domingo, agosto 07, 2005

Cover de Whitered Leaves: "Cliffthorn: Chegada e Partida"

Este post é uma adaptação, ou se preferirem um completo assassinato, de um post originalmente feito pelo Midd que pode ser encontrado AQUI! Agradeço por isso ao Midd o post original e ao seu Blog Withered Leaves, onde o post pode ser encontrado. É claro que eu recomendo o post do Midd e não este cover, cujas semelhanças com o original não vão para além do título e algumas personagens.


NZL

(Post Anterior)
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Cliffthorn: Chegada e partida


Por entre montes e vales, marchava silenciosamente o segundo pelotão de Lazindur na sua caminhada de um dia até Cliffthorn. Nesse pelotão, encontrava-se Alexandra Wolfrage, uma delicada e graciosa guerreira cujo sangue borbulhava com a expectativa de poder empalar cruelmente os traidores de Mireti e deixar as suas carcaças apodrecer no meio do deserto. No entanto, nem todos os soldados partilhavam dessa sua insaciável sede por guerra. A maioria deles tremia com as simples árvores que delimitavam o caminho por onde o pelotão passava. Falavam inclusivamente de uma emboscada... bah.. noobs..
Alexandra, sempre vigilante, liderava o grupo seguindo de perto o comandante do pelotão.

Após várias horas a caminhar pela A5, o sol tinha já desaparecido no horizonte e ainda não havia sinal de Cliffthorn. Como os soldados começavam a ficar com fome, com sede e alguns com vontade de ir à casa-de-banho, o comandante do pelotão acabou por admitir que estavam perdidos e resolveu parar numa estação de serviço para pedir indicações.

Alexandra (lendo alto um sinal): A próxima é da Shell e fica a mi...

Subitamente, algo interrompe o discurso de Alexandra que fica petrificada a olhar para o céu. Não queria acreditar naquilo que lhe pareceu ver. Passados alguns segundos de assombro, baixou o olhar para o resto do pelotão e todos os soldados pareciam comportar-se naturalmente como se nada tivesse acontecido. Atribuiu a sua alucinação à falta de visibilidade da noite cerrada e prosseguiu:

Alexandra: ... e fica a mil metros daqui.

Mil metros depois, os cansados soldados sentavam-se desordenadamente junto às bombas de gasolina. Quando Alexandra viu o seu comandante entrar no pré-fabricado onde se paga a gasolina, levantou-se e foi a correr atrás dele. Quando entrou, já ele abrira o mapa em cima do balcão e ouvia atentamente as explicações da mulherzinha:

Mulher: Nordeste meu grande animal! Nordeste! Devias ter virado aqui neste sítio!
Comandante Abutre: Mas no outro post não dizia...
Mulher (apontando ferozmente para o mapa): Mas era para aqui! Não estás a ver aqui escrito Cliffthorn? Óh!...Óh!...Cliiiiiiffeeeeeteee-Hooooorneeeeee, meu grande corno! Estão os gajos lá à vossa espera à entrada da vila e vocês daqui a bocado já iam em Cascais. Jeez!
Alexandra: Posso dar-lhe uma palavra em privado comandante?
Abutre (dirigindo-se à mulher): Só um momento.

Afastaram-se alguns metros da mulher, que continuava a gesticular e a berrar contra a incompetência do comandante do pelotão.

Alexandra (segredando): Aquela mulher não lhe parece algo estranha?
Abutre: Como assim?
Alexandra: Como assim?!?
Abutre: Deixa ver... (olhou a mulher) Não, não noto nada estranho...
Alexandra: Nem o facto de ter os dentes todos podres, pêlos pelo corpo todo, tresandar a esgoto e ter a pele completamente verde?
Abutre: Ah........... isso... bem, eu era capaz de a comer na mesma.
Alexandra: Não duvido! Mas o que eu lhe estou a tentar dizer é que essa mulher é da raça dos Orcs! Os nossos inimigos, lembra-se?

Num ímpeto raríssimo, o Comandante Abutre resolve agir, ainda que sem saber muito bem o que fazer, e aproxima-se do balcão onde estava a mulher verde.

Abutre: Olhe, desculpe lá minha senhora, mas aqui a minha amiga Alexandra acha que você... bem, ela acha que err.. você é uma orc...
Mulher: Só um momento.

De um momento para o outro, a mulher baixa-se atrás do balcão e desaparece da vista de todos, para reaparecer de seguida com uma máscara de urso na cara.

Mulher (pouco convincentemente): Roar...
Abutre (virando-se para Alexandre): Vês? Não há nada a recear, ela não é um Orc mas sim um... Um... Urso????

Ágil que nem um milhafre real, o Abutre roda sobre si ficando de costas para a mulher, e procura na sua mala um amendoim que atira brutalmente para a parede oposta da estação de serviço. Em seguida deita-se no chão e fica à espera, apontando o seu revólver ao amendoim. Esperou, esperou, esperou, e como o seu alvo não apareceu, levantou-se lentamente e virou-se para trás. Deu de caras com a mulher orc com uma espada atravessada no seu pescoço.

