sexta-feira, abril 30, 2004

Contos de Terror do Mordomo Stuart (2º Conto)

A Localidade dos Malignos

Os Zaias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, numa casa que era conhecida na vizinhança como a Casa do Toalhete. A casa era verde, tinha um telhado azul-clarinho e as portas eram rosa-choque. As pessoas comentavam bastante as cores da casa. "Olha me aquela casa de paredes pretas, telhado amarelo e portas azul-turquesa... Parece um arco-íris!" exclamava uma velhinha. Ao seu lado o marido dizia: "Mas o narrador disse...". "Que se lixe o narrador! Nós é que vivemos cá, portanto nós é que sabemos as cores da casa! Oh-me essa...!", respondia ela, mas erradamente pois, eu sei o que digo! "Não, não sabes!". Cala a boca mulher! Eu tenho uma história para contar! "Por acaso, alguém que fica desnorteado por ouvir a expressão "hhhmmmmm", merece alguma credibilidade?!". Cala a boca, velha metida! "Hhhmmmm!". Mete-te na tua vida! "Hhhmm hhmm!". Ai o caraças...! "Hhhmmm?".

Mudando, vertiginosamente, de assunto (e depois de ter resolvido o problema pacificamente com a velhota, pois só a espanquei com uma costela que lhe arranquei a sangue frio), os Zaias eram o avô Idealonso da Zaia e o neto Chato da Zaia. Mas o que estes não sabiam era que a casa estava amaldiçoada por um poltergeist mau-como-as-cobras.

Numa terça-feira, Idealonso ouviu um ruído estranho na sotão. A partir daí deduziu que a casa era assombrada, pois a Brigada de Assaltantes Semanais tinha por hábito passar lá nas quintas. Era óbvio que não podiam ser eles, mas sim algo sobrenatural e incontrolável, algo que não levava umas trinta colheres de prata e bebia chá com a vítima, indo se depois embora... Era sim, um ser malicioso, sedento por sangue de mortal e por yakissoba de frango (embora preferisse estes dois, também gostava bastante de um bom arroz de tamboril).

Uma vez, o Chato trouxe consigo dez "meninas". Porque é que a palavra "meninas" está entre aspas? - devem se estar a questionar. Se eu fosse o Fernado Roxa, bastava dizer: "Porque elas são umas PUTAS!" e isso era motivo suficiente para vos pôr a rir durante meia-hora. Mas ao referir "meninas" queria simplesmente dizer que elas tinham por volta de 13/14 anos, ou seja, Chato da Zaia era mesmo pedófilo! Só não o chamo de Abutre porque ele nunca perdeu um telémovel caro com nenhuma delas.

O Chato fez sexo com todas elas na mesma noite, tendo-as engravidado todas. O poltergeist (chamemos-lhe de Zé) teve a grande ideia de possuir os filhos de Chato, tornando-os assim multi-super-hiper-ultra-e-incomparávelmente-poderosos! O plano era bom, mas Zé assim deixaria de existir. Era uma missão suicída que valeria a pena, pois fazer barulho de noite no sotão e mudar o lugar habitual dos objectos, começava a perder a piada. E assim foi. As crianças nasceram cerca de oito meses e meio depois, todas na mesma semana. Uma delas, estranhamente morreu depois do parto. Uns dizem que foi da aplicação da anestesia DCM (ver conto anterior) outros afirmam que um padre assistía ao parto e, vendo que o bebé estava possuído pelo Demo, mandou matarem-no. Boatos...

Essas crianças, 15 anos depois, vieram viver na casa do pai. Idealonso, o bisavô, tinha os seus 91 anos, mas ainda andava de bicicleta, fazia "jogging", tratava do jardim e dava umas quecas com a empregada Rita. Chato, como era um homem de negócios, passava praticamente o dia todo no trabalho, aparecendo só de noite. Então, tinha de ser Idealonso a cuidar das crianças durante o dia.

Numa sexta-feira 13, enquanto o avô lia o jornal "A Bota", as crianças fizeram a sua primeira demonstração de possessão. Dizia-se que um padre iria passar no Toalhete, para abençoar a casa. Quando chegou, os rapazes (que são 4) quiseram abrir a porta ao padre. O imprevisível aconteceu: o padre e os 4 rapazes começaram a espancar-se mutuamente. Acompanhado com o sacerdote vinham três freiras de idades entre 25 e 30 anos. Estupefactas, ficaram a ver o espancamento que os rapazes davam ao padre. Idealonso estava incapacitado fisicamente e demasiado ocupado a ler o resumo do ultimo jogo do Sporting Clube de Lamas, para se meter no assunto. "Tenham juízo!", exclamava ele para os bisnetos. As três freiras tentaram fugir, mas as raparigas (as quais são 5) conseguiram apanhá-las. Depois de serem atadas ao sofá, começou uma dose de violação feminina às "coitadas" das freiras. O avô, cuja atenção estava desviada para o jornal, só ouvia "Oh sim! Sim, irmã! Continue...! Prossiga, irmã! Vá, que eu sei que é capaz de melhor!" de um lado e "Parem! Gnahh! Eu vim aqui para purificar a casa... Ô! Em nome de deus (ouch!) parem!... Ugh!" do outro. Não desviando os olhos do jornal dizia: "Juízo! Olhem que os vizinhos podem ouvir e depois corre a fama que somos maus anfitriões...".

As "entidades clericais" só saíram do Toalhete uma hora depois e sem o Idealonso ter dado conta, pois mal acabou de ler o jornal, nem viu o que os bisnetos faziam às visítas, pois foi ao quarto da Rita, a empregada, "dar-lhe um recado" ou pelo menos foi o que ele disse que ia fazer.

E assim tem acontecido ao longo dos anos. Aquela zona toda está amaldiçoada e é considerada completamente herege. E é conhecida actualmente por... A Localidade dos Malditos!

Ass.: Stupid Son of Sam

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