quarta-feira, março 30, 2011

Os Nefastos

Parte 1

Acordei. Os meus olhos sentiram dificuldade em habituar-se à luminosidade. Via tudo desfocado mas apercebi-me que não estava no mesmo lugar. Agora encontrava-me numa cadeira, num cubículo de pequenas dimensões com um foco de luz directamente à minha frente. Lentamente comecei a aperceber-me de onde estava quando os meus olhos habituaram-se à luz e consegui ver a silhueta a dançar à minha frente. Não quis acreditar e levei as mãos à testa, não tinha a lógica nenhuma eu ter deixado a Guelika para vir aqui, muito menos a hipótese de ela ter-me posto aqui por diversão. Conforme a minha visão se habituou, consegui ver as formas da musa que se movia à minha frente que balançavam lenta e gentilmente ao som de uma música que parecia estar gravada na minha cabeça. Ainda não acreditava que estava ali outra vez, mas já que tinha pago, ou alguém tinha pago por mim, aproveitei o espectáculo até ao fim.

A música acabou e a sua dança cessou, ela ajoelhou-se à minha frente, soprou-me um beijo e ficou a olhar-me nos olhos com um sorriso na cara. Eu também não desviei o olhar conforme a porta se fechava diante nós e aquelas duas esferas azuis como o mar desapareciam perante elas. A porta fechou e eu enfiei a cabeça entre as pernas, suprimindo um grito. Sai do cubículo e tentei entender onde estava. O cheiro forte a tabaco e as paredes pintadas a castanho com posters das “artistas” colados com fita-cola era uma visão conhecida. Estava no “Abraço das Serpentes”, o bar de strip barra peepshow mais reles cá do sítio. Eu já tinha frequentado este sítio, mais vezes do que era saudável, mas já tinha passado muito tempo desde que eu vinha aqui, mesmo muito e ainda não conseguia entender porque raio estava eu aqui outra vez.

Foi então que reparei num par de olhos grandes e amarelos no canto da sala a olhar para mim. Uma criatura olhava para mim com um esgar de satisfação. Não sabia quem ele era mas ele parecia conhecer-me a mim. Avançou até mim. Fato branco e calças a condizer, com uma gravata azul. Pele verde e escamosa, dois lábios quase inexistentes e uma careca que parecia ter sido polida e brilhava nas luzes do estabelecimento. Ele sorriu para mim com uma fileira perfeita de dentes brancos e estendeu uma das suas mãos reptilianas em cumprimento.


- Daniel Leudovico, ao seu dispor. – Apresentou-se quando lhe apertei a mão. – E você não precisa de dizer quem é, já ouvi dizer muito boas coisas ao seu respeito.

- Muito prazer. Mas lamento se não o conheço. – Respondi com a mente ainda mais confusa.

- Ora bem, eu sou o proprietário deste estabelecimento. Quer dizer, o novo proprietário.

- Novo?

- Não soube? O Marco faleceu a semana passada. Eu era o sócio dele e assumi o seu cargo e tenho de admitir que até é um buraco acolhedor. – Informou-me mantendo sempre o sorriso que fazia parecer que queria vender algo.

- E tem o hábito de cumprimentar pessoalmente todos os seus clientes. – Respondi, sentindo-me mais ciente de mim.

- Por amor de Deus não! – Clamou benzendo-se. Ri-me dele ao ver fazer aquele gesto, era adorável ver o dono de um lugar destes como um devoto. - Não Já viu a maioria das pestes que frequentam este local? A maioria deles, nem sei onde andam com as mãos, já para não falar dos ninhos de doenças que são. Não, eu guardo a minha presença para criaturas mais ilustres, como você.

- Como eu? – Disputei com estampando o meu sarcasmo na cara. – Desculpe-me se eu não devoro inocentemente todos os retalhos de prezes que me lança. Eu não gosto de confiar em qualquer estranho que oferece-me a sua mão.

- É justo. – Respondeu o lagarto com uma expressão solene. – Mas fique a saber que e tenho conhecimento que fez alguns favores ao Marco. Talvez, eu necessite de alguma ajuda no futuro.

- Pois, já imaginava que fosse algo assim. O que é curioso estar-me a pedir, quando eu não me recordo sequer como vim para aqui. – Disse tentando sondar a reacção dele, que para meu desapontamento foi uma de confusão e surpresa.

- Veio para aqui com os seus próprios pés. Eu próprio vi a sua entrada.

- Está bom. – Esfreguei a cara e suspirei. – Tem sido uma noite interessante.

- Pois bem, permita-me que a torne ainda mais interessante. A Nadja pediu-me a sua companhia.

- Ela ainda trabalha cá?

- Sim e quando descobriu que estava cá quis imediatamente ser escolhida para seu prazer.

- Reparei nisso. – Lembrando-me da pequena dança que tinha desfrutado assim que acordei.


Vi ela a olhar-me pelo canto do corredor que levava até aos camarins das “artistas”. Atentos aos meus movimentos os seus dois grandes olhos azuis observaram-me a aproximar-me dela.

Quando estava perto, ela agarrou-me pela mão e levou-me rapidamente para a sala onde as senhoras se preparavam para os seus espectáculos. Lá dentro elas vestiam-se em roupas reduzidas e, ou fantasiosas, arranjavam a maquilhagem e gritavam umas com as outras, trocando insultos e mexericos. A Nadja levou-me pelo meio daquele mar de mulheres que me olhavam de relance e rapidamente perdiam o interesse. No meio daquela pressa algo correu mal. A minha mente turvou e uma sensação de tontura, de deslocação deturpada apossou-se de mim. Pareceu que caminhamos por horas e então deparei-me em frente a Nadja, no meio da rua, numa noite chuvosa.


- Obrigado por me trazeres a casa. – Disse ela debaixo da chuva com o seu olhar penetrante e doce cravado no meu.


Olhei para a esquerda e vi um prédio opressivo, de cor escura como a noite e varias luzes amarelas fugindo de algumas das janelas. A chuva continuava a cair.


- Como é que…? – Comecei mas interrompendo-me a meio da questão e rendendo-me à loucura. – Não tens de quê.

- Sabes? Eu gosto de ti, não és como todos os outros pervertidos… - Disse comovida. Apesar da chuva, consegui entender que chorava. – Tu vens e aprecias o espectáculo, a arte, aprecias-nos e aprecias-me. Não como todos os outros tarados que vêm-nos apenas como pedaços de carne, como auxílios à sua masturbação arfando como cães nojentos.

- Mas se tu não gostas desta vida, porque não mudas? – Perguntei eu com uma inocência que até me meteu nojo poucos segundos depois de a ter dito.

- E o que faria eu para alem disto? – Perguntou ela com o seu sorriso doce mas este também possuía um travo amargo. – Não sei fazer mais nada. A minha vida é isto. Agradeço-te pela companhia mas…

- Tens que sair da chuva para não te constipares. – Interrompi sorrindo-lhe.


Ela abraçou-me e despediu-se entrando no apartamento. Pouco tempo depois de desaparecer por entre a bocarra daquele monstro de pedra e cimento as luzes do seu interior apagaram-se. Um trovão rugiu por cima da minha cabeça, de repente parece que começou a chover outra vez. Mas agora havia algo estranho nesta chuva, era mais pesada, mais forte. Foi então que levantei as minhas mãos à altura da minha face e vi nelas as gotas a baterem e eram negras, negras como petróleo. Aquela chuva de escuridão foi rapidamente invadindo as ruas e cobrindo os edifícios e repentinamente tudo foi varrido. Tudo foi limpo pela escuridão que invadiu o mundo.

Abri os olhos com o coração a querer escapar-me pela garganta. O ouvi o ressonar característico da Guelika ao meu lado e o meu coração amansou. No entanto a imagem da Nadja não me saia da cabeça. Temi que algo se passasse com ela, não sou de acreditar em sonhos proféticos ou nada disso, mas talvez o facto de não ver a rapariga há algum tempo estava a deixar-me com preocupações que não devia.

Suspirei e tentei voltar a adormecer, mesmo com a irrequieta preocupação de que algo podia estar a passar-se de errado com a Nadja. Foi então que ouvi a chuva lá fora, a bater nas janelas, no tecto, nas paredes. Um arrepio percorreu-me a espinha e uma sensação de angústia apossou-se de mim.

A Guelika moveu-se um pouco no seu sono e estreitou o seu abraço como se tivesse apercebido da minha aflição. Suspirei outra vez sob o abraço desta filha de Hékate, independentemente dos possíveis feitiços que ela tinha metido em cima de mim, parecia que me acalmava como queria.


O que estou eu a pensar? Parece só que estou a encher a minha mente de palha…



Enfim…

quarta-feira, março 23, 2011

Os Nefastos

Tinha parado de chover, mas as minhas roupas já estavam ensopadas. Tinha encontrado um lugar onde me proteger das tempestade mas já tinha sido tarde demais, pingava por todo o lado e imaginava-me a espremer as roupas e com a água encher um bule e fazer um chá de camomila.


- Preferia um de limão e canela. – Opinou uma figura estranha ao meu lado.


Era uma criatura estranha de corpo corcunda, coberto por uma gabardina cinzenta, suportado com uma bengala que pouco parecia servir pois continuava bastante abaixo de mim, dedos ossudos e unhas compridas agarravam a bengala cravada com a escultura de uma cobra. Da minha posição podia ver-lhe o cabelo ralo e oleoso que formava como uma coroa em volta de uma limpa careca. O nariz pontiagudo espreitava de uma face cravada de rugas e pele caída que também albergava um par de olhos piscos e negros assim como lábios finos, quase inexistentes, que escondiam um sorriso macabro de dentes afiados.


- Já te disse para parares de fazer isso. Ou preferes que cada vez que estiver na tua encantadora presença não tenha mais nada que pensamentos um pouco devassos.

- Por favor não. - Suplicou com uma expressão de nojo. – Essas coisas dão-me a volta ao estômago.


