca que espumava gotículas de saliva viscosa, evaporando-se no momento que tocavam no chão.


- A sua carteira foi roubada, lamento. - respondeu-me ele, ignorando que algo de estranho se passava ali.
- Ok, quero-a de volta.
- Não a tenho. Não fui eu que a roubei.
- Quem foi?
- Anne.
- Sério? Isso faz algum sentido, ainda que nenhum.
- Bem, vou indo. Até logo.

A jovem em cima do balcão acenou-me e eu saí. Quando olhei para o vidro, do lado de fora, não estava lá ninguém.







Continuei a andar à deriva.


A música de discoteca que ressoava pelas paredes daquele centro comercial tinha cessado para dar lugar ao som de água a cair em cascata. Perdido, chegava agora ao que parecia o centro de todo aquele edifício: uma ampla sala oval aonde iam dar diversos corredores vindos cada um de cada canto. A rapariga que eu vira na farmácia vinha a seguir-me por uns minutos e quando eu parei ela finalmente me interceptou.

- Como são? - perguntou-me ela.
- São verdes, porque as--
- Não é isso. Como são as tuas memórias?

Era uma pergunta parva. Fiquei a olhar para ela sem saber o que responder. Dei comigo a pensar no que se passara na farmácia e apercebi-me que não me lembrara como de lá saí, somente me conseguia recordar da incoerência e, de certa forma, impossibilidade do diálogo com o farmacêutico. Lembrei-me ainda da mulher ruiva que me atravessara transparente e, também isso, me parecia agora impossível. Lembrei-me de

- Então, como são? – interrompeu-me.
- São... implausíveis. No mínimo.
- Então a tua vida é implausível. – disse ela após uns momentos – No mínimo.
- Que queres dizer? Poderei não existir?
- Nada disso. Simplesmente, a única coisa que tens da tua vida até ao último segundo em que viveres são as memórias de tudo por que passaste. No segundo seguinte não terás memórias, logo não terás nada. Tudo o que construíste se perderá. Sem memórias não há passado e o passado é tudo o que existe. Sem memórias não se vive.
- Então e pessoas com amnésia? – perguntei eu – Se alguém viver a segunda metade da sua vida com amnésia, significa que não viveu a primeira metade de todo?
- Precisamente.
- Então e todos os momentos que viveu? Todas as vezes que sentiu e se emocionou?
- Se não fazem parte da sua memória, não fazem parte do seu passado. Como o passado é tudo o que existe, nada daquilo existiu.
- Como podes dizer que o passado é tudo o que existe? O amanhã ainda não aconteceu. O amanhã ainda não é.
- Aconteceu sim, – disse ela confiante – somente não te lembras dele.

Fitei a cascata em silêncio. Escondido por baixo da água que jorrava estava um relógio sem ponteiros que marcava 2:30. Ela parecia entretida por me ter posto a pensar.

- Quem és? – perguntei.
- Quem “sou”?
- Sim, quem és?
- Eu?
- Sim...
- Eu sou..... tu. – disse, visivelmente divertida – Ou não te lembras?

E nesse momento desapareceu. O relógio marcava agora 5:20.




Capítulo 6
A Sonâmbula Anã Negra Cambaleia pelo Espaço Sideral


Continuei a andar e fui dar a um sítio onde ainda não tinha estado. Lá encontrei uma porta enorme guardada por um segurança. Ele tinha óculos escuros e um sombrero mexicano. Comunicava com alguém através de um headset que o fazia parecer uma mistura de agente secreto com Speedy Gonzales. Possuía um bigode fino e retorcido e uma barbicha em forma de V, como o célebre bigode francês.

- O Hitler? Nunca imaginaria... Escuto. – dizia ele para alguém do outro lado.
- Desculpe...
- Sim, o bigode dele era claramente pintado com lápis de cera. Escuto.
- Podia dar-me só uma
- Não, as minas são essenciais, o plano não funcionaria sem elas. Escuto.
- É só porque me roubaram a carteira e
- Tenho aqui o intruso. Já combinamos o resto. Escuto e fim.
- Eu não sou nenhum intruso, só precisava de ajuda para localizar a pessoa que me roubou a carteira. E epá, “escuto e fim” é um bocado idiota.
- Como esperas que diga “over and out”? Over é escuto e out é fim! Achas que davas melhor segurança agente secreto tradutor de inglês maquiavélico conspirador contra o planeta e sósia em part-time do Chuck Norris que eu, é? Escuto.
- Depende, que estás a guardar?
- Oh meu amigo, por trás desta porta está a decorrer uma operação de elevado secretismo que possui objectivos modestos, é um facto, mas importantíssimos para o nosso país!! Escuto.
- Alguém que saiba fazer as bolachas húngaras em condições?
- Conquistar o mundo!!............. Escuto.
- Ah.
- Deveras. Escuto.
- Como está a pensar conseguir isso?
- É top secret. Escuto.
- Tem a ver com minas?
- Já disse, é top secret…… Mas sim, tem. Escuto.
- Daquelas explosivas ou das que se metem nas lapiseiras?
- Que pergunta idiota… das que se metem nas lapiseiras, óbvio. Esta sala está cheia delas. Escuto.
- Não acredito.
- Não? Então anda daí ver. Escuto e fim temporário.

