segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Caos

Quero começar por dizer que estou num profundo, inexplicável estado de depressão, e aproveito este estado para escrever o que estou a sentir neste momento, com a consciência que amanhã, quando ler isto, não fará qualquer sentido, e não conseguirei voltar a escrever algo semelhante; para tal me levantei, logo após me ter deitado, da minha cama, que já quente, contrasta com o frio que estou a sentir agora, a escrever enquanto tremo, em frente a um monitor que já se encontra mais quente que eu próprio.
Odeio esta vida. Não sei se a odeie mais do que a Humanidade da qual faço parte, tendo consciência que não sou melhor que ela. Toda a Humanidade vive essa vida, uma vida em vão, debalde, que se vive somente para se viver, sem que no entanto a palavra “vida” assuma qualquer significado relevante com esse propósito, o insignificante propósito de viver. Não sou melhor que o resto da raça humana na medida em que vivo esta vida como um fingido. Escondo o que penso e sinto da maioria das pessoas com quem lido atrás de um sorriso ingénuo, o que é compreensível, visto que é melhor para eles e para mim; e na realidade inexplicável, porque pouca gente me conhece realmente, levando-me a apelidar-me de incompreendido, como se de tal me tratasse. Não que toda a Humanidade seja assim. Tenho consciência que das poucas pessoas que lerão esta mensagem, nenhuma a compreenderá totalmente, ou sequer parcialmente (não me torna isso um incompreendido?). Sinto também que por muita gente que a lesse, a grande maioria iria rejeitá-la e ignorá-la após as primeiras linhas, mas não censuro essas pessoas. Censuro somente as que ignoram esta mensagem para de seguida ler uma outra, sem conteúdo, mas com apelativos poemas de autores célebres, ou com poemas de gente que, por muito que lhe custe, é completamente desconhecida, e que escreve com a hipocrisia, no seu estado mais puro e nocivo, na ponta dos dedos.
De que serve afinal esta vida? Não encontro a diversão que não me foi prometida quando me não convidaram para a viver. Será o objectivo desta vida.. viver? É esse o objectivo? Dizer que se vive e acabou? Ou dizer que se deixou marcas profundas, como feridas provocadas por garras afiadas, na vida de certas pessoas ou no próprio planeta que exploramos? No final, nada disso interessará, visto que tudo o que começa tem um fim, mesmo aquilo que começa sem explicação lógica e sem motivo aparente. Senão, de que interessará, depois da deplorável raça humana estar extinta, quantos awards ganhou a estrela xpto no ano de 1900 e troca o passo? De que interessará que Marte tenha tido lá umas sondas que não funcionaram.. e outras que mandaram umas fotografias inexpressivas? De que interessará o dinheiro possuído pelo homem mais “rico” do mundo? De que interessará que um certo terrorista tenha matado 2000 e tal pessoas num atentado, devido a um capricho de ordem religiosa? De que interessará que tenha existido vida num planeta pálido e insípido? DE QUE INTERESSARÁ QUE NÓS, A GRANDE CRIAÇÃO DE DEUS, (A SUA PRÓPRIA IMAGEM!!) TENHA ALGUMA VEZ EXISTIDO??????

Nada. Rigorosamente nada. Cada um de nós é um ínfimo ponto no Universo que vive, morre e acabou: era uma vez.. É triste.. mas é a verdade: nada disto valeu a pena..

NZL

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