Ai, sexo… Engraçado saber que a melhor arma contra este monstro era o simples pensamento de corpos suados entre lençóis suaves e se metesse sémen ou fluidos vaginais melhor


- Eh! Pára! Consegues ter uma mente mais nojenta que o meu covil.

- Obrigado Vergil. Sabes que tento ser por ti. – Respondi sorrindo. – Mas o que queres? Não me ias procurar só por masoquismo.

- Obviamente que não. – Vergil sacudiu-se como se tentasse afastar os pensamentos da própria pele. – Bem a Guelika quer falar contigo.

- E ela não me podia falar directamente? Tinha de me fazer suportar a tua presença?

- Sabes tão bem como eu que és a ultima pessoa que eu queria ver. Ainda por cima com… essa mente. – Replicou com desprezo, seguido de uma pausa e um suspiro. – Mas com a Guelika ninguém nega, ou acabamos a espumar sangue com os intestinos a serem desfeitos e com isso tudo ainda demoramos varias horas a morrer sem nos podermos mexer.

- De facto ela é uma senhora interessante. – Disse com um sorriso algo sonhador.

- Não quero saber dos teus pensamentos nojentos envolvendo aquela bruxa. Quero que saibas que ela quer falar contigo ainda antes da meia-noite. Diz que vai estar no Ambrósia à tua espera até à meia-noite. É melhor que vás lá antes disso ou já sabes o que te espera. – Falou mostrando o sorriso afiado.

- Como podes ver não estou nas melhores condições para fazer uma visita à bela Guelika. Por alguma razão que não entendo, a humidade apossou-se do meu belo corpo.

- Não me importa isso, não quero saber de nada que queiras dizer. O trabalho foi feito e podes fazer o que quiseres com a informação. – Ele calou-se e envergou pela rua escura falando apenas quando estava quase a desaparecer na noite. – Espero que seja desta vez que ela te corta mesmo.


Suspirei, o meu corpo começava a gelar e eu não tinha nada a fazer excepto ir ter com a Guelika, que infelizmente aquele parasita intestinal tinha razão. Não podia dizer não à Guelika. Era uma mulher de desejos macabro que precisavam de ser saciados ou todos nós é que sofríamos. Só espero que desta vez não envolva outra vez um sacrifício, juntar sangue à água é só a piorar (ainda me pedia para rebolar em esterco só para melhorar) e ao menos a água seca, o sangue cria questões.

Cheguei ao Ambrósia. A luz de néon azul brilhava por cima da porta escrevendo o nome do buraco causando um erro ortográfico de vindo ao R que decidia ter luz apenas durante uma questão de segundos. E porquê buraco? Porque começava com a bela entrada com um segurança com a bela combinação de óculos escuros e de t-shirt com as mangas cortadas, obviamente para acentuar a massa muscular que não era obviamente normal, no mínimo havia esteróides envolvidos. Depois para acrescentar à beleza de dito buraco, dois bêbados lutavam à frente do estabelecimento, que apesar da maioria dos golpes serem desastrados e tristes chapadas amaricadas eventualmente um ou outro acertava o seu oponente e ambos já jorravam sangue do nariz. E para finalizar o quadro, obviamente destinado às mais distintas galerias de arte, estavam duas mulheres de uma idade respeitosa, com trajes pouco respeitosos e com corpos que mais valiam estar escondidos do que apertados naquelas roupas tenebrosas, tentavam vender-se ao segurança para entrar no dito buraco.

Consegui ouvir um pouco da conversa quando me aproximei, mas era de tão baixo nível que não vale a pena repetir, apenas abstrair-me e anunciei que a Guelika esperava-me e foi-me aberta passagem para dentro.


- E nós não podemos entrar, é? – Bramiu a mulher com uma voz estridente e nasalada - É por causa destas coisas que o país está como está, uns têm cunhas, outros ficam a ver navios.


Parei e olhei para trás. Olhei as mulheres de cima abaixo e senti uma pequena náusea no fundo da garganta. Sem pensar duas vezes, soltei-a.


- Se decidissem apresentar-se como mulheres e não como putas talvez tivessem mais sorte.


Consegui ouvir uma exclamação de choque e o inicio de um insulto mas desvaneceu quando a música do “bar” invadiu os meus ouvidos.

A luz era quase inexistente, apenas os clarões das luzes da pista de dança iluminavam, ainda que precariamente, o interior daquela toca. Informei-me no barman onde podia encontrar Guelika e segui para encontra-la. Estava num camarim no segundo andar desta espelunca, acima do bar.

Quando entrei ela estava sentada, num banco, de costas para mim mas em frente a um espelho. Penteava lentamente e com cuidado o seu longo cabelo avermelhado enquanto um sorriso tracejado pelo batom escarlate olhava para mim com aqueles olhos cinzentos e penetrantes que tanta impressão me fazia. Mas o que trazia vestido é que era interessante. Um corpete roxo de laços negros que, com o cabelo afastado por cima do ombro mostravam-se visíveis, apertavam o corpete na sua cintura mas não no peito, tornando o seu decote um pouco mais, digamos, precário e unicamente para além do corpete, tinha vestido uma tanga de renda que muito dificilmente escondia-lhe o cu que parecia estar confortavelmente sentado na almofada do banco.


