segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A Saga da Lua

Um lobo chamado Skor e uma troll chamada Unga

A minha primeira reacção foi correr em direcção a aldeia e perguntar o que tinha acontecido mas as minhas forças são rapidamente sugadas pois quando eu tento correr com a minha cauda agarrada pela azulinha. Cai por terra e ela agarrau-me pelo pescoço, puxando-me para perto dela.

Unga: não é boa ideia, pequeno, os inimigos ainda podem estar por perto.
Skor: chamastes-me o quê?
Unga: eles vêm do sul, já destruíram duas aldeias da minha raça e quem sabe quantas outras de homens. Eu tenho medo pequeno.
Skor: eu não sou pequeno, porra!
Unga: dizem que são homens urso. Eu não sei onde acaba a historia e começa as fabricações do medo, dizem que são metade homens metade ursos, que destroem tudo o que aparece pela frente e quanto atingem um grande prazer em batalha eles transformam-se completamente em ursos e que comem sem lavar as mãos.
Skor: isso não parece assim tão mau…
Unga: não?
Skor: não, ursos não são assim tão perigosos, são chatos sim, mas uma ou duas mocadas e…

A minha conversa é interrompida por um grande rugido por detrás de nós, olho para trás enquanto a Unga arrasta-se, assustada, pelo chão para trás de mim. Um homem alto e forte vestido em pele de urso e com garras do mesmo animal a fazer de arma avança sobre nós.

Homem-Urso: yo dama! Chilloutes isto aqui estás entre sócios.
Skor: ela não quer nada contigo, afasta-te.
Homem-Urso: ei, sócio, vê lá se não queres que te leve lá fora.
Skor: não sei se me ouvistes verme! Vai-te embora antes que eu te faça arrepender de ter saltado da árvore que te gerou.

O Homem-urso fica possesso de fúria e avança sobre mim rápida e monstruosamente sedento de sangue, eu tento pensar rápido, mas muito mais rápido que eu – como também extremamente misterioso – são os desígnios da natureza e antes que o aspirante de urso me pudesse atacar ou eu ataca-lo, uma arvore cai sem explicação alguma em cima do homem-urso esmagando-o.

Skor: Azulinha, estás bem?
Unga: estou, apenas estou assu… azulinha?
Skor: ah… uh… er…
Unga: não precisas de ficar assim Skor, achei piada.

Ela sorria para mim e eu, se eu tivesse lábios, aposto que também estaria a sorrir. Achava estranho, uma, uma fosse o que ela fosse, acarinhar-me tanto como se fosse um familiar, ou um amigo. Mais estranho, é que ela parecia conhecer-me apesar de não saber quem eu era e admito, era difícil não sentir também carinho por ela assim como era difícil não sentir uma leve comichão na orelha que me obrigou a usar a minha pata para me coçar.

Mas a nossa situação não passou despercebida, vários aldeões aproximaram-se de nós ajudando a Unga a levantar-se e ficando estáticos a olhar para mim não sei o que fiz, mas algo teve de ser para levantar a admiração e o medo que via nos seus olhos, a situação estava a tornar-se embaraçosa e outra vez vi-me forçado a recorrer á velocidade de pensamento para escapar desta situação, mas repetindo-se algo acontece cortando-me o pensamento e fazendo mover a historia. Um ser bastante alto mas encurvado, sustentando-se num cajado e com as formações ósseas bastante maiores fazendo lembrar hastes, irrompe pela multidão e lança-se aos meus pés, a Unga corre rapidamente ao seu encontro e agarra-lhe no braço, apesar de me parecer alta não se comparava á criatura que se encontrava prostrada diante mim.