Alexandra (retirando a espada da goela da orc): Agora deu-lhe para brincar com amendoins foi?
Abutre: Eu... ahm... queria ver se... ahm.. era possível uma amendoeira crescer num posto da Shell....... ahm.. em 20 segundos.... e sem cogumelos, ou o que quer que seja que as amendoeiras comem.
Alexandra: E?
Abutre (retirando uma amendoeira da sua mala): Pelos vistos é possível, está a ver?
Alexandra: Sim senhor... deveras interessante. Só há um pequeno senão... As amendoeiras dão amêndoas, não amendoins.
Abutre: Pois... mas o amendoim que eu plantei é diferente. Ele.. ahm.. tinha amêndoas por dentro. Senão como é que explica esta amendoeira que eu tenho na mão?
Alexandra: Isso é uma erva daninha dentro de um vaso partido.
Abutre: Exactamente. Então tenho razão ou não?
Alexandra: ??
Abutre: Obrigado por admitir que tenho razão. Vamos. Quero chegar a Cliffthorn antes de o sol nascer.

Já o seu comandante tinha saído da estação, quando Alexandra resolveu parar para examinar aquela orc. Chegou à conclusão que ela era feia. Muito feia mesmo. Para além desse pormenor que salta um bocadinho à vista, reparou que esta também possuía um medalhão ao pescoço e arrancou-o cuidadosamente, não fosse ela regressar do mundo dos mortos e pedir-lho de volta. Preparava-se para analisar o medalhão em pormenor, quando reparou que o seu pelotão já se tinha feito à estrada. Guardou a jóia na sua algibeira, e saiu apressadamente.

Horas depois, o pelotão chegava aos portões de Cliffthorn. No entanto, a entrada estava barrada por, surpresa das surpresas, dois estranhos seres de cor verde, com a excepção que estes mediam pouco mais de um metro.

Abutre (falando exageradamente alto para que Alexandra ouvisse): Ahah! Esta pele de cor verde não engana ninguém! Estamos perante orcs!
Alexandra: Eu acho que...
Abutre: Eu sei perfeitamente o que está a pensar Alexandra. É escusado mandar o pelotão todo para a frente para atacá-los, pois eles nem sequer estão armados. (dirigiu-se a um soldado que estava directamente atrás de Alexandra, olhando para ela de forma comprometedora) Tu, como te chamas?
Sozand (tirando as mãos dos bolsos): Eu não estava a fazer nada!!!
Abutre: Está bem. Como te chamas?
Sozand: Sozand senhor!
Abutre: Muito bem Soldado Sonasol. Pegue numa espada e elimine aqueles dois orcs ali à frente.
Alexandra (enquanto Sozand arrancava): Mas comandante eu acho que eles...

Sozand, com uma vontade enorme de se exibir à frente de Alexandra, partiu para eles brandindo a sua espada no ar. Estava apenas a alguns metros deles quando se deteve imobilizado. Perante o espanto de todos, os dois seres fixaram o seu olhar no Sozand e, passado alguns segundos, uma onda magnética surgiu do olhar dos dois seres e penetrou o crânio de Sozand como se este fosse feito de manteiga. O que aconteceu de seguida foi indescritível. O crânio de Sozand começou a aumentar de volume, ficando várias vezes o seu tamanho original, até explodir num surpreendente espectáculo de sangue e carne, projectados em todas as direcções.

Alexandra (terminando a sua frase): ... não são orcs.
Abutre: Ai o caraças... então primeiro dizes-me que é verde logo é orc. Agora vejo dois bichos verdes e feios como pigmeus e dizes-me que não são orcs. Agora são o quê? Marcianos?
Alexandra: Marcianos não digo. Mas são sem dúvida de outro planeta. Veja ali.

Alexandra apontava para um enorme disco voador, o mesmo objecto que ela tinha visto a sobrevoar a sua cabeça, horas antes, parado no estacionamento do Mini-preço que ficava junto à muralha de Cliffthorn, da parte de dentro. Possuía por baixo do limpa pára-brisas uma multa por estacionamento ilegal, uma multa pela falta do comprovativo de pagamento do imposto automóvel, uma multa pela falta de seguro e uma multa pela ausência do colete de segurança. Quando os extraterrestres se aperceberam dessas quatro multas, dirigiram-se ao Multibanco para efectuar o devido pagamento destas, deixando a muralha desprotegida. Apercebendo-se disso, o Comandante Abutre deu ordens para que todos entrassem na aldeia, o que fizeram em bicos de pés para evitar atenções indesejadas.

Chegados à aldeia (entretanto promovida a cidade), Roel encontra Alexandra que estava a passar pelas brasas, e acorda-a com um abanão.