- Ainda bem que vieste. – Começou, como uma voz melosa que parecia querer gemer ao acabar a frase. – Pensei que ia ficar sozinha hoje.

- Lamento a demora, as minhas roupas estavam uma lástima e tive de ir trocar. – Respondi secamente tentando, mas falhando, em mostrar o meu desconforto.

- Estou a ver. Mas não há problema, podias ter tirado a roupa aqui.

- Obviamente que sim. Mas não quis causar maçada.

- Não causavas maçada nenhuma, sabes disso.

- Sei.


A bela da conversa que não ia a lado nenhum era um clássico da Guelika. Uma pessoa que não a conhecia de certeza que se sentiria perturbada por a demora nas suas palavras, que pareciam andar em volta de si próprias sem ir a lado nenhuma, mas eu não, eu só me sentia um pouco.


- Não entras? – Questionou pousando a escova do cabelo. – Anda, fecha a porta e ajuda a pentear-me.


Assim o fiz. Engoli a seco, ganhei coragem e avancei para ela. Peguei na escova e antes de a pentear passei a mão pelo seu cabelo.


- Parece seda. – Disse-lhe sem pensar.

- Obrigada. – Agradeceu ela como uma rizada genuína. Não sei se estava a gostar da reacção que me causava ou estava realmente lisonjeada. – Como tens passado? Há algum tempo que não te vejo.

- Tenho passado às mil maravilhas e tudo melhora contigo a chamares-me para aqui no meio de uma tempestade.

- Oh, não queria causar-te trabalho. – Desculpou-se a Guelika segurando na minha mão. Lentamente levantou-se e ainda agarrando na minha mão levou-a à sua cara. – Mas já que estás aqui, podíamos ir-nos divertir um bocado.


Olhei de soslaio para a cama dela à minha esquerda, que estava repleta de roupa, alguns ídolos heréticos e uns instrumentos que me faziam temer a sua utilidade.


- Hoje não, o cansaço destruiu-me a vontade e a humidade da chuva que apanhei deixou-me com ranho. – Tentei forçar um sorriso. - Sexo e ranho não me parece bem.

- Oh se é assim sempre podia matar-te e depois divertir-me com o teu cadáver. Rigor Mortis é sempre divertido. – Retorquiu com uma velocidade tenebrosa e uma expressão amuada. – Ou podemos simplesmente dormir agarradas.

- Tenho de admitir que a segunda opção parece-me melhor.


Acabamos na cama, ela com os braços em volta de mim e eu a olhar para o tecto. Não era a primeira vez que olhava para aquele tecto, mas também não seria a última. Muitas vezes o destino me levaria ali e eu não sabia se odiar ou se esperar com excitação por esses momentos. Mas uma coisa sabia, o futuro ou o passado eram irrelevantes quando eu tinha os seus dentes no meu ouvido, suspirando palavras doces que eu também tinha a perfeita noção que eram venenosas e que se as continuasse a ouvir acabaria por morrer.

Para minha benesse ela acabou por adormecer, deixando-me com o leve ressonar que lhe era característico. Para toda a sedução e medo que tentava instigar o momento em que adormecia fazia-a parecer mais humana.


Já não era mau…

segunda-feira, março 14, 2011

A trilogia das aventuras dos Todomés (Parte I)

Era uma manhã de Primavera cheia de sol e Varg deslocava-se cantarolando e aos saltinhos ao bunker do neo, inspirado pelo chilrear das andorinhas e pelo grasnar dos patos e pelo croaxar dos sapos (que dizem “Rebarbado Martins, o fim dos teus amendoins!”) e pelo relinchar de um ou outro canário com problemas sérios de identidade.

-Bom dia, caro colega Imperialista! - saudou Varg após carregar no botão do intercomunicador.
- Que fazes aqui? - respondeu neo com os seus bons modos habituais.
- Ora essa, hoje é dia do anual piquenique do Imperialium!!
-...
-...
- ... Do quê?
- Do piquenique?.... anual?.... do Imperialium?......Não?

Fez-se silêncio do outro lado.

- Não me digas que te esqueceste... - acrescentou Varg.
- Esqueci-me? Nem sabia que o Imperialium tinha piqueniques anuais!!
- Ah...
- Têm andado a fazer piqueniques nas minhas costas sem me convidar?
- Não!
- ...
- A sério...
- ...
- Ok, fizemos um. Ou três. Quisemos boicotar a fraca inspiração que assola os teus posts. Tirando a série dos Todomés, não postas nada de jeito há anos! Anos!!
- Como fizeste isso?
- Isto? O quê?
- Isso!
- Ah, isto? Não fiz nada!
- Sim isso! Essa coisa!
- Estás é a tentar desviar o assunto! Não postas nada de jeito e isso tem de terminar! Não tens vergonha?
- Agora não fizeste.
- Não fiz o quê?
- Aquela coisa.
- Qual coisa?
- O coisar por cima do coiso.
- Deixa-te disso e anda mas é embora que está-se a fazer tarde.
- Só um momento.