Velho: salvastes a minha filha! Como é que alguma vez te poderei pagar.
Skor: eu… eu não quero nada.
Velho: tolices! Tenho uma divida para contigo que ultrapassa qualquer riqueza que possas pedir, portanto pede qualquer coisa! Até a minha vida te darei.
Unga: …guarida…

O silêncio devastador transforma-se num burburinho incomodativo, não conseguia perceber o que se passava, porque é que esta gente estava tão perturbada com a minha presença e porque é que o pedido da Unga causou tantos comentários por parte do povo, para alem do mais, como é que este velho se apercebeu que eu conseguia falar e o que raio ela queria dizer com pequeno?

Velho: … filha?
Unga: ele está sozinho, defendeu-me e nós sabemos o quanto ele é importante para nós, portanto pai, eu peço-te… já agora, o que é o jantar?
Velho: moelas.
Unga: gostas de moelas pequeno?
Skor: gosto sim!
Velho: então está decidido.

Afirmou o velho levantando-se com um fulgor que não assentava nada com a sua idade.

Velho: Este nobre lobo irá permanecer em minha casa e será tratado como membro da minha família pois está sobre minha guarida. E se alguém o tratar mal, é como se estivesse a tratar mal a minha família, pois eu decidi guardar este rapaz. Portanto não o tratem mal, pois ele é da minha família e…
Unga: pai, estás a divagar

Um maior clamor ergue-se da população, não conseguia perceber se os murmúrios eram bons ou maus mas pelo meio lá se ouvia um daqueles seres a gritar: “vamos morrer!!!” e em seguida a entrar em combustão instantânea e correr pela aldeia pondo mais algumas casas a arder antes de cair por terra. Com esses novos fogos os aldeões lançam-se outra vez aos trabalhos que faziam após o ataque, enquanto que eu, era levado por esta nova família para o que iria ser a minha casa.

A casa era maior que as restantes, o que parecia indicar que também a posição social desta família seria superior aos outros. E apesar de tudo a casa era muito simples, tinha um grande salão na entrada, com vários bancos compridos em volta de uma fogueira com um grande caldeirão por cima, e em volta deste salão estavam bastantes portas que eu assumi que levassem para os diferentes quartos. Mas agora estava na altura de conhecer a família.

Foram-me apresentando algo lentamente os membros daquela família, o velho que me tinha oferecido guarida era o senhor da aldeia de nome Yorgsh, duas mulheres vieram receber-me, uma delas chamava-se Kandia, era esbelta, de cabelo cinzento, um pouco mais alta que Yorgsh, as formações ósseas no seu corpo eram leves e comparadas a outras que tinha visto, quase imperceptíveis, era a tia de Unga que habitava com o seu irmão porque nunca tinha procurado alguém que a desposa-se, a outra senhora era a mãe de Unga, era uma mulher forte, com o cabelo igual á sua filha, mas repleto de tranças, o seu nome era Urnia.

Mais tarde cheguei a conhecer dois irmãos de Unga, um chamava-se Bron mais novo e tinha uma figura nada parecida com o seu pai ou sua mãe, fazia mais lembrar a tia apesar do cabelo ruivo mostrar de quem era filho, o ultimo rapaz, era tão alto quanto o pai e era uma parede de músculos e de osso, segundo me contavam seria ele o próximo líder da tribo e chefe das tropas da aldeia e tinha pelo nome de Grizaldo.

Bron: mas eu posso ficar com ele?
Yorgsh: não! Já te disse que ele é da tua irmã.
Unga: pára de o tratar como um animal de estimação.
Yorgsh: desculpa filha eu…
Urnia: a miúda tem razão, porque é que tens de estar sempre a...

Eu estava a ser o catalisador de uma discussão que nem compreendia porque acontecia. No entanto, num acto de benevolência, o membro da família mais prometedor na sucessão da sua família, interveio por mim, calando toda a sala.

