quinta-feira, fevereiro 24, 2005

A prima do Gilberto

Descia eu pela a avenida ali de Corroios aquela que vira á esquerda, quando vejo uma coisa completamente chocante, não é um gato roxo, não é um insecto gigante a dar brócolos a uma prostituta, não é uma mulher a vender arbustos para consumo diário, nada disso, mas a nossa ocasional cena de pancadaria, eu a aproximar-me da porrada, reparo que são dois homens, bem vestidos a dar com as suas pastas em cima um do outro e a puxar as gravatas um do outro, para tentar resolver aquela grande barafunda peço aos homens para cessar a tareia e não é que eles param mesmo.

Midd: oh senhores, qual é a confusão
Homem 1: foi ele, ele roubou-me o meu atrcion men
Homem 2: não roubei nada, encontrei-o no chão.
Homem 1: mas ele é meu.
Midd: calma lá, esta discussão é toda por causa de um boneco?
Homem 2: não é um boneco, é uma action figure
Midd: wua??
Homem 2: sim é uma action figure que faz parte de uma vasta colectânea de super heróis
Homem 1: pois é, isto não é uma nenuco nem nada assim.
Midd: então uma sharbie, é uma action figure?
Homem 1: não é não, pois ela não entra em séries míticas.
Homem 2 (sussurrando): sempre há a “sharbie e o quebra biscoitos de cão”
Homem 1: ahh, então tu vistes isso!
Homem 2: ouvi falar, não vi, só ouvi falar… ouvi falar.
Homem 1: és um mentiroso, eu bem sei o que se passou.
Homem 2: não sabes não! Não tens provas
Homem 1: eu bem te vi com os colans de rede e o batom

Nesse momento vejo que a conversa está a ir para caminhos negros e perigosos, eu rapidamente afasto-me, numa retirada táctica para um bar, entro no bar, com o seu normal afluente de pessoas, com varias decorações nas paredes, cabeças de veados, troféus de caça, duas cabeças humanas, um besouro do tamanho de uma mesa, um preservativo usado e um anjo a matar um demonio com uma moto serra, por de traz do balcão uma foto da Virgem Maria na leitaria a ser comida pelo anjo.
Sento-me no meio de duas pessoas que não conheço de lado nenhum, mas vendo que uma delas está extremamente perturbada, eu tento falar com ela:

Midd: está tudo bem com você?
Pessoa verde e extremamente grande: eu estar chateado, por eu ser verde
Midd: tu não és o hulk pois não?
Hulk: eu ser hulk, eu estar com raiva de ser verde. Por isso não poder voltar ao normal
Pessoa no outro lado: isso não é muito esperto pois não
Midd: e você é.
Sócrates: Mainuxo Sócrates.
Midd: o filosofo?
Sócrates: não, o politico.
Midd: chamas-te Mainuxo?
Sócrates: yah, o outro nome é só para disfarçar, isto é, quem votaria num gajo chamado Mainuxo?
Hulk: eu, voto, porque Sócrates amigo
Sócrates: está calado seu inútil monte de musgo.
Midd: vocês tratam-se bem.
Sócrates: imagina o que é passar dias inteiros a apanhar com esta conversa de atrasado mental e para alem disso ter um gajo qualquer a dizer que eu sou morto nos discursos.
Midd: quem é que disse isso?
Sócrates: um palhaço qualquer da tvijklmnop
Hulk: tvijklmnop má, eu esmagar tvijklmnop
Sócrates: calma grandalhão e tu Midd, o que fazes aqui?
Midd: como sabes o meu nome???
Sócrates: está sempre antes de tu dizeres qualquer coisa, como queres que eu não saiba?
Midd: ah, ok, eu estava aqui a fugir de uns homens que estavam a lutar por causa de um atrcion men
Sócrates (levantando-se repentinamente): o meu atrcion men!! Então são aqueles malvados que o têm. – E então ele corre para fora do bar.

Passado um tempo tendo uma conversa sobre a condição do país e a direcção/condição dos estudos no Portugal de hoje em dia. Ficamos num daqueles silêncios em que repetitivamente dizemos “yup”, até que outra pessoa senta-se ao meu lado e começa a lamentar-se.