Ouviu-se um barulho de feedback por dois segundos e o intercomunicador ficou mudo. Em seguida, a porta do bunker abriu-se e neo emergiu de lá.

- É bom que tragas fritos aí dentro. - disse neo apontando para a lancheira à Gorrinho Vermelho de Varg.
- Está descansado.
- Então, onde vamos? - perguntou neo enquanto começavam a andar.
- Vamos ter com o Lunático ao castelo. E depois vamos à aldeia Imperialium buscar o Rumba e o Abutre.
- Eh.. Ainda temos de andar como o camandro...
- Não sejas menina.
- Menina não! Passei a noite toda a abater tartarugas! Estou cansado.
- No Guild Wars?
- Não.
- Na vida real? - disse Varg levantando a lancheira para dar com ela em neo.
- Aqui, no mundo Imperialium.
- Ah. - baixou-o – Ainda assim, és um bocado sádico.
- Não eram tartarugas normais! Voavam e disparavam raios laser!
- Certo.
- A sério!
- Ok, não disse nada.
- Disseste “certo...”.
- Não, disse “certo.”.
- É o mesmo.
- Não, não é. Estava a concordar.
- Se estavas a concordar dizias “concordo!”, seria mais compreensível.
- Não, não seria.
- Seria sim!
- Isso assim podia confundir-se com aquele avião antigo. Como é que isso seria mais compreensível?

A discussão continuou acesa, violenta e com Toquezinhos Irritantes™. Duas horas depois, em frente ao Castelo do Lunático...

- Não.
- Era!
- Era nada!
- A sério!
- Tretas!
- Tretas nada, o DP spiral é uma ferramenta que os deuses ordenaram aos criadores do GW que introduzissem de forma a baixar a taxa de divertimento por 60% para não quebrar a razão Diversão/Filmes musicais que, sofrendo a mais pequena instabilidade, pode causar o colapso do planeta Terra!
- Tretas! – berrou Varg – É superstição! É tão verdade como a cientologia, os pteródactilos e a monogamia!
- WOOOOOW!
- Que foi?
- Olha! - disse neo apontando.
- WOW! - exclamou Varg.
- Eu bem disse que era verdade!
- Hum? O que é que isto tem a ver com o DP spiral?
- Não é isso!
- Ah, não tinha visto as tartarugas. Pensei que te estavas a referir àquela multidão de pessoas histéricas que eu não conheço de lado nenhum...
- Espera... Eu conheço aquela gente...
- Conheces nada! - contestou Varg – Vá, àndari. Vamos ter com o Lunático.

Lunático e Stuart estavam a quatro ou cinco passos dali, a tentar controlar a multidão de pessoas histéricas que o Varg não conhecia de lado nenhum.

- HELO jovens! Tudo bem convosco? – saudou Lunático.
- Estou cansado. – protestou neo.
- Sim, e convosco? – perguntou Varg.
- 200 OK – respondeu Lunático.
- Desculpa?
- 200 OK! – repetiu Lunático.
- Que se passa com ele? – perguntou neo a Stuart.
- Não sei... – respondeu Stuart. Lunático olhou para ele com ar de fúria. – Quero dizer, 404 Not Found! – corrigiu Stuart. Lunático sorriu.
- Okay... – disse Varg ignorando – Prontos para mais um dia de piqueniques Imperialium?
- 400 Bad Request. Hoje não é dia internacional de falar à web?
- 200 OK – disse Stuart.
- Não, hoje é dia do piquenique Imperialium!

Lunático verificou o seu calendário e concluiu que, este ano, o dia do piquenique Imperialium coincidia com o dia de falar à servidor web.

- Boas notícias! Este ano, o dia do piquenique Imperialium coincide com o dia de falar à servidor Web!
- Oh goodie. – exclamou Varg cheio de euforia e entusiasmo. Neo dava saltinhos.

- Então e esta multidão faz o quê aqui?
- Estavam a protestar junto do Senhor a ausência de posts do Imperialium. – disse Stuart referindo-se ao desaparecimento do Lunático.
- O Senhor está aqui? – perguntou Varg.
- Está. Saiu de uma das tartarugas.
- Quais tartarugas?
- Aquelas tartarugas ali!
- O Lunático saiu dali?
- Não, foi o Senhor.
- Não foi o Senhor? Então era o Lunático disfarçado de Senhor?
- Não vírgula foi o Senhor.
- Quem é o Vírgula?
- Onde entra o Lunático então?
- 242 CONFUSED.
- Quem é que recebeu o Senhor?
- Ora bolas, não estou a entender nada deste post. – protestou uma voz do meio da multidão.
- Qual é o teu problema? – refilou neo sempre aberto a críticas. – És burro ou não sabes ler?
- 200 OK – concordou Lunático.
- E você cale-se.
- 503 SAD.
- Hey, isso nem é--
- AHHH! – exclamou neo – Agora eu reconheço esta multidão! Esteve a semana passada a protestar junto do bunker por causa da ausência de posts do Imperialium! Pisaram-me as orquídeas os bastardos!
- Como sabes que esta é a multidão que eu contratei que estava no bunker? – questionou Varg.
- EH! EH! Lá está outra vez o coiso!
- Qual coiso?
- Esquece. Sei que é porque reconheço aquele gajo disfarçado de macaco cor-de-rosa. É um bocado difícil de não notar.
- Bah. Eu logo vi. Geribaldo! – gritou Varg ao macaco cor de rosa – Despe isso e vai lá vestir o fato de sapo que o gajo de macacos não tem medo!
- Erm, de sapos também não... – sussurrou neo.

