quinta-feira, fevereiro 04, 2010

EqF 3 - Culto dos copos com sal.


Estava Eu, num dos sítios normais onde a população de hoje em dia gosta de fazer o tal “curtir” (outra palavra que odeio, pelo menos usada nesta situação) ou seja, em cima de uma sofá, com Ela em cima de mim e as bocas fundidas por uma camada de saliva. O habitual… corpos quentes, com as mãos por todo o lado, roupas a quererem começar a saltar… o habitual. Quando tivemos a ideia de correr para o quarto e continuar as coisas lá. Assim o fizemos, metemo-nos no quarto e com um violento estrondo lançamo-nos para a cama. Estava quase a acontecer, já conseguia imaginar o grupo coral, que tenho escondido no meu armário para tal ocasião, a saltar de lá e com vozes afinadas e angélicas entoar o tão conhecido “Aleluia!”. Naquela altura em que por entre toques beijos e uma respiração ofegante, nós não conseguimos pensar em rigorosamente nada. No entanto houve algo que nos parou.

Um grande estrondo na porta ouviu-se no quarto.

Saltei de cima dela, assustado e ela retribuiu-me o olhar.


Eu: O que é que foi isto?

Ela: Não sei…


O estrondo foi ouvido outra vez. Ela levantou-se e puxou os cabelos para trás. Gesto que normalmente me deixaria com vontades mas nesta situação não me fazia sentir nada devido aos estrondos consecutivos que me distraiam. Algo não cheirava bem. O estrondo foi soando menos audível e mais ritmado até que tornou-se apenas um simples bater à porta. Confuso por tal não disse nada mas Ela tomou a iniciativa:


Ela: Quem é?

Voz: É o papá e a mamã!

Ela (sussurrando): O facto de estarmos em tua casa torna isto estranho.

Eu: (sussurrando): Acho que já sei o que se passa.

Voz: Podemos entrar?

Eu: sim.


A porta abriu-se e duas criaturas moveram-se como se os seus pés não tocassem no chão. Estavam todas cobertas num robe negro que apenas revelava as mãos ossudas e grotescas assim com as suas bocas cinzentas repletas de dentes finos e aguçados. Nas suas cabeças possuíam uma coroa estranha que era ornamentada com um copo de plástico no topo. Uma das criaturas era mais baixa que a outra e também mais corpulenta, foi essa que falou:


Criatura: Obrigado por nos deixares entrar, és um querido.

Ela: O que são estas coisas.

Eu: Eqfs.

Ela: Quê?

Criatura: Oh, devia apresentar-nos não devia? Eu sou a Rosaliterigalaminugaturakina e o meu companheiro é o Bob.

Bob: Prazer.

Kina: O meu querido Bob fala pouco, vem de uma família também muito pouco faladora, por isso é que tem esse nome.

Eu: O que é que vocês querem?

Ela: E não podiam quere-lo daqui a 40 minutos?

Eu: Hei! Não penses pouco de mim sim? Eles têm de vir agora ou então só podem vir cá amanhã.

Ela: Então o que é que eles estão aqui a fazer AGORA?

Kina: Nós somos os magníficos e terríveis EqF’s dos Copos de Sal no Canto dos Quartos!


Com essas palavras ditas, Bob deslocou-se para um dos quatro cantos e retirou o copo do topo da sua coroa onde imediatamente outro copo tomou o seu lugar. Em seguida colocou-o no canto e da sua boca cuspiu um liquido translúcido muito espesso. Depois estendeu o braço à sua companheira e pediu:


Bob: Sal.


A Kina tirou um saleiro debaixo do manto e lançou-o contra Bob que apanhou-o com a sua mão horripilante e passou de seguida ao próximo canto.


Eu: Mas que vem a ser isto?

Kina: Não te preocupes, é só metermos os copos nos cantos do quarto e deixamo-vos aos vossos… desígnios.

Ela: Hei, os nossos desígnios não são para ser… designados… na presença de nenhuns copos!

Kina: Oh vá lá, não fazem mal nenhum.

Eu: Não ouviu a senhora? Não, é não.


Com isso dito, peguei no copo que Bob já tinha colocado e lancei-o pela janela fora. Da rua consegui ouvir alguém a dizer “ahahah está a chover! A chover!! ahahah”. No entanto, Bob apenas voltou a cabeça para o canto onde tinha posto o copo que tinha acabado de voar pela janela e disse.