Pessoa encapuçada e vestida de negro: esta vida não corre bem, porcaria da demónio, estúpida de primeira.
Midd (em choque): Morte!!!
Morte (olhando para mim): Midd! O que fazes aqui?
Midd: queimar tempo e tu?
Morte: disseram-me que ia haver umas mortes por aqui, por isso eu aproveitei e vim aqui beber qualquer coisa
Midd: então? Ainda estas em greve.
Morte: em greve? Tu substituíste-me por aquela gaja só porque ela tinha um cu maior.
Midd: alguma vez? Não te substitui nada!
Morte: quando ela veio ocupar o meu lugar por estar em greve bem que pareceu isso.
Midd: deves estar a passar mal. Eu não te ia substituir, tu, é que decidistes fazer a greve
Morte: não tenho culpa que tu te interesses mais por uma cara bonita do que por talento!
Midd: eu não me interesso pela cara…
Morte: ok… pelos seios e as nádegas
Lunático (que curiosamente estava no canto do balcão a enfrascar-se em vinho do porto): Braços e mãos! Quais nádegas, quais seios.
Morte: então tu és desses? Que acha que um seio é um monte de gordura e prefere andar a chupar na mão da gaja.
Midd: chaval, cala-te! Eu tenho um interesse em seios, mais do que qualquer outra pessoa. Desde que sejam jeitosos
Morte: estas a chamar-me chavalo para que? Eu tenho idade para ser teu, muitas-gerações-atrás-avô.
Midd: e depois? Só porque andas ai todo divertido a matar pessoas e no hawai e coisas assim a engatar umas índias com fartas carnes, que dão vontade de comer de todas as maneiras possíveis, não quer dizer que possas armar-te mais que os outros.
Morte: tu queres levar isto lá fora?
Midd: agora queres andar a porrada é?
Morte: não, apenas já morreram as pessoas que eu devia vir buscar.

Saímos para rua onde está o Sócrates com os braços ensanguentados e os dois homens que lutavam pelo boneco estripados no chão, o Morte saca de um bloco de notas aproxima-se dos homens e começa a tirar apontamentos, o Sócrates pega no seu boneco e vai-se embora.

Morte: eu vou-me embora por uns tempos.
Midd: vais para onde vais? Como será o mundo sem morte? Imagina um mundo onde ninguém morria? Imagina se o Hitler ainda estivesse vivo e entrasse em novelas brasileiras?
Morte: eu vou, porque a mãe pediu para eu ficar a tomar conta dos cães.
Midd (interrompendo-o): a Rita?!
Morte: não, a minha mãe, ela não percebe o quanto o meu trabalho é importante e está sempre a criticar, ela tem sorte de eu não ter escolhido ser nimpha, mas eu não queria desonrar o pai especialmente agora que ele está vivo, a minha mãe ficou mesmo destroçada quando ele renasceu.
Midd: podias parar de enrolar a conversa e ir ao assunto da morte neste mundo.
Morte: isso vou deixar para minha prima.
Midd: tu tens prima? E é boa?
Morte: é jeitosa sim, tem umas boas carnes… isto é a minha prima por amor de Rita, em que é que eu estou a pensar… e para alem do mais, porque é que tu estas tão interessado?
Midd: nada, mas ela não é esqueleto?
Morte: sabes… isso é um estereotipo dos piores, já na altura em que eu tinha a tua idade, também perguntavam porque é que eu não era esqueleto, é assim tão difícil de aceitar que nós, na família dos ceifadores de vidas também temos carne e nervos e músculos? Não somos só esqueletos cobertos em capas negras
Midd: pronto, deixa estar. Então isso quer dizer que ela pode ser.. tu sabe? – Começo a bater os braços que nem uma galinha, aos pulos pela rua, a dar cabeçadas em postes, e a rebolar pelo chão.
Morte: yah, pode. Mas tu não a tentes levar por maus caminhos, ela é uma rapariga decente e inexperiente, por isso não tentes nada com ela
Midd: achas que eu tentaria algo?
Morte: diz a outra também para se afastar!
Midd: a outra quem?
Morte: a outra, aquela que tem o cabelo loiro.
Midd: não estou a apanhar.
Morte: aquela que te perguntou da outra vez se ficaria bem de loiro.
Midd: e porque é que essa quereria aproximar-se da rapariga?
Morte: não, enganei-me, a loira mesmo
Midd: quem?
Morte: a que tem o fato vermelho e os cornos.
Midd: aquela maluca?
Morte: sim a que tem os piercing’s em sítios que ninguém quer ver?
Midd: já me perdi, quem?
Morte: a Cassandra.
Midd: aahhhhhhhhh…. Mas ela não tem piercing’s
Morte: tu é que ainda não vistes.
Midd: olha que já vi!
Morte: bem eu tenho de ir que já está na minha hora, daqui a uns minutos aparece ai a minha prima.
Midd: mas ela é agradável?
Morte: já passamos por isso.
Midd: estava a falar da dos piercing’s
Morte: vai-te matar.
Midd: tu não me fazes esse favor.
Morte: pois não faço. – O morte assobia e começa a aproximar-se algo
Midd: o que vem ai?
Morte: é o meu transporte.