Fez-se uma pausa enquanto Geribaldo Fatias passava pelos quatro, lentamente, em silêncio e tristeza, agarrado à sua cauda felpuda.

- Agora que já arrumámos este asssunto... – disse neo enquanto a multidão saía de cena de forma rápida e organizada – Dá lá continuidade a isto de forma convincente se fazes favor.
- Ok, explica lá o que fazem aquelas duas tartarugas giantes despenhadas contra o teu castelo, Lunático.

Lunático abriu a boca para falar, mas não se lembrou de nenhum código Web que tivesse a ver com tartarugas alienígenas disparadoras de raios laser e cheetos futebolas, por isso acabou por não dizer nada.

- Bem, o que eu sei – disse neo – é que ontem abati três ou quatro que apareceram por cima do meu bunker. Se calhar vieram em queda até aqui.
- Ou se calhar, o Lunático andou armado em Frankenstein outra vez! – disse o Varg – Eu bem sei que existe uma razão para tu não apareceres cá fora regularmente! Criaste essas tartarugas nos teus laboratórios do macabro e do sinistro e do pérfido e do aperiódico!
- Criei nada.
- De certeza?
- Sim.
- Pronto, ok...
- Claro que há uma razão para eu não aparecer cá fora regularmente, mas não é essa.
- Qual é então?
- Ainda bem que perguntas. Sentem-se, caros amigos, à volta da fogueira e eu contar-vos-ei....... Stuart, faz uma fogueira!...  e eu contar-vos-ei a história do meu desaparecimento!

E assim foi.


A História do Lunático
Isto é, desde o seu desaparecimento até ao seu potencial reaparecimento
(como imaginada pelo neo)
(o que quer dizer que isto pode ou não ser verdade, mas não deve ser)
(embora nunca se sabe)


Foi numa fria e chuvosa manhã de Inverno que Lunático regressou do seu voluntariado em África a ajudar as crianças do Zimbabué. Arrebatado por uma enorme fome, Lunático dirigiu-se aos Ribeirinhos para comprar pistácios de marca Alestorm quando junto a si pára uma limusina preta com os vidros fumados de cor-de-rosa.
A sua porta abriu-se.

- Entrá, sóu éu! – disse uma voz familiar.
- Quem és? – perguntou Lunático, desconfiado.
- Sóu éu, entrá!
- Ah, ok.

Assim fez. Lá dentro estava uma figura com toneladas de maquilhagem castanha, roupas indígenas e um martini com duas azeitonas. Após entrar, o carro arrancou.

- Abutre?
- Éu!
­- Que fazes com esse turbante ridículo?
- Só vidente agorá!
- Hum? Vidente?!
- Porque estás tão chocado? Até parece que ninguém previu! Só Ástrólogo Vidente com 40 ános dé experiência e puderes dé mágia négra e bránca, para ser más préciso.
- Professor Mamadu?
- Não, só o Prófessô Kuduro. Más o Mamadu trábálha pára mim por acaso.
- Tens uma empresa então?
- Um império! Sóu o pátrao de tódos os bruxos que desempenham funções em Pórtugal!
- Até o professor Karamba?
- Até o proféssô Karamba!
- Até o professor Sabugu?
- Sim...
- Até o professor Kadeirudu?
- Ok, já chega.
- Para onde estamos a ir? Eu queria comprar pistácios...
- Vou ser honesto contigo. – disse Abutre passando-lhe um copo de jói para as mãos – A má notícia é que te estou a raptar. A boa notícia é que lá há pistácios.


---- Fim da 1ª parte ----

- Stuart! Vai buscar pistácios!
- Já não falas à web? – perguntou Varg.
- Não. Já passa da meia-noite em Sydney.
- Ahn?
- O que me lembra, temos de ir ter com a Justina... – disse Lunático.
- A Justina?
- Sim.
- Quem é a Justina?
- A Justina Genicas.
- Bora então.

E os quatro foram juntos a Lisboa ter com a Justina.
Justina morava num prédio cheio de bolor e a precisar de obras há pelo menos 30 anos. Não estava. A porta encontrava-se sempre destrancada, portanto eles entraram e espalharam-se pelo chão da sala dela, aleatoriamente, começando a comer o farnel reservado ao piquenique.

