sexta-feira, abril 18, 2008

Marte Ataca (com queijo)!

Uma mensagem estranha na rádio

7:30 da manhã, o despertador toca arrancando-me de um sonho onde salvava o Mundo de uma calamidade apocalíptica (sonho que será aqui brevemente publicado). Enquanto tacteava a mesinha de cabeceira à procura do comando para apagar a aparelhagem, reparei que a música que estava a passar na rádio era muito estranha. Um simples riff de Blues numa guitarra clássica, acompanhado por uma voz monocórdica que dizia ciclicamente “Ana Dalai, Grama Lama, Dalai Lama”.
Levantei-me e fiquei especado a olhar para aparelhagem, como se fosse um televisor. A voz continuava a mesma cantilena, mas a guitarra parecia agora estar a servir de arma contra alguém. “Mas que raio…?!”, não pude deixar de pensar.

Experimentei mudar de estação mas, surpresa das surpresas, estava a transmitir a mesma coisa! O cantor desafinado, depois de um bocado, passou a ser espancado. Ouviam-se “DalBÂ! Hunf! … LamUgh!” seguidos de sons de pancadaria e de vários “Toma!” ditos pelos supostos adversários.
Verdadeiramente indignado com a péssima qualidade da música contemporânea, ia desligar a aparelhagem quando o “artista” grita desesperadamente:
- É um anagrama, Parvo!

Ahah! Um anagrama! Compreendi então que era uma mensagem do meu informador, o Gonçalves. Esperei um pouco a ver se ele dizia mais alguma coisa. Após uns 2 minutos de silêncio, ouve-se uma mulher a anunciar o boletim meteorológico, com uma tal naturalidade que parecia que nada de anormal tinha acontecido.

Mudei, de novo, para o posto anterior e *TCHARAN!* estava a passar uma música qualquer foleira! Não restavam dúvidas! O Gonçalves quis me mandar uma mensagem e, sabendo que eu devia acordar por esta hora, usou a rádio. Mais alguém notou que ele interceptava todas as emissoras e foi apanhado quase de imediato.
Porque razão, então, ele não tinha feito como de costume? Ou seja, vestir-se de motociclista da Telepizza e entregar-me a mensagem pessoalmente, ao mesmo tempo que uma deliciosa carbonara? Talvez as carbonaras tivessem acabado… ou então…

Fui à janela ver o que se passava lá em baixo, à porta do meu castelo. Tal como suspeitava! Dois marmanjões, cada um armado com um barrote de madeira, guardavam o portão. Decidi espreitar a entrada a sul, pela ponte levadiça. Estranho… Estava aparentemente deserta. Mas!, ao desviar o olhar para o lado, vi um vulto suspeito no telhado do palácio que está a ser construído a este.

Já com os binóculos, pude constatar que, também ele, estava ali para evitar que recebesse mensagens do exterior, pois o tipo estava armado com uma riffle! E ao ver-me através do óculo da mesma, começa a disfarçar ora dando marteladas com a arma numa chaminé, ora pedindo pregos a um tal de Tavares que devia ser invisível, porque não se via mais ninguém ali.

O Gonçalves sabia que agentes inimigos vigiavam as entradas do castelo e que jamais conseguiria entregar-me a mensagem pessoalmente. Mas, afinal, o que queria ele dizer com aquilo? Dalai Lama? Anagrama?
- Só há uma maneira de descobrir! – disse, para os meus botões.
- Pois, através do Anagram Genius. – responde-me o botão azul, enquanto que o amarelo e o encarnado acenavam vivamente que “sim”.

No Anagram Genius, ao digitar “Dalai Lama” saiu-me o resultado “A lad. A mail”. Não vi como aquilo pudesse fazer sentido, mas… Fui ver o correio, pelo sim, pelo não. Nada. O e-mail depois, nada também. Comecei a duvidar das conclusões que tinha tirado. Será que não era tudo coincidência? Fui então ver o que o sniper pseudo-construtor estava a fazer.