Entrámos na sala que ele guardava, depois de ele ter rodado a chave, introduzido um código e baixado ligeiramente os óculos para reconhecimento ocular. Em seguida arrotou alto, fez o 4, atirou o sombrero para o chão e fez a dança mexicana à volta dele enquanto trauteava a música da Raspa. Ajeitou o nó da gravata que lhe estrangulava o pescoço e só depois se ouviu uma feminina voz computadorizada vinda do tecto a dizer, de forma sexy,

- Rreconhecimento aceite, willkommen Herr Strüdlefickenbructer.
- Danke schön. Escuto.
- Não havia dinheiro para o Microsoft Sam?
- Cá está a sede de operações da Minen, uma organização ultra secreta que opera neste estabelecimento comercial, que visa conquistar o mundo. Escuto.

A sala estava, de facto, cheia até cima de caixinhas de minas. Pilhas e pilhas delas elevavam-se fragilmente até à altura de talvez três andares. Conquistar o mundo apenas usando minas seria algo engraçado e até bonito de se ver. Escravatura global seria bem mais fácil de suportar se fosse mantida por minas, porque ao menos ríamo-nos de vez em quando.

- Querem, portanto, conquistar o mundo.
- Correcto. Escuto.
- Com minas.
- Com minen. Escuto.
- Espero que tenham uma metralhadora de minas bem potente então.
- Não, meu amigo. O plano é rapinar todas as minas das fábricas da Rotring e da Staedtler. Quando o mundo ficar à rasca por não conseguir escrever, sem ficar com as mãos sujas de tinta de caneta, a Mutter Deutschland venderá as minas para todo o mundo em troca de petróleo. Quando as pessoas ficarem cansadas, cheias de sede e com bolhas nos pés por andarem só a pé, nós faremos papel de bonzinhos e iremos à Noruega comprar bacalhau para distribuir pelo mundo, porque espalharemos o boato que o bacalhau faz bem às verrugas. O que as pessoas não sabem é que o bacalhau só servirá para lhes dar ainda mais sede e fazer com que fiquem com espinhas presas na garganta.
- Hmm.. Há um
- Quando as pessoas precisarem de alicates para retirar as espinhas, nós vender-lhes-emos o petróleo que lhes comprámos pelas minas para elas irem ao supermercado comprar água e alicates, porque nessa altura já estarão com os pés tão desfeitos que não conseguirão andar. Com o dinheiro do petróleo compraremos toda a água doce potável do mundo e seremos imperadores porque não deixaremos ninguém que não trabalhe para nós bebê-la. Nunca suspeitaste que sempre que compras minas, diz na caixa “Made in Mutter Deutschland que ein Tag vai conquistar das Wörlde”? Escuto. Todas as marcas de minas do mundo são alemãs! Escuto.
- Está bem, mas eu agora vou avisar os governos internacionais para não comerem bacalhau por causa da nova Gripe Bacalhuína e o vosso plano cai por água abaixo. Toma.
- Schnell, prende-o já seu Dummkopf. – ordenou a voz computadorizada.
- Sim, mein Führer. Ich vai prendê-lo. Escuto.
- Führer? Quer dizer que... Não pode. Não! – disse eu incrédulo.
- Ja! Das ist gut! Ich Bin das Hitler und ich will konquer der Worlde eine plus timen!!
- És o Hitler e tens uma voz feminina?
- Jawoll. A idiota da Anne prrogrramou mal o banco de voz quando instalou o DVD da minha perrsonalidade e agorra fiquei com voz de gaja.
- A Anne? Impossível. Por falar na Anne, onde anda ela? Ela tem a minha carteira...
- Foi à loja de informática comprar um fax, preciso de enviar um cartão de aniversário aos meus avós. Escuto.
- Ok, vou indo então. Boa sorte.
- Dummkopf!!!! Não o deixes escapaarrrrrrrrr!!!!!1!!!einz!1!
- Sim, Führer. Escuto.
- E párra-me com a trreta do escuto, já não há quem te aguente.
- Com certeza, Führer. Escu... teiros.

Comecei a correr para dali fugir. Ao correr desajeitadamente em meu enlace, o sombrero do segurança embarrou ligeiramente numa pilha de minas menos bem colocada. O último som que saiu da sua boca foi o grito ensurdecedor de quando um milhão de agulhas de carvão o trespassou de uma ponta a outra numa apoteose de sangue:

- Escuto.... E fiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim...
- Arrgh. Lá se foi o meu futurro prrimeirro-ministrro das Carraíbas e Novo México... Scheisse.




NZL

PS: Prometo que o de warcrap vai estar melhor.
PPS: Folgo em imaginar que, onde quer que ele esteja, o Flahur ainda leia o Imperialium e eu não ande para aqui a escrever só para o Varg.