sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Rapto e Regresso

Enquanto eu e o Stuart deambulávamos pela cidade que nem uns Cesários Verdes para fugir às autoridades, fomos encurralados num beco durante uma tarde por uns indivíduos encapuçados. Meteram-nos numa carrinha e levaram-nos amordaçados para um farol pré-construído perto da Setgás de Vale de Fetal. Quando mal o vi disse para mim: “Que sítio estúpido para um farol! Quem é que teria assim uma ideia?” É óbvio que uma ideia tão idiota só poderia vir de uma mente ursa ou do Sr. Presidente da República. E não demorei muito a descobrir que tinha sido de ambos.

O urso Cláudio Ânus mais o Dr. Jorge Sempaio estavam numa sala com três cadeiras à nossa espera. Como estavam ambos sentados, a terceira cadeira deveria ser para um de nós. Eu e o Stuart olhámos um para o outro frontalmente e sem nos mexermos. Houve uns segundos de silêncio. O ambiente estava a começar a ficar pesado. O Stuart fez então menção de se sentar, puxando a cadeira para si, mas eu agarrei-lhe na mão a tempo e projectei-o para o chão. Quando pensava que já me podia sentar, ele faz me uma rasteira, levanta-se logo de seguida e atira-se contra mim estilo luta livre. Não me consegui desviar e ainda hoje me queixo de dores daquele choque. O meu mordomo pensava que já tinha o duelo ganho, mas enganou-se, pois eu tiro o meu chicote autografado pelo MacHarry Ford e atiro a ponta enrolando-a na cadeira, e puxo-a para mim. Levanto-me, mas ao tentar me sentar nela, ele começa a atirar-me com tapetes de rato. Um deles acertou-me na cara. “Aflito” e com as mãos sobre o olho esquerdo, gritava: “Argh! Aleijaste-me, maldito!” O Stuart aproximou-se arrependido devido à brutalidade do seu golpe. Porém, quando estava perto o suficiente, dou lhe um soco no estômago, mas quando me ia sentar na cadeira um dos ursos que nos raptou aponta-me a arma, manda-me parar e senta-se ele nela.
- Calma aí, amigo. Esta cadeira é para mim.
- É muito bem feito! - disse Stuart, rindo-se.
- Ah, cala-te! - ordenei, furioso.

Cláudio Ânus começou então a falar no seu jeito pouco másculo.
- Cavalheiros, espero que estejam todos confortáveis. Chamei-vos até mim para vos eliminar. O jovem Filipe é o imperialista que mais publica posts, o que não quer dizer que sejam alguma coisa de jeito, não é verdade?
- Sim. E…?
- Já desde o ano passado que venho criando este plano. Decidimos no princípio que mataríamos quem tivesse mais posts até o final do ano 2004. Um ano depois o próximo e assim sucessivamente.
- Xii! Que chatice! Anota aí no bloco de notas, Stuart: “Não postar tão frequentemente para a próxima vez não me meter em problemas”
- Com certeza, mestre.
- Não irá haver próxima vez!! - grita Cláudio numa voz aguda. - O meu plano é infalível. Jamais sobreviverás! Ih! Ih! Ih!
- O teu plano? Então qual é o papel do Presidente nisto tudo?
- Ahm… Aliás, o plano foi obra do Presidente. Eu só ajudei num pormenorzito ou outro, não é verdade, Jorginho?
- Claro, Cláudia.
- Cláudio!
- Sim, é isso… Olha, posso ir ali à casa de banho? É que já estou aflito há uma hora, pá.
- Vai, vai. Mas não me sujes o chão!
- Sim.
- Não uses a toalha!
- Sim, ok.
- E ai de ti que me pingues o tampo!
- Ok, tá descansada, pá.
- Descansado!
- Sim, é isso… - diz o Presidente já fora da sala.
- Que homenzinho irritante! - suspira Cláudio. - Ahm, quanto a vocês os dois…
- Eu tenho uma pergunta. - disse eu. - Porque é que raio é que vocês construíram aqui um farol.
- Para vos trazer para cá e vos prender, duh!
- Mas… porquê um farol? Não achas que é demasiado suspeito um farol nesta zona? E além do mais é muito dispendioso.
- Sim, claro. Seria muito mais em conta fazerem uma casinha com apenas duas, três divisões. - acompanhou o Stuart.
- Ou uma barraca de madeira.
- Ou então usarem aquela casa velha que ainda nem rebocada está, ali na Quinta do Bico.
- E depois, como tinham poupado dinheiro, poderiam-no usar noutras coisas. Como em armas, em veículos.
- Em belgas.
- Em oreos.
- Em Marias.
- Em integrais.
- Em moçambicanas.
- Em… hmm?
- Em norueguesas.
- Eu ‘tava a pensar que ‘tavas a falar de…
- Em Joanas.
- … bolachas.
- Em japonesas.
- Stuart, és um tarado!
- Em ruivas sardentas vestidas de colegial, com totós, um chupa em formato de coração preso pelos lábios carnudos e com corpos extremamente sexys.
- Ok, eu confesso!! - berra Cláudio Ânus na sua voz aguda assustando-nos. - Eu confesso. Eu sempre quis ser um faroleiro. Sempre foi o meu sonho desde criança! Portanto, mal tive oportunidade, mandei construir um imenso farol! Sim, foi por isso!
Agora sou dono dele! Eu, um faroleiro!
E então a mediática figura do jet set português comove-se e começa a chorar, mas sem desfazer o sorriso que tinha no semblante. O Presidente entra na sala novamente nesse momento.
- Outra vez a chorar? Nunca vi uma mulher tão sensível…
- Homem! Eu sou um homem!
- Claro, claro.
- Sr. Presidente - diz Cláudio, limpando as lágrimas a um lenço branco que tinha no bolso - porque não vai apanhar gambosinos lá para fora?
- Estamos na época deles?
- Com certeza. Leve duas vasilhas… na volta até será pouco. Olhe, leve antes três e vá até à Costa da Caparica. No caminho para lá é que se encontra maior parte deles.
- É para já, pá!