Roel: Tu estás bem?
Alexandra: Cough! Cough!
Roel: Está tudo bem contigo?
Alexandra: Cough! Cough!
Roel: Tens os ossos todos?
Alexandra: Cough! Cough!
Roel: E as cartilagens?
Alexandra: Cough! Cough!
Roel: Foste roubada ou violada?
Alexandra: Cough! Cough!
Roel: E horas tens?
Alexandra (recompondo-se do seu ataque de tosse): São 6:53. Acho que tenho de largar o tabaco.
Roel: Ouvi dizer que mataste uma orc sozinha. Conseguiste-lhe fanar alguma coisa?
Alexandra (tirando da algibeira o medalhão): Apenas este medalhão.
Roel (arrancando-lho da mão): Uhh que giro... isto deve valer umas coroas no mercado negro. Olha, tem uma foto cá dentro. Dois orcs abraçados, que fofo!
Alexandra: O que sabes sobre orcs?
Roel: São... ahm.. verdes...
Uma voz: Isso é porque derivam de uma espécie superior. A verdade anda por aí. Só vê quem não quer.

Perante eles estava uma figura obscura, com um largo sobretudo cinzento e cara de quem não dormia há alguns dias.

Alexandra: Quem é você?
A figura: A verdade anda por...
Alexandra: Você é a verdade?
A figura: Não. Mas ela anda por aí.
Roel (olhando para todos os lados): Onde?
A figura: Por aí. Pelos cafés, pelos bares de strip, pelos casinos. Enfim, por todo o lado.
Alexandra: Parece ser uma maluca...
Roel: Também anda pelas igrejas?
A figura: Isso já não sei.
Alexandra: Quem é você afinal?

A figura sai da escuridão e aparece finalmente, por entre um nevoeiro insondável.

A figura: O meu nome é Mulder. Rolan Mulder. E ando à procura da verdade.
Alexandra: Pensei que você sabia onde ela estava.
Mulder: E sei. Só que ela tem andado incontactável.
Alexandra: Ah... compreendo... Você estava a falar algo sobre uma espécie superior?
Mulder: Exacto. Todos estes orcs são originários de marcianos, que são a sua espécie mãe. Os marcianos são muito mais pequenos e parecem muito mais serenos e leves, uma vez que não usam armadura.
Alexandra: Como sabes isso tudo?
Mulder: Eu trabalho, ao contrário de ti sua preguiçosa desleixada.

O nevoeiro misterioso volta a aparecer do nada e Mulder afasta-se, desaparecendo no meio dele. Minutos depois, o comandante reúne o exército na praça e faz um comunicado aos soldados:

Abutre: Soldados! Esta é Agente Lynn Scully, doutora licenciada em medicina, agente especial do FBI, e o seu colega, Agente Rolan Mulder, licenciado em psicologia, também oficial do FBI. Eles indicar-vos-ão a conduta oficial de agora em diante.

Scully: Temos a anunciar que o Agente Mulder descobriu finalmente quem lhe roubou os donuts na festa de anos da Solange, que é aquela gaja que aparece em todo o lado, mas nunca ninguém sabe quem ela é, no fim-de-semana passado. Para além disso, descobriu também uma base comum de orcs e marcianos que pode vir a tornar-se um perigo para nós. Em seguida, vamos criar uma pequena equipa para recuperar os donuts do Mulder. Ah, e para matar os maus verdes.

Mulder, que ficou encarregue de seleccionar os membros da equipa, seleccionou uns quantos a eito, deixando tanto Alexandra como Roel de fora. No entanto, Scully chamou-lhe a atenção para Alexandra e disse que ela era capaz de fazer falta. Em seguida, piscou o olho a Alexandra fazendo-a sentir um pouco desconfortável. Estando a equipa formada, Roel dirigiu-se a Alexandra e pediu-lhe que esta lhe trouxesse uns quantos donuts com recheio de chocolate. Ela assim prometeu e despediu-se dele, juntando-se a Mulder.

Alexandra: Por que raio é que me chamaste preguiçosa?
Mulder: Apeteceu-me, porquê?
Alexandra: Eu? Preguiçosa? Estás a insultar-me!
Mulder: Não estou nada, e que raio de confianças são essas? Tratares-me por tu?
Alexandra: Ok, sabes que mais? Esquece. Eu sei que estás a tramar alguma. Queres vigiar o que eu ando a fazer em privado, não é? Andas para aí a dizer que vês OVNIS nos chuveiros, não? Por acaso eras tu que estavas a espiar-me no outro dia quando eu estava a tomar banho?
Mulder: Eu? Não. Acho eu. Espera, tu moras onde mesmo?
Alexandra: Humpf... esquece.
Mulder: Esta gaja consegue ser mais paranóica que eu.

Por fim, chegam ao sítio onde supostamente os orcs e os marcianos estavam. À entrada do desfiladeiro começa-se a ouvir uma discussão sobre a maneira como os jovens de hoje são irresponsáveis ao ponto de se negarem aos direitos da democracia. Alguns orcs diziam inclusivamente que se os jovens não votam, talvez estejam interessados numa nova ditadura. Com um sentimento de culpa adicional, os abstinentes soldados entraram no inóspito covil.


Adaptação de: NZL

Post original de: Midd

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