Grizaldo: chega de discussão! Não vamos estragar um momento por causa de uma coisa estúpida, ele salvou a minha irmã e por isso estou-lhe eternamente grato.
Yorgsh: esse discurso era meu!
Kandia: Cala-te Yorgsh! O teu filho tem razão e não venhas gerar mais confusão por causa disso. Já bastou da outra vez por causa das peúgas!
Urnia: pois bem, mas nós não temos cama para onde ele dormir.
Kandia: tratamos disso depois, ainda temos de ir arranjar carne para o jantar, Unga, vens connosco
Yorgsh: mas aquele era o meu dircurso.
Unga: eu não queria deixar o Skor sozinho.
Skor: não te preocupes eu enrosco-me ai num canto.
Grizaldo: não te enroscas nada! Vens comigo e o meu irmão, a gente mostra-te ai as coisas.

Assim foi decidido e assim foi feito, a Unga despediu-se de mim e cada um de nós for para o seu lago, os dois rapazes mostraram-me todos os locais influenciáis da região. O terreno de treinos, o campo de arco, a casa de uma antiga vidente, a loja de gomas, o poço, local que me chamou muito a atenção e uma taberna. Segundo os rapazes me disseram, precisavam de ir buscar umas coisas á taberna e então entramos. Era um local acolhedor, mas não me está a apetecer fazer uma grande descrição, portanto eles sentaram-se no balcão e eu enrolei-me perto dos pés do Bron, nisto um outro rapaz de aspecto galante com uma estrutura óssea finíssima e um sorriso de orelha a orelha aproxima-se dos meus dois companheiros e cumprimenta-os.

Rapaz: então caros amigos, Bron, Grizaldo, como estão neste belo dia?
Grizaldo: nós não somos teus amigos Torg, tu só estás a falar connosco porque queres saltar para cima da nossa irmã.
Skor: frio.
Torg: uh, o cão fala! Então foi este rafeiro que salvou a vida á delicada Unga?
Skor: ei!
Grizaldo: enfia um urso vestido de ananás nessa boca minha besta, este “rafeiro” como tu dizes, fez algo que tu nunca farias e foi defender a minha irmã contra um homem-urso.
Torg: pois claro! Defende o rafeiro quando eu poderia ter-me safado muito melhor.
Brom: Torg, vai dar uma volta, ou vai haver problemas.
Torg: vejo que vocês são tudo menos cavalheiros, portan…
Grizaldo: não é o que eu digo? Olha-me para esta flor a falar, como é que isto pode alguma vez desposar a nossa irmã? Não concordas Skor?
Torg: que rudes…
Skor: eu não tenho muito a dizer, apenas não gosto das coisas que ele me chama.
Torg: o único que gatinha aqui és tu!
Skor: não por muito tempo.

Não é preciso dizer muito, começou uma rixa e este indivíduo de nome Torg saiu de rojo pelo chão a gatinhar e a chorar que nem um bebé a chorar pela mãe, claro que foi dois contra um e foi desequilibrado, mas pelo que parece o Grizaldo também não gostava dele, mas mal de tudo, parecia que ele andava interessado pela Unga. Espero que não tenha feito algo para a chatear.

3 comentários:

Anuket disse...

O skoooor gosta da Unga, O Skor gosta da Ungaaaa...!!!!:P
Aguardo ansiosamente a continuação!Já começo a visualizar a aldeia e tudo e a construir um cenário na minha cabeça!
continua por favor!

boa postada!

Anuket*

Nerzhul disse...

Eu vou ser sincero. Estava a gostar mais do post até à altura em que foram apresentadas uma data de personagens em apenas dois parágrafos. A partir daí custou mais a seguir a história, mas isso pode ser culpa da minha massa cinzenta ter encolhido temporariamente depois de acabar o semestre.

Vê lá se fazes com que a surpresa valha a pena.

Bom post!

Lunático disse...

Tenho ideia que gostei mais deste ainda do que do primeiro post da série. Então aquela parte da combustão espontânea foi brutal!

E já agora, porque é que toda a gente associa ursos a "drédes"? Aposto que há muito urso que anda engravatado e a falar disfarçadamente de maneira educada para não serem detectados. Pois parece que quase todos os membros da BAU pensam que eles são necessariamente rappers.

Parece-me que me deixei divagar por alguns segundos... Bem, bom post!