sexta-feira, junho 06, 2008

Dream Black

Prologo - Parte 1

Um leve rachar de ramos e folhas ouvia-se debaixo dos seus pés à medida que ela caminhava pela floresta, os seus olhos e os ouvidos atentos a qualquer distúrbio. Qualquer som, desde o vento a bater nas folhas, até aos pequenos animais que passeavam pela floresta lhe faziam levantar a arma. Apesar de ser um pouco frustrante cada vez que ela acabava com a arma apontada a um mocho ou outro tipo de criatura, ela sabia que todo o cuidado era pouco, não estava a lutar num local conhecido, tinha poucas balas e estava à caça de uma criatura violenta e descontrolada, como se isso não bastasse, ainda não lhe tinham confirmado que a área estava segura, o risco de encontrar inocentes, ou pior, ignorantes à Ilusão, era quase inexistente, no entanto, pequeno ou grande, era um risco a ter em conta.

Seguidamente à sua pequena mas demorada caminhada pela orla da floresta, ela chegou a uma pequena clareira onde que a lua, cheia e prateada, inundava-a com a sua luz, no seu centro havia um trilho de relva queimada, ao observar com mais atenção conseguia ver-se que o trilho queimado fazia um padrão especifico. “Deve ser esta a marca” pensou Mariana deixando cair o seu casaco e a mochila, esticando os braços de seguida. A mochila estava ensopada em sangue e já pingava, talvez ela tivesse sorte mas era muito pouco provável que ele não tivesse sentido o cheiro até agora, portanto ela teria de trabalhar rapidamente para sua segurança. Era altura de tirar a limpo as ordens, portanto pegou no seu telemóvel e decidiu confirmar, um toque bastou até uma voz no outro lado falar com ela:

- Boa noite Mariana. Então, o nosso lobisomem está morto?

- Não tive contacto com ele e ainda nem tive a clarificação da área estar limpa. – Respondeu ela rapidamente enquanto abria a mochila, era nestas alturas que os seus quatro braços extra davam jeito.

- A área não está limpa e não vai estar, a equipa encontrou dois alvos mas não os conseguimos remover. – Do outro lado da linha havia uma conversa de fundo enquanto que a Mariana tirava pedaços de carne da mochila e espalhava-os pela clareira. – - Estás autorizada pelo Conselho a romper a Ilusão, elimina esse lobisomem e quero qualquer humano com que entres em contacto capturado, estamos entendidos?

- Não esperava nada mais, adeus Júlio, um beijo.

Após desligar o telemóvel lançou-o gentilmente contra o chão, afastou a mochila retirando uma garrafa cheia de sangue, despejou esse sangue no chão em forma de círculo e colocou-se no centro. Ambas as suas mãos inferiores agarravam uma pistola, as suas médias mantinham-se esticadas horizontalmente como se a sentir o ar e outra vez as superiores agarravam uma outra arma. Ela inspirou fundo, o cheiro fresco da floresta tinha sido substituído por um intenso odor a sangue e a carne, ao sentir esse cheiro sorriu sabendo que não haveria outra hipótese se não o lobo ser atraído para a caçadora.

Ela esperou vários minutos até algo se mexer na densa floresta para alem dos ruídos dos animais, ruídos esses que Mariana já se tinha abstraído. Abrindo os olhos, agora coberto por uma película preta, via a noite noutras cores, o azul da floresta era apenas perturbado por pequenas manchas avermelhadas dos animais, até que irrompeu uma mancha de tamanho humano, atrás dela algo monstruoso perseguía-a. Ela esperou e respirou fundo. A figura humana passou pelas ultimas arvores antes da clareira e veio ajoelhar-se aos pés de Mariana, gritando, implorando com voz de mulher assustada.

- Vem algo atrás de mim! Atacou o meu namorado, por favor! Ajude-me! Por favor. – Enquanto isso puxava-lhe por um dos braços.

- Cala-te! Larga-me! – Gritou a Mariana para a fugitiva encostando-lhe uma das armas à cabeça, fazendo a rapariga quedar-se em silêncio, aterrada com a criatura que estava à sua frente, enquanto com a outra arma seguia a indicação térmica do lobisomem que as circundava.

Ela ainda não podia disparar, ele não tinha entrado na clareira fazendo com que qualquer tiro tivesse uma forte possibilidade de falhar ao embater numa árvore e as balas de prata que ela possuía eram só aquelas que tinha nos cartuchos. Ao seu lado, a rapariga quase morta de terror desfazia-se em lágrimas até ao momento em que a arma que lhe foi retirada da cabeça para seguir o verdadeiro alvo.

O lobisomem evitava avançar, talvez intrigado com a visão de outra criatura no decorrer da sua caça, ou talvez estranhando o intenso cheiro a carne e sangue, mas independentemente da razão, ele bufava e rosnava enquanto se deslocava de um lado para o outro nos limites da clareira. A Mariana não tirava o olhar dele. Já não era o primeiro lobisomem com quem ela se debatia e para ela não passavam de animais enraivecidos, mais cedo ou mais tarde ela sabia que ele iria investir. O que não tardou muito. Apoiando-se em árvores para impulso a enorme criatura, espumando de fúria e com um uivo louco, saltou da escuridão em direcção à Mariana, com as suas enormes garras e dentes afiados prontos a rasgar e triturar ossos. Tudo aconteceu num piscar de olhos. Em pleno salto o corpo da criatura absorveu quatro balas fazendo-a cair e rebolar pelo chão. Antes de sequer se levantar, a sua caçadora correu para cima dele e sem mais nenhum som para alem do rasgar do disparo das suas duas pistolas a vida do lobisomem acabou.

Um suspiro vindo da boca de Mariana corta o silêncio arrepiante que tinha seguídos seus últimos disparos, em seguida a unida coisa que se ouve é o incessante lamurio da rapariga que tinha fugido desta criatura o que faz lembrar Mariana da sua segunda missão.

Continua...


Coisa:
Coisa 1: Isto terá continuação directa, portanto será um pouco confuso ler a segunda parte sem ter alguma recordação desta.
Coisa 2: O prologo não terá sentido nenhum com o inicio da historia em si, mas fará mais sentido conforme a historia for avançando (ainda não decidi se a irei postar mesmo)
Coisa 3: A Saga da lua, não está esquecida e o próximo post virá em breve!
Coisa 4: Isto não tem muito pouco humor, até me arrisco a dizer que não tem nenhum. Peço imensa desculpa.

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