- Ok, o que estamos a fazer aqui? – perguntou Varg finalmente.
- Neste momento – disse Lunático olhando para o relógio – estamos à espera da Justina.
- Deixa-me reformular. Por que é que viemos aqui?
- Ah, boa pergunta! Viemos buscar a cenoura – disse, apontando para um altar decorado de pedras reluzentes das mais diversas cores que destoava de todo o apartamento. No topo do altar encontrava-se uma cenoura de borracha daquelas que, quando apertada, emite um som estridente aproximadamente bastante incómodo ao ouvido, causado por uma massa de ar a atravessar aquilo a que vulgarmente se chama de gaita – que está ali em cima.
- Por que é que viemos buscar aquilo?
- Porque finalmente chegou a hora de pagar a dívida que tenho para com os meus dois salvadores.
- Quem são eles?
- Eu contar-vos-ei!
- Então conta!
- Vou contar!
-.... força!
- Preparando para contar...!
- Epa conta pah!
- Conta isso já pá!
- Epah conta! - Conta pah, conta! – Pah, conta lá!! – Conta-me isso já pah!!!!
- Con...

Segunda parte d’ A História do Lunático
Isto é, desde o meio do seu desaparecimento até ao seu potencial reaparecimento
(como imaginada pelo neo)

- Bom, se me estás a levar contra a minha vontade para um sítio onde há frutos secos, dificilmente se pode chamar rapto...
- Queres que lhe chame abdução?
- Parece-me melhor, sim. Para onde me abduzes?
- Para a minha arrecadação. Vais ter o prazer, a honra, a satisfação e a clemência de ser a pedra basilar do meu novo império! Supermercados Kuduru!

Lunático sugava o seu jói de laranja pela palhinha atentamente.

- Sim, depois de controlar todos os professores que aparecem no Destak, no JN, no DN, no Crime e no Ministério da Educação (sim, ouviste bem! O célio rijo trabalha para mim!), vou comprar todos os supermercados portugueses, cadeia por cadeia, de Norte a Sul. Depois vou oferecer vales de desconto em consultas de bruxaria por cada 500 euros de compras em cartão! Muahahah! Sou tão esperto!!!
- E onde entro eu no meio disso tudo? Precisas de alguém para gerir o teu vasto império?
- Não, preciso de alguém para me pintar os cartazes dos preços.

Foi a última coisa que Lunático se lembra de ter ouvido naquele carro e a última coisa que ouviu de alguém durante muito tempo. Quando recuperou a consciência, estava numa gaiola.
Do seu lado esquerdo tinha um monitor onde ia lendo o produto e o preço. Por baixo do monitor estava uma resma de cartolinas que iam sendo repostas à medida que ele as retirava do tabuleiro.
O conjunto de marcadores que estava à sua disposição não possuía nenhuma cor que ele gostasse, e as canetas não eram molin.
Do lado direito da gaiola existia uma calha de plástico que dispensava 4 pistácios para uma tigela cada vez que Lunático terminava uma cartolina com sucesso. Quando se enganava levava um choque eléctrico. Desenhou cartazes de preços para todas as lojas de todo o país. Não viu ninguém durante vários meses ou anos e o seu trabalho era constantemente vigiado por câmaras.
Uma vez a cada três ou quatro meses, Abutre deixava-o utilizar um computador por algumas horas, horas que Lunático aproveitava para mandar mensagens de socorro aos seus amigos, que eram prontamente filtradas e apagadas por Abutre usando um proxy malévolo. Abutre era absolutamente má pessoa, mas era distraído.
À beira do desespero, Lunático engendrou um sistema de códigos praticamente invisível que escondia nos cartazes dos preços do pingo doce e que apelavam ao seu salvamento com instruções vagas sobre a sua localização. Contudo, ninguém o detectou. Ninguém, excepto uma pessoa:

---- Fim da 2ª parte ----

- Justina!

Carregada de vários sacos das compras, Justina entrou pela porta de casa. Lunático correu a ajudá-la.

- Stuart, ajuda-a!
- A expectativa introdutória é satisfatoriamente distribuída por todos os elementos. – afirmou Justina.
- Boa tarde para si também, Justina. – respondeu Lunático – O momento chegou, temos de levar a cenoura. – declarou, com grave gravidade.

 A cara de Justina iluminou-se com um misto de surpresa e entusiasmo.

 - Este assunto ainda não foi desbolinado convenientemente, - disse Justina Genicas, e acrescentou – no entanto vamos imaginar a trajectória de uma câmara a filmar uma cena.

Stuart levou os sacos das compras para a cozinha. Quando regressou, juntou-se a Justina e Lunático numa dança tribal em redor do altar da cenoura. O prédio abanou todo e as paredes da sala ficaram vermelhas como o sangue que escorria de todas as reentrâncias. Dos respiradouros do tecto começou a aparecer fumo espesso. As luzes foram abaixo. No clímax da dança, entre os gritos alucinados de Justina e Stuart, que tentavam mais ou menos ingloriamente imitar as araras-azuis-de-lear, ouviu-se uma voz vinda de todos os lados e de nenhum lado em especial.

 - Caros Mortais, Sou Eu, Jesus Misto! Haveis-me Satisfeito com a Vossa Dança Exótica. Ide Agora. Regressai a mim com a Cenoura Sagrada do Mocho de Ghul’chok’motokross e Eu Vos Direi Qual o Próximo Passo da Vossa Missão.