Nesse momento ele lança-se com um grande salto para o meio da rua, só que a coisa que vinha ainda estava longe, mas passado uns segundos o que se via muito mal ao fundo passa a ser um camião em alta velocidade que leva o morte a sua frente estatelando-o contra o próprio camião e assim ele é arrastado para a casa da sua mãe.
Passado um tempo de andar a gritar “seios” e “nádegas” no meio da rua por razão nenhuma volto a entrar no bar e a sentar-me no sitio onde estava, mas agora nos lugares ao lado estavam duas pessoas estranhas, um homem com uma perna e um braço de pau e do outro lado uma rapariga com uma capa grande branca e o seu cabelo também branco. Ao sentar-me o homem salta do banco e apontando para mim diz.

Homem anormal relembrando um pirada oleoso: Meu rapaz, acabastes de anunciar a tua sentença de morte!
Midd: eu acabei de estar com ele por isso não mencione mais o nome dele por favor
Harupo: acabastes de estar com o Sentença? Eu pensei que ele estava de ferias
Midd: mas o que querias dizer com morrer e anuncia e golfinhos com metralhadoras
Harupo: eu não mencionei morrer, eu só disse que os golfinhos iam aprender a usar metralhadoras e iriam escravizar-nos a todos.
Mulher de manto branco: deixa estar, ele está assim porque tem um tumor no ânus
Midd: isso deve ser mau
Mdmb: eu disse para ele não se coçar com o braço de pau, as farpas infectaram e pronto, ele tem uns 7 minutos de vida.
Harupo: não tenho nada estou rijo que nem um pêro, podia mesmo agora caçar uma orca com as minhas próprias mãos.
Midd: ele parece bastante confiante.
Harupo: estas a ver, até este abacate falante concorda comigo.
Midd: abacate falante? Quer resolver isto lá fora?
Mdmb: não te chateies, ele está com alucinações, ele até confundiu-me com um frango.
Midd: e tem razão, já viu essas pernas, e esses peitos, dão mesmo vontade de, de, fazer uma loucura já mesmo aqui em cima do balcão
Mdmb: és um porco nojento, pensas que eu sou um pedaço de carne qualquer?........ Então vamos cometer essa loucura?
Midd (limpando o balcão): vamos!
Harupo (saltando para os braços da mulher): salva-me, os perus assassinos assados estão a querer comer-me vivo.
Mdmb: com a tua idade e com essa cara, devias aproveitar, sai de cima de mim!
Harupo: mas eles querem fazer papa de mim!
Mdmb: eu estive até agora na casa dos meus tios e tive de me comportar como uma pura de primeira, bem queria eu ser feita em papa nem que fosse por perus.
Midd: tu és estranha.
Mdmb: mas mesmo agora querias fazer uma loucura.
Midd: quem disse que já não quero?
Mdmb: chamastes-me estranha
Midd: e tu chamastes-me porco nojento.
Mdmb: estás-me a deixar-me tão quente com esta discussão.
Midd: então do que estamos a espera?
Harupo: estou a sentir-me quente
Midd: isso é um pouco desmotivante.
Mdmb: eu estava a espera disto.
Harupo: olha pássaros… mais pássaros.
Mdmb: isso vai ter com os pássaros.
Harupo: AHHHH!
Mdmb: o que se passa? – O homem esperneava e berrava nos braços dela. – O que se passa? Estas bem?
Midd: estas bem?
Lunático (que continuava no fundo da mesa a beber vinho do porto): estas bem?
Neo (que no fim das contas era o barman): tu estas bem?
Midd: estas bem?
Lunático: tu estas bem?
Neo: tu estas bem?
Midd: estas bem?
Lunático: tu estas bem?
Neo: tu estas bem?
Harupo: os pássaros estão a cagar-me em cima – depois disso tanto o Lunático como o Neoclipse voltam as suas vidas
Mdmb: oh, é só isso? – Pergunta ela enquanto passava a mão pela cabeça do velho.
Harupo: é!
Mdmb (para o barman): a garrafa mais pesada que estiver ai – o Neo passa-lhe uma garrafa para a mão e ela parte na cabeça do homem.
Neo: hei! Essas poucas-vergonhas no meu estabelecimento não! Podem fazer sexo na minha bancada mas matar homens a garrafada, isso é que não!
Mdmb: peço desculpa, eu vou levar isto lá fora.