E lá foi Jorge Sempaio, todo sorridente, dizendo em suspiros “Hoje vamos ter uma bela merenda! Oh lá, se vamos!”
Cláudio riu-se da idiotice do seu sócio e mandou os guardas levarem-nos para a sala que tinha nos sido destinada. A porta desta era blindada e portanto o arrombamento estava fora de questão. E lá ficámos umas duas horas trancados, cada um perdido nos seus pensamentos. Depois desse tempo a porta abre-se e um dos indivíduos que nos raptou atira com um pedaço de pão rançoso que tinha uma estranha mancha castanha na ponta e com aspecto de estar mais rijo que uma pedra. Este volta a fechar a porta e eu e o meu mordomo ficamos ambos a olhar um para o outro.
- Coma, mestre. Coma que lhe faz bem. - diz Stuart muito sério.
- Não, não. Agradeço-te muito mas ainda ‘tou meio embuchado da passa que comi pela manhã. Se quiseres comer aquela fatia de pão, ‘tás à vontade.
- Não senhor! O mestre é bastante mais importante que eu! Não quero que desmaie ou lhe dê aí uma fraqueza. Portanto vá, toca a comer isso.
- Oh, meu amigo Stuart, tu é que ainda ‘tás de jejum. Porque não fazes uma forcinha e não comes aquilo? Até tem bom aspecto!
- Você é o Lunático? - pergunta-me uma estranha personagem cuja presença naquela sala desconhecia.
- Uh! Ahm, sim sou. Quem é você e como raio apareceu aqui?
- Entrei quando aquele tipo abriu a porta para vos dar comida. Eu sou o Zacarias, o homem mais rápido do mundo! Provavelmente não sabe mas já apareci várias vezes na televisão!
- Ah sim?
- Pois com certeza! Eu trabalho no Preço Incerto. Sou eu que faço as pessoas rirem, correndo até elas e fazendo-lhes cócegas tão rapidamente que ninguém vê, de modo a pensarem que todos riem das piadas do Fernando Amêndoas.
- Bem me parecia que havia aí marosca! - exclamou o meu mordomo.
- Sim senhor. Então, e o que faz aqui? - perguntei eu.
- Fui contratado pelo Vizinho. Ele apercebeu-se que este farol só poderia ser coisa de ursos, portanto pagou-me para investigar isto. Hoje soube, ouvindo as conversas do Cláudio Ânus com o Dr. Jorge Sempaio, que você iria ser raptado, preso e, na mesma noite, executado em directo para toda a comunidade Ursa. A TVU ia fazer a cobertura da transmissão.
- Veio nos salvar então?
- Sim, vim. Mas o Vizinho só falou de um, portanto não estou para carregar os dois e correr à velocidade do som ao mesmo tempo, que não dá jeito. Qual de vocês é que vem comigo?

