terça-feira, junho 22, 2004

Pizzaria Filemon

Tiroteio Inicial

Estava eu, numa linda noite de sexta-feira, a vender Bíblias Satanistas de Lavei, quando vejo um tiroteio entre uns indivíduos, por detrás de um Onda preto, e um empregado de uma pizzaria. Assisti ao conflito com alguma precaução. Inclusivamente, pedi ao meu mordomo para comprar um colete à prova de bala à Mercearia do Zé. Dei-lhe uns trocos a mais para me trazer uns fritos e um sumo de laranja. Tirei da minha mala uma cadeira montável e sentei-me a assistir, mas com muito cuidado, sem fazer movimentos bruscos.
Atrás do Onda estavam três asiáticos, um tinha uma carabina, o segundo um lança-chamas e o terceiro uma bazuca. O entregador de pizas estava terrivelmente armado com uma caneta sem carga e papel. Bolas pequenas eram disparadas perigosamente contra os pobres dos asiáticos. Um deles dizia para o outro: “Eu bem te disse para trazermos mais armas, que isto ia ser difícil. Ninguém me dá ouvidos!”. Mas isto em inglês, claro! Toda a gente sabe que os asiáticos falam inglês uns com os outros, ou pelo menos é o que se aprende nos filmes.
E então, o que se mais esperava, aconteceu. O entregador de pizas dispara uma bola que acerta mesmo em cheio no olho do gajo da carabina. Este, aflito, dispara ao acaso e acerta no pé do companheiro, que deixa cair o lança-chamas. O lança-chamas ao cair dispara e sai uma labareda contra o indivíduo armado com a bazuca. Este, surpreso pelo ataque dos amigos, dispara a bazuca contra eles. A explosão matou os três e destruiu o carro.

Entrada na Máfia

Admirado, perante a técnica de combate do entregador de pizas, congratulei-o e perguntei-lhe se ele queria comprar uma Bíblia. Ele olhou para mim repugnado e disse “Bah! Se achas que ao vender Bíblias de Lavei és mau, é porque és um cromo do caraças!”. Eu, insultado, respondi: “Hey! Não me julgues mal! Eu costumo riscar os carros da bófia, espancar pedintes à porta do Incontinente, roubar carros na zona do Feijó, vender Cocaine Glue ao Ferro Rodrigo, violar freiras e matar Filisteus!”. Desta vez o “Piza Boy” olhou me com respeito. “Ah, sendo assim, peço desculpa. Quanto é que custa cada exemplar?”. “Vinte e cinco Euros, mas ainda levas um CD do Alice Cupa”.
E então, devido a esta pechincha, o “Piza Boy”, cujo nome era Luigi, achou que eu tinha jeito para o negócio e quis que eu fosse falar com o seu patrão, o sr. Filemon. Este, para além de ser o dono da pizzaria onde Luigi trabalhava, fazendo as suas entregas, era também cabecilha de um gang (se “gang” não for masculino, a culpa é do Word) denominado Filemon’s Gang. Este gang organizava-se nos estabelecimentos da pizzaria.
O Luigi falou da minha técnica para o tentar convencer a comprar a Bíblia de Lavei ao Filemon. Este não se mostrou muito impressionado, mas quando lhe contei que o suposto CD de Alice Cupa era de Tony Carteira, ele apreciou o meu jeito para negócios. O Luigi é que fez cara de poucos amigos…
E foi assim que entrei para a Máfia Italiana em Portugal, como Filemon’s Gangster. O chefe contratou-me de imediato para negociador e, mais tarde, para assassino, pois apercebeu-se que eu tinha jeito para disparar bolas de papel com caneta sem carga.

Primeira Missão

Como primeira missão, para testar as minhas qualidades como assassino, o chefe mandou-me verificar se um tal de Lin Chung estava mesmo morto, no seu funeral, ou se era fictício.
“Aquele gajo é um chato! Já fingiu ter morrido, pelo menos, umas 7 vezes nestes últimos 20 anos. Mas só que eu não sou parvo e desta vez quero ter a certeza”, disse Filemon. “Por acaso ele tem alguma coisa a ver com os asiáticos que disparavam contra o Luigi no outro dia?”, perguntei eu. “Claro! Eles pertencem à Máfia Chinesa em Portugal. E não reparaste no carro? Eles só usam Ondas. Eles só usam marcas do país deles”. “Mas a marca Onda não é japonesa?”, disse eu. “Então devem ser japoneses… Bah! Japoneses, chineses, tailandeses, dinamarqueses, é tudo farinha do mesmo saco!”. “Dinamarqueses? Mas a Dinamarca é um país Euro…”. “Vá! Cala-te e vai lá ao funeral ver se o chinês está morto!”, disse Filemon num modo autoritário.
A viagem foi rápida. Mas enquanto estávamos no carro, o Salvatore (mestre de assassinatos, que ia avaliar as minhas qualidades) reparou que tinha de se abastecer o carro. Jorge, o condutor, revoltado, disse: “Este país é uma vergonha! Agora vou ter que encher o depósito, gastando o meu dinheiro num carro que nem é meu! Os ladrões de automóveis são muito injustiçados. Mas eu vou lutar pelos meus direitos! Ah, se não vou! Vou lutar para que o governo dê um subsídio aos ladrões de automóveis, de modo a que possam pagar os abastecimentos necessários nas viaturas acabadas de furtar”. Um homem com ideias fortes, este Jorge.
Chegámos ao funeral do japonês mafioso e encontrámos, como seria de esperar, uma multidão de asiáticas “boazudas” a chorarem. O padre, pouco depois, iniciou o discurso em memória do suposto defunto.

Padre: Lin Chung era, como todos sabemos, um homem humilde e um pai e marido dedicado, nunca esquecendo a sua família…
Salvatore: Era um homem “humilde” com mais dinheiro que os descendentes do Champô Limão.
Jorge: Pois! E um pai que mandou matar o filho primogénito por este escolher ser polícia, mas que lá por isso não deixa de ser dedicado, claro!
Padre: (fingindo não ter ouvido) Um homem com grande coração, amigo dos seus amigos…
Salvatore: Sim, sim. Como prova da amizade dele pelo irmão, Tsu Zu Chung, mandou cortar lhe o polegar a sangue frio, só por que este lhe devia dinheiro.
Padre: (ignorando) Lin Chung fica eternamente no coração de todos nós como o bom homem que foi. Sem dúvida um bom exemplo da Sociedade Dinamarquesa em Portugal…
Salvatore: Ele não era Dinamarquês, mas sim Japonês…
Padre: Ok, já chega! Vocês têm estado a contrariar tudo o que eu digo desde que comecei e a ofender a alma do pobre defunto! Guardas, levem estes senhores daqui para fora.

Depois de a ordem ter sido dada, iniciou-se uma enorme confusão. Envolvemo-nos num tiroteio com os guardas, que não se mostravam nada importados em destruir a igreja, usando os seus canhões de plasma. No meio da confusão, o suposto defunto, “deu de frosques”, mais dois guardas, deixando-nos só com um. Esse último foi assassinado por mim, pois acertei com uma bola de papel em chamas no nariz do nosso adversário.
Quando regressámos à pizzaria e contámos ao chefe, ele despromoveu o Salvatore devido ao erro crasso deste ao corrigir a nacionalidade de Lin Chung ao padre. Promoveu me a mim para assassino principal, pelo meu desempenho satisfatório.
Mais notícias sobre o meu gang serão dadas dentro de muito em breve.

Ass.: Stupid Son of Sam

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