Então a mulher troca de lugar com o Neoclipse e do outro lado ela espeta a sua mão no homem arrancando a uma figura fantasmagórica do corpo dele, que já parecia estar morto, essa figura desvanece na sua mão, depois de ver isso o Neo diz a mulher.

Neo: esse é o meu lugar!
Mdmb: e esse é o meu.

Eles voltam a trocar de lugar ela fica calada por um momento e depois volta a falar para mim.

Mdmb: então vamos cometer essa loucura?
Midd: é já! Mas espera? Depois daquilo ali atrás do balcão, tens alguma relação com o Gilberto Morte?
Mdmb: sou a prima dele

Tantatan taraaaaaan

Tan tararara tan tan

Tun Tun turun

Tunrurururan

Lunático: não pode!
Neo: não pode!
Midd: não pode!
Mdmb: mas tu conhece-lo?
Midd: eu sou amigo dele, ele falou-me de ti. Só que disse que eras mais, pura
Rita (que desce dos céus num raio de gloria): não pode!
Neo: já vens atrasada, oh gloriosa deusa!
Rita: raios e eu que pensei que ia ser original.
Lunático: misericórdia! Oh majestosa!
Rita: calma, parece que sou um elefante, mas por isso é que vocês são os meus escolhidos! – E então desaparece outra vez num raio de glória mas batendo com a cabeça no tecto.
Mdmb: podias repetir?
Midd: eu sou amigo dele, ele falou-me de ti. Só que disse que eras mais pura.
Mdmb: então eu não te falei da casa dos tios e tal?
Midd: pois sim, sim. Então quer dizer que já sabes o meu nome certo?
Mdmb: yah, está ai ao lado. O meu é Laura! Laura Morta
Midd: muito prazer. Agora podemos continuar o que estávamos a fazer?
Laura: agradecia.

Então salto para cima da suposta prima do Morte, mas antes que possa fazer algo oiço aquela voz que eu não esperei, uma voz que me encheu de medo e me fez arrepender do que eu estava a ir fazer.

Cass: então a mim não queres comer, mas uma estranha completa isso já não faz mal!
Midd: mas eu… mas… mas…
Cass: mas nada! Vai já para casa, já te divertistes o suficiente.
Midd: mas… mas…
Cass: ai, vai-te embora.

Eu começo a ir-me embora mas a Cassandra aproxima-se da Laura olha-a de cima a baixo e depois dá-lhe um cartão fazendo com a mão o sinal de “telefona-me”, mas ao tentar-se afastar, a Laura agarra-lhe a cabeça e no tronco e lança-lhe a língua ao encontro da boca dela, bem… fluidos trocam-se por uns bons cinco minutos enquanto eu o Neo e o Lunático olhávamos pasmados, mas passado cinco minutos de saliva e baba misturado com algo que parecia teias de aranha, eu decido afastar a Cassandra e começo a arrasta-la para casa.

Midd: então eu não me posso divertir, mas a menina já pode produsir teias de aranha com a boca
Cass: não eram teias de aranha, era supercola, nem sei como me tirastes dali
Laura: LIGUEM-ME!
Midd: estas a ver, ela está a querer-me a mim.
Cass: não, ela quer-me é a mim
Midd: não, é a mim que ela quer
Cass: a mim!
Midd: mim!
Cass: eu
Midd: nos teus sonhos. É a mim.
Cass: nos teus post’s!
Midd: tou-te a dizer, é a mim
Cass: não é nada

Fim…

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