terça-feira, março 25, 2008

Saga da Lua

Sementes de Melancolia (aka: Pasmassol)

No Sul, longe das montanhas cortadas pela incessante lava, na sombra das suas negras florestas de pinheiros, um guerreiro erguia a sua colossal espada para cortar mais um inimigo em dois. O impacto foi violento e sangrento, a força do colosso quase fez o solo tremer quando desfez o seu inimigo em dois e a sua espada embateu no chão. Ao seu lado, duas mulheres aladas, com as penas das suas asas tão negras como os seus cabelos moviam-se com a agilidade e graciosidade de pássaros a cruzar o céu e elas próprias livravam-se de outros dois adversários enquanto que os restantes corriam pelas suas vidas. Historias corriam pelo povoado do Paladino que Varg mantinha como seu conselheiro como um homem bom e generoso, mas nunca lhes passaria pela cabeça o quanto o contrario ele era em combate.
Após esta pequena batalha, o Paladino sentou-se ofegante, sentia-se a ficar demasiado velho para este tipo de vida, mas ao mesmo tempo não lhe conseguia virar as costas. Mas faltava algo e esse algo só podia ser achado com um grande sacrifício.

- Munin! – Chamou ele, logo de seguida uma das raparigas que o acompanhava aproximou-se dele
- Sim mestre? – Respondeu ela de imediato ao chamamento.
- Preciso que voes… detesto separar-te da tua irmã, mas preciso que voes, que procures o nosso rei.

Ela olhou para a sua gémea sem um único traço de pesar ou magoa, em seguida os seus olhos tornaram-se negro e o seu corpo tombou. Antes de sequer tocar no chão a rapariga tinha deixado de existir dando espaço para um majestoso corvo que se lançou aos céus.
- Bem… agora que a tua irmã se foi embora, tu sabes que nós podia…
Sem qualquer hipótese de acabar a frase o Paladino recebeu um valente estalo da gémea na face que o fez resmungar um pouco. Enquanto isso o corvo já se lançava ao norte, com a mente presa num objectivo e com o seu rumo traçado pelo destino.

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Depois de uma explicação longa e aborrecida sobre as origens dos trolls e dos bichos maus que andavam por ai, passamos ao que interessa. A Kandia começou a explicar-me os sonhos que tenho tido.

“Agora essa rapariga, é algo estranho, mas pelo que me contas ela é uma das quatro irmãs que habitam o monte da lua, diz-se serem antigos espíritos que protegem e olham pelo destino de todas as criaturas. Se elas pedem uma audiência contigo, não te deves demorar. Irei fornecer-te um mapa para encontrares o teu caminho no meio da floresta e algum músculo, pois os perigos são muitos e irás precisar de escolta.”

Nesse momento a troll foi vasculhar os seus armários repletos de objectos estranhos e começou a juntar pequenos frasquinhos junto de um caldeirão que tinha em cima de brasas. Quando se encontrava pronta começou a juntá-los proferindo os seus nomes, muitos deles diga-se de passagem bastante estranhos, como por exemplo: asa de morcego, cabeça de uma boneca de anime, cabelos de gótica e cds de evangencia. Uma mistura estranha mas que parece ter dado resultado, pois sem medo de ser queimada meteu as mãos dentro do caldeirão e retirou de lá um ovo enorme, de seguida lançou o ovo ao chão que se quebrou revelando no seu interior um rapaz. Esse rapaz levantou-se e começou a olhar tudo com um ar espantado dizendo repetidamente “Bring, Bring, Bring”

- Isso é suposto ser o músculo dele? Não passa de um puto. – Pronunciou-se Kaly.

A Troll olhou-a pensativa e acabou por se pronunciar em relação a isso com uma resposta que acabou por deixar Kaly sem saber o que dizer. – Se achas que é pouco, tu vais também com ele. Pois podes estar descansada que até tu o ajudares a acabar esta missão, eu própria não te ajudarei em nada Kaly. – O ambiente do compartimento ficou algo negro e parecia que as duas poderiam atirar-se á garganta uma da outra em poucos segundos por isso talvez fosse melhor intervir.
- Então e os mapas?
- Ah sim, os mapas, vais precisas deles. – Ela vasculhou mais um pouco mais pelos seus velhos armários até remover um pergaminho, soprou nele fazendo voar o que parecia ser uma bem grossa camada de pó. – Este mapa irá levar-vos aos caminhos da montanha. Mas de resto, eles terão de se abrir a vocês. Mantenham-se próximos uns dos outros pois se só um de vocês for escolhido pela montanha os outros não verão os seus caminhos a menos que se mantenham próximos

- Bring, bring, bring…
- O que é que este gajo tem de errado? – Gritou a Kaly apontando para o rapaz.
- Eu não tinha os ingredientes todos, veio com um problema de fala. – Defendeu a Troll.
- Deixem o rapaz em paz! – Entrevi. – Precisamos é de nos pôr a andar daqui para fora! Temos de salvar a Unga!