Bob: Não, não…

Bob deslocou-se para perto de mim e afastou-me com a sua mão, como se a única coisa que lhe fizesse era estorvar o caminho. E lentamente recomeçou o processo de colocar o copo no canto.

No entanto Kina manteve-se quieta a olhar para Ela e com um sorriso na cara perguntou:

Kina: Gosto muito do teu cabelo, é pintado?

Ela: É sim, mas hoje nem está grande coisa.

Kina: Oh minha menina, não digas isso. Qualquer dia ainda pinto o cabelo assim. E que tinta usas?

Bob: Sal.

Kina: Eu já te dei o sal!

Bob: Ah.

Kina: Eu costumo pintar no cabeleireiro, mas as tintas deles são cheias de químicos e daqui a pouco estrago o cabelo todo.

Eu (mandando outro copo pela janela): Tu não devias estar a ajudar o teu Bob? É que a este ritmo vocês nunca saem daqui

Alguém: HIHIHI. Está a chover outra vez! WEEEEEE!!

Kina: O quê? Achas alguma vez que alguém do meu calibre se rebaixaria a tal trabalho? Para além do mais estou cansada, tive o dia todo a planear esta invasão.

Ela: Coitado do Bob, de facto.

Kina: Coitado? Filha! Devias estar do meu lado, nós mulheres temo-nos de manter unidas contra estas bestas que só se preocupam com moldavas.

Eu/Bob: Russas.

Ela: Claro que eles vão se preocupar com as moldavas…

Eu/Bob: Russas.

Ela: … isso. Mas nós temos de mostrar que somos melhor que as moldavas, russas, asiáticas, o que for que eles querem. Temos de lhes mostrar que para além de conseguirmos ser mais bonitas, somos também inteligentes, divertidas que lhes sabemos dar valor. Do outro lado, eles também têm de fazer o mesmo, de se mostrar inteligentes, de se manterem bonitos para nós, de saberem lavar pratos e é melhor que saibam cozinhar ou então passam fome!!

Kina: Tu estás a viver no passado! Eles deviam ser nossos escravos! Lamber-nos as botas dos pés e nós devíamos engordar e ficar feias e eles só deviam era de gostar!

Ela: certo…

Kina: Certo sim! Nós merecemos ser deles independentemente de…


Farto da conversa não pensei duas vezes e em vez de pegar no copo que o Bob acabara de pousar peguei na Kina e lancei-a janela fora. Consegui outra vez o “AHAHAHAHA está a chov…” mas não passou disso quando coincidiu com o estrondo da Kina a estatelar-se no chão. O Bob parou o seu ritual e olhou para nós. Com um sorriso nos sua boca disforme e disse simplesmente:


- Obrigado.


Entreolhamo-nos enquanto o Bob se deslocou para a mesa-de-cabeceira. Do seu manto negro tirou uma nota de 50€, colocou-a em cima da mesa e disse antes de abandonar o quarto.


Bob: Protecção.


Ficamos a olhar um para o outro com um olhar confuso com o que se tinha passado. Será que estes EqF’s não conseguiam subsistir um sem o outro? Ou será que eram um casal como muitos outros descontentes com a relação que tinham, ou será que Bob tinha sido vítima de um EqF e odiava o trabalho que fazia e sem a Kina a comanda-lo ele tornou-se livre.

Mas problemas desses teriam de se pensar noutra altura que agora a única coisa que me passava pela cabeça era a combinação de vermelho rosa e de pele branca e sedosa que e encontrava por entre cobertores azuis. Ai como as coisas deste mundo desvaneciam não presença de uma mulher com pouca roupa… é por isto que o mundo no futuro ou será dominado por mulheres, por gays ou por robôs… e agora já estou a divagar. Mais tarde conto-vos o resto.

Fim.

1 comentários:

Anónimo disse...

Isto teve tanto de épico como de wtf?

A minha teoria: 50 euros para comprar preservativos para que a descendência do Varg não venha a desenvolver tecnologia robótica para conquistar o planeta Terra. Os EqFs são na realidade seres que vieram do futuro só para impedir o Varg de procriar. Obviamente!