sábado, junho 20, 2009

A trilogia das aventuras dos Todomés



Havia uma vez, num reino chamado Bolachinhas, longínquo em distância e tempo, três heróis que viviam numa estalagem de madeira a cair aos bocados. Para grande infelicidade desses três guerreiros, o chefe dessa estalagem todos os dias servia tomate assado com tomate para o jantar.
- O que temos para o jantar? - perguntou o guerreiro número Um.
- O mesmo que temos todas as noites... - respondeu o guerreiro Alfa.
- Tomate. - sorriu o guerreiro A.
- Raios. - Respondeu Um.

A vida era pacata naquele reino.

- Oh Um! - disse A assim do nada - Já fazias era umas panquecazitas para nós. Estou farto de comer a treta do tomate todos os dias.
- Eu é que me devia queixar! Sabes bem que se tivesses acabado a treta do post a tempo, agora andávamos a comer que nem uns lordes. - respondeu Um.
- Não se peguem. Ninguém tem culpa, - interveio Alfa enquanto A e Um entreolhavam-se grunhindo. Fez um compasso de espera enquanto observava a expressão de cada um deles e depois prosseguiu - excepto o A. O Um tem razão.
- Não te metas, senão faço aparecer aqui um Urso para lhe arrancar a cabeça. - ameaçou A levantando-se da mesa.
- Pessoal, ainda vamos ser expulsos daqui novamente e vocês têm de reescrever isto tudo.
- Está calado Alfa. - disse Um levantando-se também da mesa. - Para escreveres Ursos a fazer-me mal já estás pronto não é? Preguiçoso!
- Queres levar isto lá para fora? Queres?
- Oh não, que mal fiz eu às Cáries? - murmurou Alfa - Bem, se precisarem de mim estou a saquear o castelo, a matar o Rei e a violar a Princesa...... Novamente. Vejam se desta vez me dão tempo para tudo! Aliás, desta vez grito eu Todomé.

Todos concordaram e Alfa saiu da estalagem. Um e A seguiram-no após uns momentos, empurrando-se um ao outro repetidamente até à saída. Vários habitantes de Bolachinhas apinharam-se em redor da estalagem na esperança de ver um bom espectáculo de machado contra mosquete, mas, para sua grande surpresa, quando lá chegaram viram A estender uma folha a Um.

- Toma lá, não gastes isso tudo. - entregou A.
- Hey, eu tenho menos! - queixou-se Um.
- Que lata, sou eu sempre a dar o papel! Além do mais da última vez eu fiquei com uma folha quadriculada!
- Ok, ok vamos lá despachar isto. Vais sofrer seu cretino!............. Tens uma caneta que me emprestes?
- Grr... Outra vez? - disse A estendendo a mão. - Toma.
- Agradecido. Estás pronto?
- Força.


Um e A começaram a escrever maniacamente nos seus pedaços de folha. O céu tornou-se negro e relâmpagos começaram-se a ver ao longe nas montanhas. Perante o assombro dos Bolachinenses espectadores, Um transformou-se numa sardinha e do lado contrário ao da estalagem apareceu um exército de pinguins esfomeados que marchavam na direcção dele.
De entre as nuvens negras apareceram centenas de succubus que, em voo picado, começaram a açoitar os pinguins com chicotes de cabedal, obrigando-os a parar para recuperar. Em seguida, um herói a cavalo com um turbante negro na cabeça dirigia-se de adaga em punho pronto a desferir golpes para eliminar os restantes pinguins, no entanto, assim que chegou perto daquele aparato todo, desceu do cavalo e começou a tirar maçãs de um saco que trazia às costas. Além do mais, o seu punhal era larilas e tinha uma imagem da hello kitty.

- Hey, tinha nada! - protestou Um.
- Hahah, cala-te e escreve mas é.

Enquanto o cavaleiro do turbante usava o punhal para descascar as maçãs, os aldeões do reino de Bolachinhas começaram a tornar-se todos cinzentos e verdes e mal cheirosos e lentamente começaram a dirigir-se para A gemendo «Braaaaaaains.........». A começou a ficar lentamente rodeado e a entrar em pânico, mas vindos do chão e fazendo barulhos como «pop» e «flop» e «plim» começaram a aparecer couves e maçarocas de milho que choviam fogo e manteiga quente para cima dos zombies que se dirigiam para A, que recuperou a calma. O restante dos habitantes de Bolachinhas, que consistia agora em alguns membros podres dilacerados pelo chão, foi devorado por trepadeiras que emergiram do chão de entre as couves e voltavam a mergulhar novamente como golfinhos a um ritmo alucinante. Cada cadáver que cada trepadeira comia dava mais energia a cada um dos lobos, que, a ritmo acelerado, apareceram do meio da floresta e desenhavam no chão um rasto de saliva que apontava para o sítio onde A estava.