Surpreendido, observei-o a martelar, atrapalhadamente, com a riffle. De vez em quando metia, sem querer, o dedo no gatilho e *BAM!*, disparava para baixo. Acabou por acertar em cheio no pé, a certa altura. Depois de uma curta dança ao pé-coxinho, lá retomou o trabalho, vermelho de dor e de fúria.
- Oh Tavares, traz me os pregos que não posso ir aí abaixo!

“Woah!”, exclamei impressionado. Um molho de pregos flutuava pelo escadote acima, como que sendo mesmo levado por alguém invisível!
- Não te deixes enganar! Aumenta o “zoom”, pah! – diz-me o botão amarelo.
Obedeci e, dos meus binóculos “zoomados” ao máximo, vi que os pregos eram içados e levados por fios finíssimos. Lá em cima, suspenso no cabo dos postes eléctricos, um dos tipos que guardava o portão estava agora encarregue de fazer aquele truque, movendo os tais fios como se fosse um manipulador de marionetas.

- Nah! Sempre tinha razão! Aqui há gato!


Um rapaz

Saí de casa eram 9 horas. Ia à caça de gambozinos selvagens no imenso pinhal que está a poucos metros do meu castelo. A meio do caminho, um miúdo de bicicleta, que tinha por hábito passar por aquelas zonas, aborda-me:
- Dá-me o teu e-mail, rápido!
- Uh?
- O teu e-mail? Diz-mo! – pede, desta vez fazendo \\//_ com a mão.

Percebi que ele era um vulcano e, como estes são tipos porreiros, confiei nele. Depois de ele ter anotado o e-mail na mão, arrancou, fugindo o mais depressa que podia na sua bicicleta. Um helicóptero aparece e persegue o pequeno ciclista, voando a baixa altitude.

Em frente um tanque, que estava escondido atrás de um muro, mostra-se e começa disparar bazucadas contra o rapaz. Mas os vulcanos são exímios condutores de veículos de duas rodas! Ele facilmente se desviou das bombas, e uma foi acertar no helicóptero. Desorientada e já parcialmente destruída, a aeronave choca contra o blindado, e explodem ambos de maneira espectacular!

*KA-BOOM!*

O miúdo passa pelos destroços ardentes dos veículos, fazendo “cavalinho” com a bicicleta. Mas, inesperadamente, bate com a roda traseira no lancil do passeio e cai desamparado. Chora baba e ranho, chamando pela mãe, mas vendo que não aparecia ninguém para o socorrer, lá se levanta e retoma o caminho.


Um e-mail

Quando cheguei a casa, tinha uma nova mensagem no correio electrónico. Nela estava uma história difícil de acreditar, mas que faz TODO o sentido! Ora vejam:

Chamo-me Tenzin Gyatso, mas sou mais conhecido por Dalai Lama. Criei este nome com a ajuda dos Vulcanos.
Combinámos que eles ficariam encarregados de enviar jovens, para todos os cantos do Mundo, que pudessem recolher e-mails, moradas e até faxes de pessoas que percebessem a mensagem subliminar “A lad. A mail”. Através deles tornaria públicas as atrocidades de que tomei conhecimento!

Não o podia fazer de outra forma, porque as autoridades policiais e militares chinesas não me deixam contactar ninguém, seja porque meio for! Tudo o que digo em público, são textos escritos por eles, de modo a encobrir o que se passa no nosso Planeta, principalmente no Tibete e em Portugal! Sim, em Portugal, caro amigo!

Decidi contactar os Vulcanos, pois percebi que eram os únicos seres no Universo que nos poderiam ajudar. Num episódio extra do Caminho das Estrelas, que só eu vi e por mero acaso porque estava a dar fora do horário habitual, mostrou que os habitantes do planeta de Spock desenvolveram um receptor de pensamentos, que abrange todo o seu sistema solar.

Toda a minha vida estudei ciência e consegui, em 20 anos de trabalho, construir um emissor/receptor que fizesse chegar as minhas ondas cerebrais a Vulcano. Com a ajuda de um cirurgião amigo, instalei-o no meu próprio cérebro. Simulei um acidente de mota e tudo, para ele me poder operar sem que as autoridades da China desconfiassem!