A sala voltou ao normal como se nada tivesse acontecido, perante os olhares intrigados e apavorados de neo e Varg.

- Que raio se passou aqui? – perguntou neo.
- A classe desceu e tornou-se previsivelmente incompatível com as curvas. A condição para isso acontecer é que as atigradas sejam inesperadamente contínuas.
- Que raio se passa com ela? – perguntou Varg.
- As vossas perguntas serão respondidas em breve, – disse Lunático retirando a cenoura do seu altar – mas agora teremos de voltar ao meu castelo. Pelo caminho, aproveito e termino a minha história.


Conclusão d’ A História do Lunático
(como imaginada pelo neo)


Após meses infindáveis de escravatura, Lunático foi surpreendido por alguém a entrar de rompante na arrecadação de Abutre, após explodir com a porta. Era uma mulher totalmente despenteada que trazia consigo um guarda-chuva e armamento suficiente para aniquilar um exército. O seu nome era Justina Genicas. Quando Abutre a viu pelas câmaras, sem perceber como ela tinha passado pelos seus vários perímetros de segurança, ordenou aos seus dois melhores guarda-costas que descessem à arrecadação e tratassem do assunto. Acompanhou pelas câmaras os acontecimentos. Num tiroteio que durou pouco mais de quinze segundos, Justina despachou os dois sem sofrer um único arranhão. Abriu a porta da gaiola e deixou Lunático sair, que prontamente lhe agradeceu de forma efusiva. Em seguida, Justina ajoelhou-se e agradeceu a Jesus Misto a sua bênção.

- Vamos atrás do Abutre! – disse Lunático.
- Não, por esta altura ele já fugiu. – respondeu Justina – Pela sua traição, Jesus Misto transformá-lo-á na forma de vida mais miserável de sempre. Terás hipótese de te vingares dele no futuro. Por ora, tenho de ir. O meu trabalho está concluído. Encontrar-nos-emos quando precisares da relíquia.
- Qual relíquia?
- A seu tempo saberás. – afirmou enigmaticamente, deixando-o só e livre finalmente.

---- Fim ----

Estavam quase a chegar ao castelo do Lunático quando este terminou a sua história.

- Foi rápido. – disse Varg.
- Resumi um bocadinho para não se tornar fastidioso. – respondeu Lunático.
- Estou a ver.
- Então a cenoura é a relíquia? – perguntou neo a Lunático.
- Sim, com esta cenoura derrotaremos a forma que Abutre tomou no reino Imperialium, segundo o que o Jesus Misto me contou hoje de manhã.
- Bem, acho que isto explica tudo o que faltava. – referiu Varg pensativo -  Excepto uma coisa. Por que raio é que ela falava bem antes e daquela maneira italicizada depois?
- Ah, é uma história interessante. Levou com um escadote de metal na cabeça quando lhe estavam a arranjar o varão dos cortinados.
- Hmm...
- Chegámos!

Chegaram ao castelo do Lunático. Tal como acontecera naquela manhã, de dentro de uma das tartarugas despenhadas cujo combustível ainda fazia arder a gigante relva em redor do castelo do Lunático, emergiu um ser de cabelo absurdamente comprido vestido com um fato de carnaval que consistia basicamente numa tosta mista gigante.

- Stuart vai cortar a relva!
- Haveis Procedido Bem! De Facto, a Cenoura Sagrada do Mocho de Ghul’chok’motokross É Tão Esplendorosa Como os Monges e os Bardos de Ghul’chok Evocavam! Sabeis Agora o Que Tendes Pela Frente?
- Temos de pegar nela e ir destruir o Abutre? – perguntou Lunático.
- Precisamente! Encontrá-lo-ão no Reino Imperialium! A Vossa Recompensa Será Poderem Produzir a Realidade Toda que Desejarem com o Correr da Vossa Pena! Para Conseguirem Tal Feito, Terão de Produzir um Post em que Derrotarão esse Malvado Ignóbil Sedento de Líquido Infiel da Maldição: o Guaraná e Utilizador Assíduo desse Cruel e Desprezível Estabelecimento de Perdição: a Discoteca.
- Então e quem és tu para nos mandar fazer isso? – perguntou Varg quando conseguiu.
- EU SOU JESUS MISTO! Eu Sou o Queijo e o Fiambre! Sou Filho Unigénito de Deus Escombrídeo e das Santíssimas Virgens Cáries! Obedecei-me! Concluí a Minha Demanda Para Vós!
- Por que é que--
- Não Questionais o Santo Nome de Deus Escombrídeo!
- E nós vamos--              
- Não Questionais os Abençoados Desígnios Divinos!
- E voltamos a tempo--
- Não Questionais a Vontade Divina de Impor Demandas Durante a Final da Taça de Portugal!
- Pronto, ok. Vamos lá pessoal. – resignou-se Varg.
- Muito Bem! Caros Mortais, Tendes Alguma Questão?
- ...
- Então... Banzaaaai!

E, dizendo aquilo, Jesus Misto deu uma pirueta no ar e desapareceu. Em seguida ouviu-se a música de início das Tartarugas Ninja.


E assim começou a missão dos três Imperialistas.