- Sempre os malditos lobos... - disse A subconscientemente enquanto escrevia.
- Safa-te lá dessa, quero ver... - respondeu Um.

Uma nave espacial em forma de disco desceu do céu a uma velocidade espantosa e aterrou sobre os lobos deixando-os atordoados. De lá de dentro saiu um extraterrestre vermelho com um DVD na mão e, usando-o como arma, começou a esquartejar as gargantas dos lobos sem dó nem piedade. Os lobos estavam todos a cair por terra quando, de repente, aparece um agente da PJ que intercepta o extraterrestre e lhe pede a licença de porte daquela arma de destruição maciça. O extraterrestre vendo-se encalacrado, tira uma sardinha voadora das suas costas e voa para longe. O agente da PJ em seguida ajusta o seu farto bigode com os seus dedos gordos e dirige-se a A para o algemar.

- Bolas, tu és bom... - disse A.
- Ainda não viste tu nada!
- Imagino que esteja na hora do golpe de despero...
- Sim, já cá faltavam os meteoros - disse Um metendo um balde na cabeça - manda-os vir.

O chão começou a tremer e o céu ficou vermelho da cor do fogo. Milhares de enormes cometas e meteoros irromperam do céu e começaram a correr furiosamente em direcção ao solo. Quando os primeiros encontraram o chão, apareceu por trás de A, sem que este visse, uma imponente figura negra com um capuz que lhe cobria algo que nunca ninguém vira. Um pequeno toque da sua gélida foice foi mais que suficiente para fazer A cair morto no meio do chão, hirto como a pedra da sua lápide que surgiu imediatamente.

- YEAH! - gritou Um feliz - Ganhei de novo! Obrigado por me vires ajudar, Morte.
- Sempre às ordens. Quero dizer, não... Foi a última vez enquanto não me pagares. Ainda estou em greve.
- Ah, sim... Sobre isso....

Um rabiscou qualquer coisa no seu papel, fazendo o Morte desaparecer.

- Chato. - olhou em volta observando a impressionante chuva de fogo e consultou o relógio - Pois é, pois é, cá estamos....... Porra, o Alfa está demorado desta vez... Bem, vou-me divertir enquanto...

Montando o cavalo de Midsat, que ainda estava a brincar com a sua adaga da hello kitty, Um lançou-se para o meio da floresta em chamas, tentando desviar-se ao máximo das rochas ardentes que caíam dos céus. Eventualmente foi apanhado por uma da qual não se conseguiu desviar e, sem tentar sequer fugir, morreu ali incinerado.



Algumas horas depois, no topo da mais alta torre do castelo, Alfa levantou-se da cama ainda de boxers e olhou os campos e florestas do castelo, negros da cor do carvão. Do céu choviam os últimos rochedos e havia fumo e cinzas por todo o lado. «Que putos estes gajos...» - pensou - «Será que grito?»


- TODOMÉ!!!!!!!! - gritou ele do varandim com toda a força que os seus pulmões lhe permitiram.







- Então, que querem jantar desta vez? - perguntou Um.
- Quem ganhou afinal? - perguntou Alfa.
- Foi ele, para variar. - respondeu Um apontando para A - Que se come?
- Eu voto nas panquecas. - disse A - Comida de vencedores!






Havia uma vez, num reino chamado Bolachinhas, longínquo em distância e tempo, três heróis que viviam numa estalagem de madeira a cair aos bocados. Para grande infelicidade desses três guerreiros, o chefe dessa estalagem todos os dias servia panquecas para o jantar.
- O que temos para o jantar? - perguntou o guerreiro A.
- O mesmo que temos todas as noites... - respondeu o guerreiro Alfa.
- Panquecas... - sorriu o guerreiro Um - com tomate.
- Raios. - respondeu A.

A vida era pacata naquele reino.