Agora estes nossos amigos extraterrestres fazem de pombo-correio entre mim e si, Lunático, escrevendo-lhe as minhas ondas cerebrais, e enviando-me, directamente para a mente, as suas respostas.
Tal como o fizeram entre mim e o seu conhecido, o Gonçalves!

Ele não deve ter sido o primeiro a descobrir a mensagem por detrás do meu falso nome, ou título como consta, mas foi o primeiro a ter sucesso em dar o seu e-mail a um vulcano. Ou então o vulcano é que foi o único que conseguiu transmitir para o seu planeta. Algo assim…
O Gonçalves falou-me de si. Contou-me que poderia publicar tudo o que sei, num blog de nome Imperialium. Ele prometeu-me pô-lo ao corrente do assunto. Agradeça-lhe por mim, se ele ainda viver.

Bem! Vou então contar-lhe tudo o que sei (a si e a todo o País, pois espero que publique isto). Aviso que serão más notícias.


Um e-mail (continuação)

Ainda antes do Homem existir, já os habitantes inteligentes em Marte, os Moto-Ratos, tentavam invadir a Terra. Guerrearam com os dinossauros, a espécie terrestre inteligente e dominante naquela era, e conseguiram extingui-los não se sabe bem como. Mais tarde criaram um satélite artificial, que na realidade era uma fábrica de queijo gigante, tendo também queijo como cobertura. Puseram-na em órbita da Terra.

O Homem começou então a chamá-la de Lua, ignorando tudo a seu respeito. Passaram a vê-la como um candeeiro natural, uma fonte de luz nocturna e uma fiel companheira nas noites de caça. Nunca desconfiariam que a Lua era, nada menos, que uma letal arma criada contra a Humanidade!

E não digo isto em vão! Nas amostras de solo lunar recolhidas nas missões Apollo, pode-se constatar que existe lá uma substância desconhecida na sua composição química. Depois de vários testes, soube-se que essa substância estimula o desenvolvimento da inteligência dos roedores.

É neste plano audaz que entram os OVNI’s! Qual o seu papel? Ora bem… Maior parte dos objectos voadores estranhos, avistados nos nossos céus, são na realidade naves espaciais marcianas! Elas saem do seu planeta, fazem escala na Lua onde recolhem o queijo recentemente fabricado, e chegam, enfim, à Terra onde abastecem todas as empresas de lacticínios.

Exacto! O queijo não é feito através do leite de vaca, cabra ou ovelha, como nos fizeram acreditar! Vem, sim, da Lua! E, porque razão, fazem, os Moto-Ratos marcianos, isto? Para os ratos terrestres evoluírem rapidamente e nos destruírem, ou subjugarem!

Brasil e China, as duas verdadeiras potências mundiais, têm conhecimento dos planos dos nossos vizinhos espaciais. Mas, não julguem que ficaram de braços cruzados! Através de agentes infiltrados nas empresas marcianas de lacticínios, os queijos infectados são substituídos por outros, para consumo público.

Os infectados são, então, estudados em laboratório e armazenados em duas zonas do Globo que, China e Brasil, controlam especialmente bem: Tibete e Portugal!
Assim, caso os roedores nestes países fiquem perigosamente inteligentes, há sempre uma solução: riscá-los do Mapa Mundi!

Como descobri tudo isto? Bem, sempre desconfiei do facto de viaturas militares chinesas virem carregadas de queijo e guardarem-no todo nos nossos mosteiros. Depois, tive a sorte de interceptar uma corrente de mensagens ultra-secretas. Elas faziam-se com papelinhos no interior de vários sabonetes da Dove. Assim soube de tudo!

Com a ajuda de vários cientistas meus compatriotas, fizemos alguns testes em laboratório. Demos, diariamente, uma forte dose da tal substância a diversos ratos. Fique a saber que, em duas semanas, um dos roedores já falava. E, passado apenas um mês, todos citavam Shakespeare!