Ao proferir estas palavras a Kandia lançou-me um largo sorriso mostrando os seus caninos afiados com punhais, ou garras de esquilos. Aquela historia de ser descendente de uma tribo selvagem de Trolls não me parecia tão descabida quando ela sorria, havia um terrível brilho nos olhos que traria medo a qualquer um que não a conhecesse, no entanto, era uma troll carinhosa e cuidadosa, a única real preocupação, era o Jotun que se tinha se tinha erguido na sua cunhada.

- Vá, ponham-se a andar criaturas da magia do norte, o destino espera-vos.
- Antes de ir… porque foi que o seu irmão disse para seguir o cheiro da água? – Perguntei fazendo a Troll gargalhar.
- Ah, aquele velho filho de uma meia-ogre. – Deu mais uma gargalhada e inspirou no seu cachimbo. – Eu sou uma bruxa de água, acho que está explicado.

Com uma explicação estranha e varias preocupações em mente saio da pequena casa cravada no tronco acompanhado agora por dois estranhos companheiros. A floresta estendia-se perante nós com os seus perigos, armadilhas e doces escondidos (por ser Páscoa quando escrevi isto e já comi amêndoas amais) mas agora tínhamos um caminho e eu tinha uma missão e não a iria falhar por nada. Comecei a andar com um passo determinado seguido por Kaly e o rapaz do bring, bring atraz de mim. Reparei que Kaly retirara por debaixo da sua túnica massiva uma besta e que a carregava com uma flecha, mas o que estranhei mais foi que em vez de unhas tinhas garras grotescas feitas do próprio osso que saiam da sua carne, esta mulher tinha algo estranho, ainda não tinha entendido o que ela era realmente.
O tempo passou a correr, estava tão focado no que tinha de fazer que não tinha notado o quanto tínhamos andado sem sequer dizer uma palavra, para alem do incessante “Bring, bring, bring…”, até que a meio da caminhada a Kaly cortou o silencio.

- Um lobo que fala, interessante, nestes dias encontra-se tudo.
- Não propriamente um lobo. – Respondi.
- Não me vais dizer que és um lobo-troll…
- Não, não é isso. Apenas… acho que fui mais que um lobo
- Tipo, um esquilo?
- Ahmm? Porque raio seria um esquilo? – Interroguei eu algo perplexo
- Seria algo fora do normal, não achas?
- Sim, mas não… - Quedei-me em silencio ao ver algo estranho á minha frente, parecia que a floresta abria-se perante nós com mãos de raízes e ramos a afastar os arbustos e arvores do nosso caminho, engoli a seco e rodei a minha cabeça em direcção á Kaly. – Onde estamos?

Kaly segurava o mapa mas não conseguia olhar para ele, algo fazia-a olhar para a frente, muito provavelmente o mesmo que eu tinha visto.

- Es… estamos n… no fim do caminho…
- é o trilho magico Kaly! Encontramo-lo
- Bring, bring ,bring.
- Epah, mas este gajo não se cala com isto! – Resmungou Kaly mais uma vez.
- Já te disse para teres calma em relação a isso e para alem do mais estamos no caminho certo!

Olhei em frente e senti um cheiro doce, parecia que a montanha convidava-me a entrar pelos seus caminhos, a desbravar os seus mistérios e então corri como nunca antes o tinha feito a língua pendia-me da boca o meu pelo arrepiava-se com ansiedade. Ainda ouvi a Kaly a gritar para eu esperar mas não consegui estava embriagado pela emoção, corri e corri até que de repente algo rebentou debaixo das minhas patas e fui projectado para trás. Rebolei no chão e consegui ver uma silhueta.
Antes de me levantar reparei na Kaly e o rapaz a pararem ao meu lado ofegantes devido á corrida, eles olhavam para a frente em desafio, alguém nos desafiava e foi então que os meus olhos voltaram a ajustar-se.
Uma mulher loira estava perante nós, com o cabelo amarrado em dois totós num efeito estranho, longas pernas e uma mini-saia curta, tinha um bastão e uma fatiota á menina colegial e com um sorriso maquiavélico na cara. Entreolhamo-nos por uns instantes, mas assim que acabamos de recuperar o fôlego ela pronunciou-se com uma voz estridente e quase nociva á saúde pública.