Foi um momento tenso. Eu e o Stuart ficámos a olhar um para o outro. Depois de dez segundos de silêncio, eu atiro me ao chão, agarro naquele pedaço de pão e atiro-lho. Ele desvia-se, e ambos vimos que o pão estava de facto rijíssimo, pois ao bater na testa do Zacarias, fez com que ele desmaiasse consecutivamente. No entanto, continuámos à tareia. O que ganhasse iria com aquele tipo. Depois de alguns rotativos, chutos e bofetadas, apercebemo-nos que não iríamos a lado nenhum enquanto ele estivesse desmaiado. Fizemos portanto uma pausa e esperámos que ele acordasse.

Porém, ele demorou a recuperar os sentidos e os guardas abriram a porta, trazendo armas, cordas e vendas. Devia ser o tal momento da execução. Tudo parecia estar perdido. Stuart tirou o seu terço satânico e começou a rezar à trindade infernal: Baal, Mephisto e Sheitan. Eu decidi não me render e lutar até ao fim, mas parei. Pareceu-me que tinha ouvido uma melodia. E estranhamente parecia ser o início do Super Mario Bross. Os ursos também devem ter notado, pois estacaram e pôde-se vislumbrar uma expressão de medo na cara deles. O farol começou a tremer e a parede ao meu lado esquerdo foi rebentada por um robot. Esse robot era quadrúpede, tinha duas asas azuis, o dorso amarelo e cabeça e patas verdes. Tinha dois olhos de cor verde clara e perto do esquerdo um ferro comprido da mesma cor. À frente da sua cabeça, duas presas de enorme tamanho metiam medo a qualquer um. A tal máquina assemelhava-se com uma mosca mas tinha o tamanho de um tanque. Reparei que vinha dela a melodia do Super Mario Bross. Ela pára por segundos, vira a cabeça ameaçadoramente para cada um de nós. Quando esperávamos um ataque vindo daquilo, aparece o Rumba com um ferro verde-claro na mão idêntico ao que estava no lado esquerdo da cabeça da “mosca”.
- Malditas antenas! ‘Tão sempre a cair! Qualquer dia tiro-as de vez… - suspirou o Rumba, encaixando o outro ferro no lado direito da cabeça do robot.

Foi aí que reparei que eram antenas e reconheci-o logo! Era o EARL! O grande robot assassino de ursos que construímos secretamente nos laboratórios do Doutor Victor Van Doom. Sim, porque, como já deu para reparar no último post do Midd, nós encontramo-nos e somos ajudados por heróis Marvel bastantes vezes. Continuando, ele recomeçou a tocar a música habitual e depois atacou todos os ursos que lhe apareceram à frente. Infelizmente reparei que o Cláudio Ânus conseguiu escapar, saindo a correr para o seu carro e arrancando dali para fora o mais rápido que pôde. Mas, o EARL, como vingança, deixou o seu farol em fanicos, pegou numa vassoura e numa pá gigantes e varreu aquilo tudo, portanto se estavam a pensar irem a Vale de Fetal procurarem o tal farol, já sabem que não valerá a pena, pois já nem há vestígios dele. Depois, o Zacarias acordou e, como éramos quatro, jogámos umas quantas suecadas. Logo que acabámos, cada um partiu para o seu destino: o Zacarias foi falar com o vizinho para lhe contar o que se tinha sucedido, o EARL disse que tinha de se ir arranjar, pois tinha um jantar marcado com uma tal de Dora e eu e o meu mordomo fomos para o meu castelo. Demorámos quase um mês até chegar lá, porque o sítio onde moro é deveras longe da Setgás! Mas é que é mesmo!

Bem, depois de chegar ao meu castelo, escrevi por todo o lado: “Não postar tão frequentemente”, pois não me quero envolver em mais sarilhos destes.

Ass.: Lunático

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