A polícia secreta Chinesa apercebeu-se do desaparecimento dos sabonetes, que supostamente deviam ser enviados aos aliados brasileiros. Eu não me preocupei com a possibilidade de eles descobrirem, porque pensava que ia conseguir revelar ao Mundo toda a verdade, a tempo. E teria conseguido, de facto, se um dos cientistas que me ajudou não fosse um agente duplo!

Fui apanhado, juntamente com todas as pessoas que me ajudaram e que sabiam de tudo. Têm, então, nos mantido calados. Só não me eliminaram logo para evitarem conflitos com o povo do meu país. Mas eles não são tolos! Aperceberam-se que algo se passava de estranho e, aliando isso ao desejo de liberdade, têm se manifestado e até revoltado ultimamente, como se sabe.



Um e-mail (continuação da continuação)

Quanto a Portugal, nada tinha sido descoberto pelos seus habitantes, até ter contactado ontem com o Gonçalves. E, isso, graças a planos meticulosamente engendrados pelos brasileiros desde há décadas, aliás, séculos até!
Vejamos:

1º Guerra Civil Portuguesa (1834): Liberais vencem, como o apoio do Brasil, e extinguem a Ordem dos Franciscanos, ficando logo com conventos livres para o armazenamento do queijo.

2º Criação do Futebol (1860’s): Pensavam que tinham sido os ingleses, não era? Na realidade foram os brasileiros, com a ajuda da China e do Japão, que o criaram. E, devido a este desporto, consegue-se distrair maior parte da população masculina, tanto em Portugal, para que não reparem nos queijos em demasia, como no resto do Mundo.

3º Telenovelas (1950’s): Com a maior participação da Mulher na vida social, foi preciso os brasucas inventarem outro tipo de entretenimento para adormecerem, desta vez, a capacidade intelectual das senhoras portuguesas. Ou não fossem elas ver – ao contrário dos maridos que, só tinham a bola na cabeça – que algo se passava de errado. Pois, nos conventos havia um cheiro a queijo que não se podia e os ratos já viviam em sociedade e andavam a caçar gatos, com arco e flecha.

4º Retirar das favas e brindes dos bolos-rei (1990’s): Os estrategistas do “País Irmão” do vosso vêm que há algum desinteresse pelo futebol e telenovelas, nas novas gerações. Decidem, então, fazer desaparecer as tradicionais favas e brindes dos bolos em questão, deixando os portugueses a meditar sobre o assunto.

5º Invenção de casos e notícias polémicas/ Exploração dos Media (finais de 1990's até agora, principalmente): Vacas loucas; quedas de pontes; meningite; gripe asiática (com a ajuda da China); pneumonia atípica; crise económica; nitrofurano nas galinhas; pedofilia; gripe das aves; desaparecimento da Maddie Mccan; mosquito dengue, etc.
Tudo minhocas que metem nas vossas cabeças, para vos ocultar a realidade!



Um e-mail (conclusão)

Como vêm, temos sido enganados durante todo este tempo. Não nos devemos revoltar, empreendendo ataques bélicos contra as duas grandes potências. Nem tínhamos hipóteses se o fizéssemos… E afinal, Brasil e China estão a fazer o que acreditam ser o melhor para a Humanidade.
Proponho, sim, a exterminação de todos os roedores nos nossos países, a destruição dos queijos e a criação e montagem de foguetões no nosso subsolo. Estes arrancarão Portugal e o Tibete deste Mundo injusto! Voltaremos as costas a todos e iremos pelo espaço fora em busca de um novo Planeta, onde possamos aterrar e viver felizes, em paz.


Fiquei ainda a olhar para o monitor, chocado com o que tinha acabado de ler. Ouço uma voz, vinda da minha camisa, a dizer o seguinte:

Botão Encarnado: “Txé! Este Dalai Lama é maluquinho de todo! Marte dava era cabo da gente se levantássemos voo da Terra!”


Domingo: “Horóscopo Semanal, pela Madame Saraiva”
Terça: “Lunático Enfrenta Basiliscos e Caracóis Gigantes da Nª Dimensão”
Quarta: Caracóis não gigantes e deliciosos, a metade do preço, na tasca do Zé

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