- Vocês trespassam território sagrado criaturas malvadas, os caminhos do amor são para os puros, não para os negros de coração e as cornucópias da plenitude da paixão deviam ser bebidas por os sôfregos de sentimentos secos de virtudes…
- O que é que raio ela está a dizer? – Perguntou Kaly estática com o choque.
- Eu não sei, já me perdi.
- …Quando dos céus chover marmelada em forma de corações e os Deuses destruírem os maus, as vozes iram se erguer num pranto desesperado porque queriam manteiga de amendoim e pão-rico sem côdea em vez de broa de milho…
- Ela não se cala… - Comentei já um pouco assustado
- Bring, bring, bring…
- … pois os genes dos meus pais não eram assim tão puros, vou-vos fazer sofrer atrocidades com o meu poder de penas e em nome da Lua, vou castigar-vos!

Ao acabar de dizer isto fez uma coreografia estranha, acabando por ficar a apontar para nós. Um momento de silencio surgiu na montanha até que o rapaz do bring bring bring começou a gritar freneticamente, a sua pele ficou verde e triplicou em tamanho perante os nossos olhos espantados. A criatura em que agora o rapaz se tinha transformado, berrou cuspindo vários litros de saliva, investido de seguida contra a rapariga misteriosa que tinha aparecido perante nós, agarrou nela pelas extremidades e estico-a tanto até se desfazer em duas por cima da sua cabeça onde ele se pode deliciar com os seus órgãos e sangue. Tudo aconteceu tão rápido que nem tive tempo para suster o vomito, não comia nada á algum tempo, portanto foi algo pior do que eu imaginava, quando voltei a olhar só restavam os restos da nossa desafiadora, cada um para o seu lado e o rapaz entre eles dormia sossegadamente.
Abanei a cabeça para me livrar da vertigem que esta imagem tenebrosa me tinha causado, gritei para a Kaly me acompanhar e então ambos corremos pelo caminho magico. Uma gruta apareceu perante nós, perdi todos os medos e duvidas e corri cada vez mais rápido. Ao entrar na gruta, deparei-me com um pequeníssimo corredor de gelo, tentei travar mas fui com o focinho ao chão, deslizando até à pequena sala onde o corredor acabava. Levantei-me com dificuldade devido ao chão gelado debaixo de mim mas os meus músculos congelaram muito para alem que o frio da caverna era capaz quando finalmente dei atenção ao que estava perante mim.
Num enorme trono de gelo, uma mulher. Uma mulher com um delicado vestido de seda vermelho, com as pernas cruzadas numa posição sensual. Uma mulher com um sorriso diabólico que não mostrava um ínfimo de bondade. Uma mulher com um cabelo vermelho como o próprio sangue. Uma mulher que tinha sido apresentada para mim, como Xana…

2 comentários:

Nerzhul disse...

Muito bom! Gostei especialmente do diálogo com a Luna... estranhamente fez-me lembrar o discurso do Ziltoid ao Omnidimensional Creator...

"Modular forms and elliptic curves..."


[piada má] "Num enorme trono de gelo, uma mulher."

...

O ARTHAS É UM TRAVESTI!

[/piada má] (sinto falta do warcrap)

Enfim, Bom Post!!

Lunático disse...

O Hulk a despadaçar a navegante da Lua!
Esperemos que os responsáveis pelo novo filme do gigante verde leiam o Imperialium, para aproveitar esta grande ideia.

Quais combates contra rivais super-poderosos, qual carapuça! Não queremos ver o Hulk a kickar os arses do Abomination, Absorbing Man ou do Doc Samson!

A gente precisa é de vê-lo a dividir uma boneca de anime em vários pedacinhos e da maneira mais gore possível!

Já agora, o Dead poderia ser mesmo o Bruce Banner, a Cátia a Betty Ross e eu faria o papel de Rick Jones (e sim! já estou a pensar nas cenas com a Marlo!).

Bom post, bons blogs!