Let The Games Begin!

(este post é a continuação/resposta a um post da Anuket que pode ser encontrado aqui.)


Tinha acabado de chegar à Universidade Nova de Antárctica, local onde (finjo que) estudo desde que os Ursos me transformaram num Pinguim, quando senti um arrepio pelos meus pequenos ossos ocos (sim, falo do crânio também).

Pude sentir nas minhas penas que algo estava mal. Contei as asas. Duas. Contei as patas. Duas também. Contei os dedos dos pés. Um, dois, três... vários.

Parecia tudo normal. O que é que poderia passar-se de tão errado?


Ia começar a contar as penas quando os alarmes de incêndio ecoaram por todos os pavilhões da Universidade. Aterrorizado, vim cá para fora aos tropeções, mas a situação não estava melhor. O chão começou a tremer violentamente e nele abriram-se brechas gigantescas que regurgitavam lava escaldante. As tampas de esgoto foram cuspidas por jactos colossais de águas residuais que mancharam os edifícios com dejectos, gelatina e manteiga de amendoim. Os alunos atropelavam-se tentando fugir dos professores psicóticos que, tal como acontece todos os dias naquela faculdade, começaram a agredir os homens que vinham distribuir o Destak. Contudo, por alguma razão bizarra, esses homens transformavam-se hoje em jornais imensos e, berrando “Cão Feio!! CÃO FEIO!!!”, começaram a dar marteladas nos professores que ganiam em desespero.
Foi então que se ouviu uma explosão tremenda e o azul do céu virou trevas sobre os gritos descontrolados dos jovens que apenas queriam ter um dia de aulas normal, mas acabaram por dar de caras com aquilo que parecia o dia do Juízo Final. Sem qualquer fonte de luz, as pessoas atropelavam-se, pisavam-se e esmagavam-se aleatoriamente pois o pânico impedia-as de se manterem quietas.
As únicas coisas que se viam no meio de tanta escuridão eram os autocolantes que brilham no escuro de um playmobil titânico que se passeava algures na linha do horizonte. Era possível vê-lo divertir-se a destruir a Ponte 25 de Abril usando como arma o monumento do Cristo-Rei e rindo-se maniacamente.
O caos estava instaurado e o fim da humanidade estava próximo. Tanta destruição só podia significar uma coisa.

neopinguim (desviando-se de um avião comercial que caía à sua frente): Meh, alguém ressuscitou a Anuket.

Vim para casa com os máximos ligados, tentando não atropelar muitos dos mortos que se levantaram das suas tumbas com fome de marmelada, se bem que é um pouco difícil desviar-me de corpos sem alma quando nem sequer aos pedais chego. Assim que cheguei a casa, assisti a um meteoro cair em cima do lidl, criando um incêndio que foi logo apagado por um tsunami.
Abri a porta de casa e lá dentro tinha duas criaturas à minha espera: O Abutre e o Padre Zé Manel das Iscas. O Abutre estava com mau aspecto como sempre, mas ver pela primeira vez o Padre ZMdI deixou-me em estado de choque.

neo: .........um Pelicano?!?!
ZMdI: .........um Pinguim?!?!
Abutre (indiferente): Sim, sim, oh que grandes revelações.. oh oh.. estou que nem posso.. Olha lá oh pedro, onde guardas os enchidos?
neo: Na cozinha. Sempre em frente, porta do fundo.
Abutre (indo-se embora): Que bela sandes que vou fazer. Se vou!
ZMdI: Não fazia ideia que eras um Pinguim!
neo: Foram os palermas dos Ursos que me transformaram, mas se queres que te diga, acho que a Anuket também teve mão nisso. Então e tu? Quem é que te transformou?
ZMdI: Ninguém! Eu já nasci assim! Um pelicano!!!
Abutre (berrando da cozinha com a boca cheia): Oh oh.. sim senhor.. tanta revelação foleira num post para agradar a Deus até me deixa zonzo!!
neo (chocado): Não posso crer! Então e que fazes aqui?
ZMdI: Estou a activar o meu procedimento anti- cataclismos-provocados-por-entidades-malignas-controladas-por-marionetistas-camelos. Ainda é cedo para o mundo acabar. Faltam 5 anos pelo menos.
Abutre (berrando pelas escadas acima): Bem, já comi. Fiquei tão zonzo que acho que vou dormir já aqui nesta cama. Já agora, alguém podia dizer aos Srs. Cavaleiros do Apocalipse para fazerem pouco barulho com os cascos lá fora? Há aqui gente que trabalha amanhã!!
neo: Porque é que o trouxeste contigo?
ZMdI: Ele estava a pedir boleia no meio de uma épica batalha viquingue. Tive piedade dele. Afinal de contas, sou padre.
neo: Estou a ver. Bem, enquanto dorme não chateia. Conta-me lá o teu plano então.


E o não tão mítico padre pelicano Zé Manel das Iscas, cuja grande revelação só deveria ter sido feita num outro post ainda não terminado, contou ao pinguim neopinguim o seu plano para terminar o reino de tirania da Anuket, enquanto esta, no andar de cima, via-se aflita para passar na janela da varanda do quarto, após ter comido tanto folhado misto, tanta goma e tanto brigadeiro. Quando finalmente conseguiu, andou aos apalpões pelas paredes à procura do interruptor da luz, batendo várias vezes com a cabeça na portinha da secretária. Achou-o e acendeu-o, mas nada aconteceu. Voltou a tentar e voltou a não acontecer nada. Tentou mais umas cinco vezes e já estava a vociferar contra quem paga as contas naquela casa, quando se lembrou que era por causa dela que o mundo todo estava às escuras.
Depois de tentar mais umas três ou quatro vezes, desistiu de acender a luz e dirigiu-se para a cama onde o Abutre repousava ruidosamente. No entanto, antes de lá chegar, tropeçou no saco da guitarra que estava propositadamente desarrumado e embateu com o focinho na cómoda, fazendo o Abutre revolver-se furiosamente na cama. Manteve-o adormecido usando um lenço com éter e saiu com ele pela janela, arrastando-o pela camisola e deixando-o cair umas quantas vezes pelo caminho.

Anuket: Haha! Vou torturar o Neo! Oh p’ra mim que sou tão evil!


neop.X

PS: Este Post tem um final alternativo (disponível para quem o souber procurar), que foi o primeiro final em que pensei. Depois percebi que me estava a deixar levar e resolvi cortar umas coisas e deu neste final, mas vai dar tudo ao mesmo.

PPS: Terceiro post consecutivo com título exclusivamente em inglês.