terça-feira, fevereiro 24, 2004

Apetece-me contar histórias

A história que vou contar de seguida, aconteceu-me no sábado passado, dia 21 de Fevereiro de 2004 entre as 19h00 e as 19h45.
Sábado é o dia da semana que a minha irmã de 11 anos dedica inteiramente à sua crença religiosa em Deus e se comporta como a Cristã Católica que é. De manhã tem Catequese, indo de seguida aos Escuteiros, também católicos (aos quais pertence há cerca de 2 meses) e, finalmente, assiste à Eucaristia na capela.
Acontece que este sábado, devido ao tempo desfavorável que se verificava, os acontecimentos não se desenrolaram conforme previsto, e devido a certos factores secundários, tive de ir buscar a minha irmã após o final da Missa. Vocês são capazes de estar a pensar que eu fiquei chateado com isto, mas na realidade até fiquei bastante satisfeito com a ideia, isto porque não tinha nada para fazer em casa, estava uma noite agradável, já tinha parado de chover, e o caminho para a igreja é também ele bastante esplêndido (extremamente sombrio e com muita vegetação de ambas as margens da estrada).
Acontece que de um momento para o outro, mal acabara de sair de casa, começa a chover. Chovia tanto, que parecia que as nuvens tinham estado à espera que eu saísse de casa para descarregar tudo em cima de mim. Voltei para trás, agarrei num guarda-chuva, e voltei a sair, fazendo-me ao caminho. Estava quase a chegar à capela (que fica a cerca de 15 minutos a pé da minha casa) quando comecei a ser apedrejado pelas nuvens. De facto, estavam a chover tão descomunais pedregulhos de granizo, que eu temo que se não fosse o meu guarda-chuva, o escudo a que devo a vida, não teria subsistido a tal investida da Natureza. Quando cheguei à capela parou de chover e ainda tive de esperar um pouco pelo término da Missa, enquanto contemplava o chão, outrora castanho, que se encontrava branco, devido à alva cor do gelo.
É forçoso dizer que após o final da Missa, todos os Escuteiros se reúnem no átrio da capela para aquilo a que chamam de “Formação”, em que cada patrulha enuncia o seu grito de uma forma tremendamente assustadora e exageradamente aborrecida, profere o “Ave-Maria” e mais umas coisas de extrema importância que, infelizmente, não se apreendem muito bem quando ouvidas do lado de fora do muro que circunda o pátio da capela. Inexplicavelmente, assim não aconteceu no sábado passado. Eu fiquei extremamente chocado quando, ao perguntar à minha irmã se eles não iriam “formar”, ela me respondeu com um simples e seco “Não” ao que acrescentou “Hoje parece que não”.
Regressei pelo caminho a matutar nas causas que levaram a que a grande exultação dos valores de Escuta não tivesse ocorrido esta semana, e fui confirmando-as com a minha irmã. Chegámos ambos à brilhante conclusão que tinha sido por causa das condições meteorológicas adversas.

Oração de Escuteiro
“Senhor Jesus, ensinai-me a ser generoso, a servir-Vos como Vós o mereceis, a dar-me sem medida, a combater sem cuidar das feridas, a trabalhar sem procurar descanso, a gastar-me sem esperar outra recompensa,”
mas se por acaso 'tiver um tempo de meter medo, livrai-nos de todo esse trabalho estúpido. ” Se não saber que faça a Vossa vontade santa,
Amén.“


Apercebi-me então que a minha irmã, todos os seus coleguinhas e todos os seus chefes tinham dado uma fraca prova de Escutismo e de responsabilidade Santa. Eu próprio, acarretando a minha responsabilidade de ir buscar a minha irmã na ausência dos meus pais, fui mais escuteiro que todos aqueles que meteram o rabo entre as pernas e pensaram assim “Oh Deus d'uma figa! Ai queres adoração? Acaba com este malfadado Inverno porra! Depois logo se vê a tal adoração!!”.
Como se isto não bastasse, descobri que a minha irmã precisava de uma vara, para um outro acontecimento de importância colossal, mas que de momento não me ocorre qual. Ora bem, sabendo disto, eu perguntei à pequena escuta onde iria ela encontrar tal objecto, ao que ela me respondeu a resposta de fábrica, ou seja, disse-me que não fazia a mínima ideia. Então perguntei-lhe onde tinham os seus chefes ido buscar a vara deles, ao que ela me respondeu, perante a minha perplexidade e assombro, que tinham arrancado a uma pequena árvore.

"6ª lei do escuta - O Escuta protege as plantas e os animais."

Belo exemplo que os chefes dão às pequenas crianças, forçando-os desde pequenos a arrancar ramos às árvores e, pior que isso, desrespeitar leis impostas pelo grupo, que um dia se tornará na sociedade.
Foi assim o final da minha tarde de sábado. Se eu tivesse dito no início que a história não iria ter interesse nenhum, reduziria drasticamente o número de leituras desta, de 2 para 0,24. Foi por isso que não o fiz. Só para que conste, tudo isto que foi contado aqui é verdade, incluindo a oração (que se encontra neste site) e a lei, que faz parte de um conjunto de 10 leis que pode ser encontrada neste site. Todos os escuteiros são obrigados a decorar tanto as leis como a oração, e a minha irmã também teve de o fazer.

NZL

P.S.: Frase do Dia: "AH! O meu tem o do Cavalo!!"

0 comentários: